Roberta: do carinho na prata a peça chave na busca do ouro no vôlei

Por Sheila Vieira
3 min|
Roberta Ratzke

Valorizar o que se tem de melhor. Essa é a missão de um levantador numa partida de vôlei, e Roberta Ratzke sabe muito bem como fazer isso. Não é à toa que ela se tornou uma ‘co-titular’ na seleção brasileira, dividindo o tempo em quadra com Macris.

Nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, Roberta viralizou com a imagem fazendo carinho na medalha de prata, simbolizando toda a jornada de um atleta até aquele momento. Uma cena que representa não somente os valores Olímpicos, mas o equilíbrio marcam sua personalidade como pessoa e atleta.

“Fico feliz de ver hoje em dia algumas pessoas falando sobre esse momento. É sobre valorizar a prata, que era o que a gente tinha de melhor naquele momento”, disse Roberta ao podcast do Olympics.com neste ano.

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“Toda essa fase de quatro anos, tudo que a gente passa. Conseguir estar num grupo de 12 atletas já é uma conquista. Na Olimpíada, cada pequena coisa é uma grande conquista”, acrescentou.

Isso não significa que Roberta e a seleção se contentem com a prata. Mas se trata de ver as coisas com uma perspectiva mais ampla.

“É uma emoção muito grande saber que foi um trabalho que eu consegui, eu alcancei. Não a cor que a gente gostaria, mas foi muito suado. É gratificante quando você se dá conta do tamanho que é uma Olimpíada e do que as pessoas fazem para estar aqui. Eu sou muito grata à minha medalha”, afirmou.

Roberta entende sua posição no grupo da seleção

Desde Tóquio, Roberta foi pouco a pouco conquistando mais tempo em quadra. Na VNL deste ano, dividiu de igual para igual as funções com Macris.

“Eu entendo a minha posição no grupo, eu não creio que isso me desmotive [não ser titular absoluta]. Talvez isso me motive ainda mais”, comentou Roberta. “Se eu for a segunda levantadora, o que posso fazer melhor?”.

“Dentro disso é aproveitar as oportunidades que eu tiver, porque nessas horas a gente mostra por que está ali. Por mais que a gente queira algo, é um esporte coletivo. O pensamento precisa ser muito maior do que vontades pessoais”, opinou.

A levantadora também garante que não existe rivalidade com Macris. Pelo contrário, elas se ajudam a encontrar soluções para a seleção.

“A gente passa pelos mesmos perrengues. Então em alguns momentos estamos sempre cochichando, se ajudando, trocando alguma coisa ou desabafando”, explicou Roberta.

“Eu sempre me coloco à disposição para ajudar, assim como ela também.”

Roberta quase foi líbero e ponteira

A curitibana de 34 anos aprendeu desde cedo como buscar as vitórias e também lidar com algumas derrotas. Roberta tinha o sonho de ser líbero, atuava como ponteira quando adolescente, mas uma peneira aos 16 anos a colocou no seu destino.

“Eu brincava que não era uma ponteira forte. Mas eu adorava passar e defender”, contou. Após ser aconselhada pelo treinador Jairzinho, Roberta entendeu que sua habilidade era seu ponto forte.

“Vi que as meninas dos outros estados tinham outra força, outra potência, ainda novinhas. A partir de 2006, comecei essa transição. Foi um tempinho até eu aceitar essa paixão, mas hoje em dia eu amo o que eu faço.”

Com a prata no bolso e o ouro na mira, Roberta aprendeu todos os atalhos.