Veteranos do atletismo guiam nova geração rumo a legado de vitórias nos Jogos Paralímpicos Paris 2024
O Brasil é um dos países com maior destaque em edições dos Jogos Paralímpicos, e o atletismo é a modalidade responsável em grande parte por esse sucesso. São 175 medalhas já conquistadas, somando os pódios das provas nas pistas e no campo, sendo 49 de ouro, 70 de prata e 54 de bronze - até o momento.
Isso porque, nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, com a maior delegação em número de convocados, com 71 atletas e 18 atletas-guia, mais medalhas devem vir. Unindo atletas veteranos a representantes da nova geração, numa conjunção perfeita entre a força da experiência e o frescor dos iniciantes, o Brasil vive um momento excepcional entre atletas que têm em comum muito talento e vontade de ir além.
Não à toa, o domínio já começa a se confirmar.
O paulista Júlio Agripino obteve a primeira medalha de ouro do atletismo do Brasil ao vencer os 5.000m na classe T11 (deficiências visuais), com direito a dobradinha nacional, já que o sul-matogrossense Yeltsin Jacques ficou com o bronze.
Já o veterano Petrúcio Ferreira, um dos principais nomes do atletismo brasileiro em toda a história, confrmou a grande fase, o favoritismo, o tricampeonato na prova e o título de atleta Paralímpico mais rápido da história.
Ricardo Mendonça também brilhou como medalhista de ouro em Paris nos 100m da classe T47 (deficiência nos membros superiores), mantendo a hegemonia na prova durante o ciclo paralímpico - e ainda disputará os 200m.
Entre as mulheres, Thalita Simplício bateu as favoritas e venceu com folga sua bateria nos 400m feminino na classe T11, e está na final; a veterana Beth Gomes é um dos nomes mais aguardados nas provas do lançamento de disco e do arremesso de peso; e o público também terá a chance de acompanhar Raíssa Machado no lançamento de dardo.
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Recordes de Júlio Agripino na estreia e tri de Petrúcio Ferreira
Se o primeiro ouro do Brasil no atletismo já parecia incrível, ainda teve mais: o tempo de 14min48s85 de Agripino lhe rendeu o novo recorde mundial e paralímpico da distância, façanha importantíssima para o atletismo Paralímpico brasileiro logo na estreia nessa edição dos Jogos.
“Estou muito feliz, é muita emoção ser campeão paralímpico e quebrar o recorde mundial. Mostra a força da periferia, já que quando comecei a treinar só tinha um campinho. Mas com muita força e determinação eu consegui vencer, sempre tem altos e baixos na vida, mas agora sou campeão paralímpico. Dedico também essa medalha para o meu avô”, disse Júlio ao Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).
Diagnosticado com ceratocone, doença degenerativa na córnea aos sete anos de idade, treinava como atleta convencional do atletismo e migrou para o paradesporto por meio dos treinadores do Centro Olímpico.
“Sempre tive dificuldade para controlar a parte mental, me concentrar. Eu chegava bem condicionado, mas falhava na concentração”, contou, celebrando sua primeira medalha Paralímpica e provando que a nova geração vem pronta para somar ao time vencedor de veteramos brasileiros na modalidade.
Na outra ponta, representando a experiência e mantendo uma hegemonia que dura quase nove anos, o paraibano Petrúcio Ferreira conquistou em Paris sua sexta medalha Paralímpica, sendo a terceira de ouro, ao vencer nos 100m na classe T47 (deficiência nos membros superiores).
O velocista já havia ganho o ouro na prova em Tóquio 2020 e na Rio 2016, além de ter conquistado também o bronze nos 400m classe T47 em Tóquio e a prata no Rio. Por equipes, Petrúcio conquistou ainda a prata em 2016, nos 4x100m.
“Sou muito grato por tudo isso, agradeço quem acredita no meu trabalho. Esse ano eu venho sofrendo muito, briga interna com meu corpo, muitas lesões, me machucando muito, muita cobrança, eu me cobro muito. Isso aqui é só diversão para mim”, disse Petrúcio em entrevista ao CPB.
Ciclo histórico
Das vagas obtidas para Paris 2024, 37 vieram após a participação no Mundial de Atletismo de Paris, em junho de 2024, quando o Brasil conquistou 14 ouros, 13 pratas e 20 bronzes, alcançando a segunda colocação no quadro geral de medalhas, ficando atrás apenas da República Popuar da China, que terminou à frente por ter obtido mais medahas de ouro na competição.
No Mundial de Kobe 2024, que também contou para a lista final de convocados, os brasileiros conquistaram o maior número de ouros da história do país na competição, com 19 pódios dourados, superando as 16 vitórias registradas na edição de Lyon 2013.
Com um desempenho crescente a cada edição dos Jogos Paralímpicos, o Brasil se consolidou entre os dez países de maior destaque ainda em Pequim 2008, quando terminou com 47 pódios – 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes –, na nona colocação.
Em Londres 2012 o número geral de medalhas caiu, mas o de ouros aumentou, colocando o país em sétimo lugar no quadro de geral com 21 ouros, 14 pratas e 8 bronzes. Nos Jogos Rio 2016 o número de pódios teve um salto impressionante, com 72 medalhas no total. Em Tóquio 2020 o país voltou à sétima colocação, com o mesmo número de pódios do Rio, e recorde de ouro: foram 22 vezes em que os brasileiros ocuparam o lugar mais alto no pódio, no Japão.
Veteranos guiam os novatos rumo a legado de vitórias
Veterano do atletismo brasileiro e um dos atletas responsáveis por colocar o país entre as potências do esporte, o velocista Petrúcio Ferreira, tetracampeão mundial nos 100m da classe T47 (deficiência nos membros superiores), já garantiu também o tricampeonato paralímpico. Assim como no Rio 2016 e em Tóquio 2020, Petrúcio correu nos 100m e vai participar dos 400m no inidivual e também na prova do revezamento.
“Esta é a minha terceira vez nos Jogos Paralímpicos e estou mais ansioso do que na primeira. Agora, eu já sou conhecido e sei como é a cobrança, mas cheguei aqui para me divertir e tentar conquistar mais títulos para o nosso país”, afirmou ao CPB o atleta que, aos dois anos de idade, perdeu parte do braço esquerdo, abaixo do cotovelo.
Ainda entre os veteranos, a paulista Beth Gomes, de 59 anos, foi porta-bandeira da delegação na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos Paris 2024. Campeã no lançamento de disco da classe F52 (cadeirantes) em Tóquio 2020, defenderá sua medalha de ouro na capital francesa, agora na classe F53 (também para cadeirantes, mas com limitações menores).
Destemida, Beth ainda tentará o pódio no arremesso de peso. “Eu chego a Paris com toda a resiliência e com todo o treinamento que foi possível fazer neste ciclo paralímpico. Então, estou muito bem preparada e sempre digo que, independentemente da cor da medalha, quero conquistar algo para o meu país. Claro, sempre em busca da dourada. Vou para a competição com objetivos bem definidos, respeitando as minhas adversárias e sabendo que elas também treinaram muito para este momento”, disse a veterana, que foi diagnosticada com esclerose múltipla em 1993.
Engrossando a lista de favoritos à medalha de ouro em Paris está Raíssa Machado, que começou a praticar lançamento de dardo aos 12 anos de idade, foi medalha de prata em Tóquio 2020 e chega a Paris como a atual campeã da prova, título obtido no Mundial de Kobe 2024.
Próximos desafios e medalhas à vista
A lista segue com mais brasileiros que têm muito boas chances de medalha no atletismo, como Ricardo Mendonça, ouro nos 100m classe T37 (paralisados cerebrais para andantes), que ainda terá sua prova favorita, a dos 200m. Petrúcio Ferreira ainda corre os 400m no individual e no revezamento. Wanna Brito estará na disputa do lançamento de club na categoria F32 (paralisados cerebrais para cadeirantes).
No arremesso de peso classe F55 (cadeiras de rodas, sequelas de poliomielite, lesões medulares, amputações) o Brasil coloca suas esperanças em Wallace Santos e, no arremesso de peso na classe F37 (paralisados cerebrais para andantes) em Emanoel Oliveira. A potiguar Thalita Simplício disputa está a final dos 400m feminino na classe T11.
Mais surpresas devem acontecer, já que o Brasil conta com uma delegação extrensa, totalizando 71 atletas somente no atletismo. Você pode seguir acompanhando tudo no Olympics.com e também assistir aos Jogos Paralímpicos Paris 2024 no Sportv2.
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