Sarah Menezes assume seleção brasileira de judô com resultados expressivos
Campeã Olímpica em Londres 2012, a ex-judoca comanda a equipe brasileira desde dezembro de 2021, mesmo ano em que se tornou mãe. Sua presença tem sido vitoriosa, com o Brasil obtendo boas campanhas internacionais em abril de 2022.
O judô brasileiro, que conquistou duas medalhas Olímpicas de bronze em Tóquio 2020, tem uma nova comandante desde o fim de 2021. Medalhista de ouro em Londres 2012, Sarah Menezes assumiu o cargo de treinadora principal da seleção, e pode-se dizer que ela começou com o pé direito.
No Grand Slam de Antalya, no começo de abril, com a presença de Sarah, o Brasil conquistou cinco medalhas, incluindo um ouro de Guilherme Schimidt.
Já na última semana, no Pan das Américas e da Oceania, o país ficou em primeiro lugar na classificação geral, levando 15 medalhas (7 ouros, 5 pratas e 3 bronzes).
Sarah, Andréa Berto e Kiko Pereira são os nomes que assumiram o judô brasileiro para o ciclo que culmina em Paris 2024.
"A melhor parte é ajudar outros e misturar o que eu vivi como atleta ao que estou aprendendo agora. Tenho uma visão e, juntando esses dois mundos, quero fazer a diferença para eles", disse Sarah ao IJF.org no início de abril.
Um novo desafio junto à maternidade
"Quando eu era atleta, todo mundo sempre falava sobre tática para lutas e eu sempre fiquei por dentro disso. A CBJ (Confederação Brasileira de Judô) viu potencial em mim para ajudar a próxima geração e assim o processo começou", acrescentou a campeã Olímpica.
O convite veio em um momento atribulado da vida de Sarah. Em maio de 2021, ela deu à luz sua filha Nina.
"Depois que eu parei de lutar, era hora de ter uma família. Loic Petri [marido francês, também judoca] e eu temos uma filha agora, Nina. Acho que consigo voltar a viajar, apesar de às vezes trazê-la nos campos de treinamento, para que ela esteja no ambiente também", contou Sarah ao IJF.org.
Sua inspiração para liderar os atletas vem de duas pessoas marcantes em sua trajetória: os treinadores Expedito Falcão, que trabalhou com Sarah em toda sua carreira, e Rosi Campos, uma figura emblemática ao lado do tatame nas lutas dos brasileiros.
"Rosi sempre nos protegeu e lutou por nós, e a gente sentia isso 100%", contou Sarah. "Com ele [Expedito Falcão], aprendi o que fazer a cada dia e a nunca desistir".
No entanto, Sarah sabe que é preciso encontrar a sua maneira de orientar.
"Quero ser minha própria pessoa como treinadora, mas uso o que eles me ensinaram para construir meu caminho", disse.
Mulheres no topo também no judô
A seleção de judô tem novos nomes, mas alguns também estiveram ao lado de Sarah em Jogos Olímpicos, como a três vezes medalhista Olímpica Mayra Aguiar, por exemplo.
"Fui atleta antes e muitas vezes os treinadores diziam 'faça isso ou aquilo' e agora estou do outro lado e é bem difícil fazer os atletas entenderem. Alguns deles estavam na equipe comigo, então construir essa confiança entre nós é um grande trabalho", afirmou.
Sarah também reconhece a importância de ter cada vez mais mulheres ocupando cargos de liderança no esporte.
"Em todo o mundo há muitas boas treinadoras, mas precisamos trabalhar juntas para continuar trazendo mais mulheres ao alto rendimento. Acredite no seu poder e você consegue conquistar medalhas e ser um grande apoio para seus atletas", comentou.
Ainda há muito caminho a trilhar até Paris 2024, mas uma campeã Olímpica jamais deixará de mirar o topo do Olimpo. Ao ser questionada pelo IJF.org sobre seu principal objetivo em sua passagem como treinadora, ela não titubeou:
"Ouro Olímpico. É simples. Sempre quero o primeiro lugar!"