O velódromo de Izu, na prefeitura de Shizuoka, tem sido o epicentro dos recordes Olímpicos e mundiais do ciclismo em Tóquio 2020. O destaque dos primeiros três dias de competição – que dura até dia 8 de agosto, o último dos Jogos – foram as provas de perseguição por equipes.
A Grã-Bretanha partiu para Tóquio 2020 com três títulos consecutivos nos homens e dois nas mulheres, mas durante o ciclo Olímpico outras nações colocaram esse estatuto em questão. A perseguição masculina foi o melhor exemplo: os britânicos foram relegados para o 7º lugar e ainda viram a retirada do lendário Ed Clancy, que participou nos ouros de Beijing 2008, Londres 2012 e Rio 2016.
A Itália é a nova campeã Olímpica e obteve a medalha de ouro com classe, cravando um novo recorde do mundo – Simone Consonni, Francesco Lamon e Jonathan Milan, liderados pela estrela Filippo Ganna, pararam o cronômetro em 3:42.032 e tiraram mais de dois segundos ao anterior recorde que era da campeã mundial Dinamarca. Os escandinavos ficaram com a prata e levam o prêmio de consolação ao terem conseguido o segundo melhor tempo da história (3:42.198). A Austrália ganhou o bronze no duelo da Oceania contra a Nova Zelândia, duas nações clássicas da perseguição.
Três idas à pista e três recordes do mundo
Na perseguição por equipes feminina a transição foi menos radical. As britânicas dominaram na Rio 2016, com recorde do mundo na final Olímpica de 4:10.236. A marca entrou em modo hibernação até Tóquio 2020 e foi atacada logo no primeiro dia.
A Alemanha surpreendeu logo na qualificação fazendo 4:07.307, tempo ao qual respondeu a Grã-Bretanha na primeira ronda com 4:06.748. Parecia que Katie Archibald, Laura Kenny, Neah Evans e Josie Knight repunham o equilíbrio no universo, mas o que se seguiu foi extraordinário.
Franziska Brausse, Lisa Brennauer, Lisa Klein e Mieke Kröger foram à pista minutos após as rivais e rodaram em 4:06.159, mas o mais incrível é que na disputa pela medalha de ouro a Alemanha voltou a cravar o recorde: 4:04.242 – quase oito segundos menos do que na Rio 2016! Três idas à pista e três recordes do mundo para as germânicas. O bronze caiu para os EUA que bateram o Canadá, as duas seleções tinham sido prata e bronze na Rio 2016, respetivamente.
Neerlandeses acabaram com o reinado dos tricampeões Olímpicos
Desde que a França venceu o ouro no sprint por equipes em Sydney 2000 que um time campeão do mundo não era coroado campeão Olímpico nos Jogos seguintes. Os Países Baixos fizeram-no em Tóquio 2020, como foram anunciando nos últimos três anos na Taça do Mundo, Campeonato do Mundo e Europeu.
Era a medalha mais fácil de antecipar no ciclismo de pista e assim foi. Com uma seleção onde qualquer um dos quatro sprinters pode alinhar como titular – a prova é disputada por três atletas e o quarto vai alternando entre rodadas – os neerlandeses acabaram com o reinado dos tricampeões Olímpicos que recuperaram Jason Kenny, mas perderam o ouro para os Países Baixos. Harrie Lavreysen, Jeffrey Hoogland, Roy van den Berg e Matthijs Buchli venceram com 41.369, novo recorde Olímpico.
Prata para os britânicos, momento histórico para Jason Kenny que chega a oito medalhas Olímpicas, ultrapassa Sir Chris Hoy e empata com Bradley Wiggins. É também o final de uma seca que durou 85 anos para os Países Baixos na velocidade masculina – desde que Arie Van Vliet venceu o 1km contrarrelógio em Berlim 1936 que os neerlandeses não chegavam à medalha de ouro.
O sprint feminino por equipes teve um desfecho surpreendente. Após praticamente não competir internacionalmente desde que venceu o título na Rio 2016, a chinesa Zhong Tianshi apareceu em Tóquio 2020 com uma jovem e desconhecida companheira, Bao Shanju. Foi chegar, ver e vencer para as chinesas, que defenderam o ouro frente à Alemanha de Lea Sophie Friedrich e Emma Hinze, as campeãs mundiais.