Rebeca Andrade após quinta medalha Olímpica: ‘Quero cuidar de mim e mostrar uma nova Rebeca’

Por Sheila Vieira
4 min|
Rebeca Andrade

Mais um dia de ginástica artística nos Jogos Olímpicos Paris 2024 e mais uma apresentação histórica de Rebeca Andrade, com a prata no salto. Com os elementos Cheng e Amanar, os mesmos que deram a ela o título em Tóquio 2020, a brasileira dividiu o pódio com as americanas Simone Biles (ouro) e Jade Carey (bronze).

Não foi em Paris que Rebeca estreou o Yurchenko com tripla pirueta, salto que havia submetido para a Federação Internacional de Ginástica antes da competição. Na coletiva de imprensa, ela explicou por que sua estratégia foi mais segura.

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“Acho que não precisava [do novo salto]. Eu queria muito ter feito a tripla, mas ao mesmo tempo acho que não estava 100% confiante como eu estava para fazer o Cheng e a dupla e meia [Amanar], que foram bons saltos. Aí é melhor a gente garantir também (risos). Espero um dia conseguir fazer sim. Mas realmente não me dá 100% de segurança e preferi me prevenir e me cuidar”, contou.

Caso tivesse feito a tripla pirueta, Rebeca teria o elemento com seu nome no código de pontos, o que seria inédito para ela. No entanto, a dona de cinco medalhas Olímpicas afirmou que essa não é sua meta principal.

“Quem sabe um dia. Mas também não sei se é um objetivo [ter elemento com seu nome]. Quero muito fazer a tripla, mas não sei se é para colocar o nome no código, é mais para fazer a tripla mesmo, porque é muito legal. Mas eu acho lindo a Lorrane [Oliveira] ter o nome dela no código, a Daiane [dos Santos], a Júlia [Soares].”

Rebeca Andrade: 'Não preciso mais provar nada'

Rebeca também falou mais sobre como pretende continuar sua carreira. Ela havia comentado que não pretende mais competir no individual geral.

“Solo, com certeza, é o aparelho mais difícil. É pesado para minha perna, meu joelho, meus pés, meu tendão. Eu não preciso mais provar nada para ninguém. Já fiz de tudo que eu podia fazer dentro do meu esporte”, disse.

“O futuro a Deus pertence e não sei se vou estar numa próxima Olimpíada, vai depender muito dos próximos anos, em relação ao individual geral. Realmente, eu não quero fazer, mas se precisar, se estiver me sentindo bem, respeitando minha mente e meu corpo... Se tiver capacidade, eu faço. Mas não é o objetivo”, acrescentou.

“Quero poder cuidar de mim desta forma e mostrar uma outra Rebeca. Vou continuar curtindo. Amo a ginástica. Isso é minha vida. Tenho certeza de que vou ser feliz, independente do que eu esteja fazendo”, concluiu.

Bruno Fratus equipara Rebeca Andrade a Ayrton Senna

O nadador medalhista Olímpico Bruno Fratus encontrou Rebeca Andrade na zona mista de Paris 2024 para o Olympics.com após a prova do salto e disse à ginasta que ela chegou ao mesmo patamar de ídolo para o Brasil do que o piloto Ayrton Senna, nome histórico do automobilismo.

“Ser referência, continuar incentivando e mostrando que a gente é capaz, fazer as pessoas acreditarem, acho que é algo lindo, que vou levar comigo para sempre. Mesmo que depois do esporte eu continue sendo esse tipo de referência para todas as pessoas que bateram o olho em mim, viram vídeo meu antigo ou novo, independente... que eu continue sendo isso. Se pro meu país já é um orgulho, imagina pro mundo todo, que olha pra mim e fala ‘olha o tamanho daquela menina, mas olha a grandiosidade que ela tem, é uma honra”, respondeu Rebeca.

A brasileira, que igualou os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael como maiores medalhistas Olímpicos da história do Brasil, com cinco, também contou como foi a preparação para tentar repetir o sucesso de Tóquio no salto.

“Para ser sincera, a questão de defender o título não é algo que me preocupava, sabe? Eu só queria fazer meu trabalho. Como a gente sempre fala, a gente não é obrigada a voltar com medalha, mas é claro que a gente quer. E é nisso que eu estava focada, precisava fazer a minha parte se eu quisesse estar no pódio e consegui.”