Inspirado por Henrique Avancini, Ulan Galinski estreia no mountain bike Olímpico em Paris 2024
Ulan Galinski completou 26 anos no último dia 19 de junho. No entanto, o seu maior presente veio algumas semanas antes desse dia, com a confirmação de que seria o representante masculino do Brasil no mountain bike em Paris 2024.
A convocação para sua primeira edição dos Jogos é mais um passo dado em uma carreira espelhada em outro brasileiro: Henrique Avancini, a principal referência do mountain bike brasileiro. Antigo rival, ele se aposentou das competições em 2023 e hoje é dono da equipe da qual Ulan faz parte.
“Esse sonho não era apenas meu. Tem dezenas de pessoas que estiveram do meu lado em todo esse processo e é muito bom você poder dar essa alegria para as pessoas que colocaram tanta energia nesse objetivo. É um sonho de criança que há quatro anos se tornou um objetivo e hoje é algo que é real. Então foi um momento muito especial, um momento que eu guardarei para sempre na minha vida,” comentou Ulan ao Olympics.com.
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Filho de um francês e uma baiana, Ulan pedala desde os quatro anos de idade, mas apenas para se locomover. Em meio à prática de outros esportes como futebol, capoeira, boxe e até um circo – este último porque seus país são donos de um -, o mountain bike entrou em sua vida aos poucos.
Em 2013, ele e seus amigos começaram a fazer trilhas. O passo seguinte foi pedir uma bicicleta de competição para a família, que conseguiu atendê-lo apesar do orçamento apertado. Ao final daquele mesmo ano, Ulan ficou em sexto lugar em uma etapa do Campeonato Baiano da modalidade.
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O percurso que mudou a vida de Ulan
Ainda na dúvida sobre se seguiria como profissional, Ulan decidiu acompanhar uma Ultramaratona que aconteceria em Mucugê, a 80km de Palmeiras, sua cidade natal. O transporte? A bicicleta, claro.
O esforço valeu muito a pena, pois ele teve o primeiro contato com uma estrutura mais profissional e, de quebra, teve o primeiro contato com Avancini. Depois da experiência, ele decidiu que seguiria no esporte – em 2015, foi campeão baiano na categoria júnior.
Ulan terminou os estudos, mas teve de pedir “um tempo” aos pais para poder trabalhar e juntar algum dinheiro para custear viagens. Depois de oito meses como garçom, ele conseguiu dar início à carreira e logo apareceu uma oportunidade em uma equipe estadual.
Primeiro contrato profissional e convite de Avancini
Depois de colecionar bons resultados em 2017, no ano seguinte Ulan assinou seu primeiro contrato profissional, com a TSW Racing Team. Na temporada de 2019, ele chegou ao primeiro lugar no ranking brasileiro sub-23 de Cross-Country Olímpico (XCO).
O desempenho chamou a atenção de ninguém menos que Henrique Avancini, que o chamou para fazer parte da mesma equipe que ele em 2020. Naquele mesmo ano, ele terminou em 14º lugar no Mundial de Mountain Bike, em Leogang, na Áustria, o melhor resultado de um brasileiro na história da categoria.
Um ano depois, Ulan veria o então companheiro de equipe representar o Brasil nos Jogos Tóquio 2020, terminando em 13º lugar e fazendo história como melhor competidor do país na prova.
Foi a segunda participação Olímpica do ciclista de Petrópolis: no Rio 2016, ele terminou na 23a colocação. Em Paris 2024, o Brasil irá aos Jogos Olímpicos sem sua grande estrela pela primeira vez em 12 anos.
Em 2022, o baiano foi vice-campeão brasileiro no cross-country Olímpico (XCO), perdendo justamente para Avancini.
Agora como mentor, Avancini vê potencial
Uma das iniciativas de Avancini foi estabelecer, no início de 2023, uma equipe de mountain bike, a Henrique Avancini Racing, a fim de fomentar a formação de novos atletas e conduzi-los, dentro do país, para a elite do esporte. E um desses atletas é Galinski.
"Eu tenho o privilégio de ter ele trabalhando comigo. Tenho o privilégio de ter ele como amigo, um mentor, meu chefe. Tem cinco anos que a gente está trabalhando junto e, sem dúvida alguma, tem sido peça fundamental no meu desenvolvimento, no meu crescimento e foi uma peça muito importante nessa reta final e na conquista dessa vaga olímpica", comentou o ciclista baiano sobre ser parte da equipe de Avancini em entrevista ao Olympics.com.
Em 2024, ele alcançou a 20ª posição na prova Olímpica em Mairiporã - seu melhor resultado da carreira em etapas da Copa do Mundo. Ulan é o melhor atleta brasileiro no ranking internacional, ocupando a 32ª posição da lista em meados de junho.
Garantido em Paris, capital da nação onde nasceu seu pai, Ulan vai para sua primeira edição Olímpica amparado pela pessoa que sempre foi sua referência no esporte. E o próprio Avancini acredita muito em seu potencial:
“O Ulan é um atleta e uma pessoa muito autocrítica, assim como eu sempre fui, e acredito que eu consiga, às vezes, ajudá-lo bastante nas análises de preparação, de prova, de carreira. E ele é um garoto que está sempre muito aberto a ouvir, aprender e a crescer”, afirmou o ex-ciclista sobre o pupilo.
O Cross Country Olímpico masculino será realizado na Colina de Elancourt em 29 de julho, e o ciclista baiano espera escrever mais uma vez seu nome na página da história do esporte, sob o olhar atento de seu mentor.