Nyeme, um nome que veio para ficar no vôlei brasileiro

Por Mateus Nagime
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Nyeme é observada por José Roberto Guimarães em jogo da seleção feminina de vôlei do Brasil na Liga das Nações (VNL) 2024
Foto por Volleyball World

Nyeme pode ser um nome que causava certa estranheza, mas cada vez mais está entrando no vocabulário do fã de esporte do Brasil. Segundo o Censo 2010 do IBGE, menos de 20 pessoas no Brasil se chamam Nyeme. Mas pode ser que no futuro esse panorama mude! E tudo culpa da seleção feminina de vôlei do Brasil. A líbero Nyeme Victória Alexandre Costa Nunes, mais conhecida como Nyeme Victória, ou simplesmente Nyeme, tem sido um dos destaques do Brasil na Liga das Nações de Vôlei (VNL) 2024.

Após as duas primeiras semanas na competição, o Brasil segue invicto após oito jogos. A terceira e última semana da primeira fase começa nesta terça-feira, 11 de junho, e o Brasil entra em quadra às 9h30 da quarta-feira, dia 12, contra a Polônia, em um duelo de invictos. O torneio serve como definição do ranking que distribuirá as últimas vagas Olímpicas no vôlei feminino. O Brasil já obteve sua cota para os Paris 2024 através do pré-Olímpico.

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Vice-campeã mundial em 2022, e um dos novos rostos da seleção feminina de vôlei, Nyeme espera estar na seleta lista de 12 jogadoras escolhidas pelo técnico José Roberto Guimarães para os Jogos Olímpicos Paris 2024. Ela é uma das duas únicas nordestinas na lista de 30 inscritas pelo técnico para a VNL. A outra é a veterana Dani Lins, que ainda não foi chamada para nenhum jogo na fase preliminar.

Foto por Confederação Brasileira de Vôlei (CBV)

Nyeme se destacou no Maranhão e como ponteira quando jovem

Nascida em 11 de outubro de 1998, em Barra do Corda, Maranhão, Nyeme já jogou como ponteira antes de se estabelecer como uma das principais líberos do Brasil. A relação de Nyeme com vôlei começou ainda na barriga da mãe, que joga em campeonatos locais. O lar todo da jogadora respirava voleibol, já que o pai é técnico da modalidade. Com o talento descoberto, foi para São Luís, onde foi destaque dos Jogos Escolares Maranhenses (JEMs) e atuou pela seleção maranhense.

Aos 13 anos, ela treinava no Maranhão Vôlei, mas não podia disputar a Superliga devido à idade. Ela então tomou a difícil decisão que muitos atletas precisam tomar quando crianças, e se mudou para São Paulo para disputar campeonatos de base, atuando em Barueri e em Osasco.

Neste período ela se destacou cada vez mais, sendo convocada várias vezes para seleções de base. Entre as principais conquistas estão o Sul-Americano Sub-20, em 2016 e, em caráter individual, o prêmio de melhor líbero do Mundial Sub-20 em 2017, no qual o Brasil ficou em quinto lugar.

Foi nessa época que ela precisou tomar uma importante decisão para sua carreira. Atuando como ponteira, ela virou líbero por conta de sua altura, e precisou atuar na defesa. Mas não foi uma decisão fácil. “Sinto falta de atacar. Todo treino peço para poder fazer isso, mas eles têm medo de eu me machucar. Então tenho de me contentar em ser líbero”, revelou em 2020 ao Estadão.

Vice-campeã Mundial, Nyeme espera ser convocada para os Jogos Olímpicos Paris 2024

Em 2021, veio a convocação para a disputa da Liga das Nações de Vôlei, em que o Brasil ficou com a prata. Já conhecida do técnico José Roberto Guimarães, cujo comando atuava no Barueri, ela ajudou o Brasil a levar o vice-campeonato, mas acabou ficando de fora da lista para os Jogos Olímpicos Tóquio 2020.

2022 foi um outro ano importante para Nyeme, que participou de mais uma campanha do Brasil na VNL e conseguiu estar na lista para o Campeonato Mundial, no qual o Brasil foi vice-campeão.

Em 2023, ela foi um dos destaques no Sul-Americano disputado em Recife, e foi chamada novamente por Zé Roberto Guimarães para o Pré-Olímpico, onde o Brasil obteve a vaga de forma emocionante com uma vitória sobre as donas da casa no Japão.

Conhecida como Doutora Nyeme pelos fãs, ela falou após a conquista do Sul-Americano para a Folha de Pernambuco sobre o fato de ser naquele elenco a única jogadora nascida no Nordeste. “Eu sinto muito orgulho. Todo mundo aqui sabe que eu tenho orgulho em ser nordestina. Jogar aqui no Recife é gratificante, é como estar em casa. Sei que vai ser muito importante para mim e toda a equipe jogar aqui, porque o povo daqui é maravilhoso”, declarou.