Yoandy Leal e o vôlei brasileiro: uma história de dedicação e luta
Um brasileiro de raízes cubanas. Este é Yoandy Leal, o primeiro jogador nascido em outro país a defender a seleção brasileira de vôlei masculino. O caminho para chegar lá não foi fácil e exigiu paciência e dedicação. Algo que não falta ao gigante de 2,02 m de altura.
Tudo começou na cidade de Havana, capital de Cuba, onde Leal nasceu em 1988. Filho de professores, ele deu os primeiros passos no vôlei quando tinha 12 anos ainda na escola, já chamando a atenção dos professores.
O talento nato levou Leal às categorias de base da seleção cubana, pela qual estreou em 2007 no Mundial Sub-21. Três anos depois, já defendia a equipe principal e foi vice-campeão mundial perdendo a final para o Brasil.
Dali em diante, a vida de Yoandy Leal mudaria totalmente de rumo. E seria justamente o Brasil o palco dessa nova história.
Depois do vice-campeonato mundial em 2010, Leal decidiu deixar Cuba, incluindo a seleção. O jovem atleta optou por tomar novos rumos e o destino escolhido foi o Brasil. Ele assinou contrato com o Cruzeiro, mas precisou cumprir uma quarentena de dois anos imposta pelo governo de seu país a atletas que deixassem a Ilha.
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Passagem histórica pelo Cruzeiro e cidadania brasileira
A parceria entre Leal e Cruzeiro não poderia ter sido melhor. Liberado para jogar, o ponteiro ficou no clube mineiro de 2012 a 2017, conquistando nada menos do que 25 títulos. Destaque para os cinco troféus da Superliga e os três do Mundial de Clubes.
Nesse meio tempo, sem poder defender a seleção de Cuba por jogar em outro país, surgiu a proposta da naturalização, para que ele pudesse ter a oportunidade de jogar pela seleção brasileira - algo que nunca tinha acontecido até então.
O processo foi novamente demorado. Além da permissão de ambas as federações, brasileira e cubana, ele precisou também de autorização da Federação Internacional de Vôlei (FIVB), que veio em 2017. Há de se ressaltar que tal autorização só é concedida para jogadores que têm algum tipo de vínculo com o país pelo qual gostaria de jogar.
Mais uma vez, Leal precisou passar por uma quarentena de dois anos antes de poder ser convocado pela seleção brasileira.
Durante esse período, a grande carreira construída no Brasil o levou Leal à Europa. Em 2018, foi contratado pelo italiano Lube Civitanova, clube em que foi duas vezes campeão nacional e ainda conquistou o título da Champions League.
A primeira convocação de Leal para seleção brasileira
Yoandy Leal estava apto à convocação a partir de abril de 2019. Apesar de uma certa resistência de alguns jogadores, ele foi chamado por Renan Dal Zotto para a seleção brasileira pouco tempo depois. Com isso, se tornou o primeiro estrangeiro a jogar pelo time.
A estreia foi na vitória sobre a Austrália na Liga das Nações, quando anotou 14 pontos. Naquela edição do torneio, porém, o Brasil ficou apenas em quarto lugar. Mas o cartão de visitas de Leal estava dado - e foi muito bem-vindo.
Os meses seguintes não foram os melhores, uma vez que a pandemia de Covid-19 suspendeu as competições. E o retorno aconteceu justamente em ano olímpico.
Leal quer mais em Paris 2024
Depois de vencer o Campeonato Italiano pela segunda vez e trocar o Civitanova pelo Modena, Leal foi convocado novamente para defender o Brasil na Liga das Nações. Desta vez, porém, o desfecho foi diferente: a seleção conquistou o título inédito.
Semanas depois, o cubano-brasileiro recebeu a melhor notícia possível: a convocação para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. O Brasil, porém, acabou perdendo na semifinal e na disputa do bronze, terminando na quarta colocação depois de ser ouro na Rio 2016.
Apesar do resultado abaixo do esperado, Leal conquistou seu espaço de vez na seleção brasileira. Desde então, tem sido figurinha carimbada nas convocações tanto de Renan, quanto de Bernardinho, que reassumiu o comando do time após o Pré-Olímpico de 2023 e o chamou para a disputa da VNL deste ano.
Agora ele terá a oportunidade de defender novamente o Brasil em mais uma edição de Jogos Olímpicos. Em Paris 2024, aos 35 anos, Yoandy Leal tem a chance de escrever seu nome na história do país que o acolheu - e que seja uma história dourada.