Rebeca Andrade conquista a prata no individual geral da ginástica artística dos Jogos Olímpicos Paris 2024

Por Leandro Stein
8 min|
Rebeca Andrade, do Brasil
Foto por Ezra Shaw/Getty Images

Rebeca Andrade não se cansa de acumular façanhas. A brasileira disputou nesta quinta-feira, 1° de agosto, sua segunda final em Paris 2024. E garantiu a segunda medalha para a ginástica artística do Brasil, após o bronze por equipes. Rebeca desta vez faturou o pódio no individual geral, algo que já tinha conseguido em Tóquio 2020. A brasileira terminou na segunda colocação, com 57.932 pontos totais e a medalha de prata.

O ouro ficou com a favorita Simone Biles, que apresentou um nível de dificuldade superior na maioria de suas séries e terminou a competição com 59.131 pontos. A atleta dos Estados Unidos recuperou o título Olímpico do individual geral conquistado pela primeira vez na Rio 2016. Já o bronze foi da também americana Sunisa Lee, campeã do individual geral em Tóquio 2020. Conseguiu entrar no pódio na última rotação, graças ao solo, e somou 56.465. O Brasil ainda teve Flávia Saraiva na nona colocação, com 54.032 pontos.

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Rebeca Andrade se torna isoladamente a mulher brasileira com mais medalhas na história dos Jogos Olímpicos, quatro no total. Rebeca venceu o ouro no salto e a prata no individual geral em Tóquio 2020, além do recente bronze por equipes em Paris 2024.

Rebeca chega ao patamar do líbero Serginho, do canoísta Isaquias Queiroz e do nadador Gustavo Borges, todos com quatro medalhas. O recorde entre brasileiros é compartilhado pelos iatistas Robert Scheidt e Torben Grael, cada um com cinco medalhas. Rebeca ainda pode até ultrapassá-los, com mais três finais por aparelhos em Paris 2024.

A repercussão da final do individual geral

Foto por Jamie Squire/Getty Images

O pódio conta com histórias de superação das três atletas. Sunisa Lee superou uma doença renal recente, para conquistar a vaga em Paris 2024. Rebeca Andrade teve parte de sua trajetória prejudicada por seguidas contusões ligamentares, com três rompimentos de ligamentos no joelho, até a ascensão nos dois últimos Jogos Olímpicos. Já Simone Biles volta ao topo depois de cuidar da saúde mental, em processo iniciado em Tóquio 2020, quando não disputou a final do individual geral.

Simone Biles ainda reafirma seu lugar entre as maiores atletas da história. A americana é apenas a terceira ginasta a conquistar dois ouros no individual geral feminino dos Jogos Olímpicos, após Larisa Latynina e Vera Cáslavská. Biles, entretanto, é a primeira a ser campeã em edições não consecutivas dos Jogos. A lenda agora soma nove medalhas Olímpicas, seis de ouro. Somente Latynina (nove) e Cáslavská (sete) possuem mais ouros entre as ginastas do feminino.

Ginástica artística em Paris 2024

Simone Biles teve notas superiores às de Rebeca Andrade em três aparelhos: salto, trave e solo. A brasileira foi superior nas barras assimétricas, em que a americana cometeu um erro. A nota de execução de Rebeca, entretanto, foi melhor no salto, nas barras assimétricas e no solo. A diferença esteve no nível de dificuldade maior das séries de Biles, com nota de partida superior no salto, na trave e no solo, além de similar nas barras assimétricas.

Na sequência dos Jogos Olímpicos, as brasileiras buscarão as medalhas nas finais individuais por aparelhos. A final do salto, com Rebeca Andrade, acontece em 3 de agosto, sábado. As barras assimétricas serão em 4 de agosto, sem a presença do Brasil. Por fim, as finais de solo e trave ocorrem em 5 de agosto, segunda-feira. Rebeca Andrade estará em ambas e Júlia Soares competirá na trave.

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Como foi a disputa entre Biles e Rebeca na final

Rebeca Andrade abriu sua participação no salto, aparelho no qual é a campeã Olímpica de Tóquio 2020. A brasileira repetiu o desempenho da final por equipes, ao executar o Cheng completamente cravado, com 15.100 de nota – 9.500 de execução e 5.600 de dificuldade.

Simone Biles entrou na sequência e executou o Biles II, movimento de maior dificuldade que leva seu nome por ser a primeira a realizar. A americana não cravou sua chegada, com um passo à frente, mas recebeu 15.766 de nota, com 6.400 de dificuldade e 9.366 de execução.

Na sequência, Rebeca Andrade se apresentou nas barras assimétricas. Também acertou todas as ligações e quase cravou a saída. Melhorou sua nota em comparação aos outros dias, com 14.666, sendo 6.200 de dificuldade e 8.466 na execução. É o aparelho favorito da brasileira, ainda que não tenha avançado para a final em Paris 2024.

Rebeca ultrapassou Simone Biles neste momento. A americana cometeu um erro nas barras assimétricas, o que rendeu um significativo desconto. Biles recebeu 13.733 de nota, com 6.200 de dificuldade e 7.533 na execução. Rebeca ficou 0.267 à frente da adversária, que ainda caiu para o terceiro lugar. A segunda colocação neste momento era da argelina Kaylia Nemour, melhor da rotação nas barras, com 15.533.

Rebeca Andrade, do Brasil

Foto por Ezra Shaw/Getty Images

Simone Biles competiu antes na terceira rotação, na trave. Teve pequenos desequilíbrios, mas cravou a saída e a série rendeu um alto 14.566 de nota, com 8.166 de execução e 6.200 de dificuldade.

Rebeca Andrade foi a última na trave, com apenas um desequilíbrio. Ganhou 14.133, com 6.100 de dificuldade e 8.033 de execução. Biles recuperou a liderança geral, com Rebeca em segundo, 0.166 atrás. A italiana Alice D’Amato era a terceira, já mais de um ponto abaixo da brasileira.

A definição ficou para o solo, na última rotação. Rebeca Andrade foi a penúltima a competir, após Suni Lee assumir a liderança provisória. A brasileira chegou a pisar fora da área, mas fez uma série limpa e tirou 14.033, com 8.233 de execução e 5.900 de dificuldade. A brasileira dependia do que iria acontecer com Simone Biles, após superar Suni Lee e garantir ao menos a prata.

Entretanto, em um de seus aparelhos mais fortes, Simone Biles elevou o sarrafo. A americana conseguiu 15.066, com 6.900 de dificuldade e 8.166 de execução. Foi mais que suficiente para o ouro, ficado à frente de Rebeca em 1.199 pontos. A lenda recuperava a coroa após oito anos.

Flávia Saraiva, do Brasil

Foto por Naomi Baker/Getty Images

A participação de Flavinha, no nono lugar

Com o 11° lugar na fase de classificação, Flávia Saraiva fez parte de outra rotação, diferente de Rebeca Andrade e Simone Biles. A brasileira disputava sua primeira final no individual geral, após abrir mão da competição na Rio 2016 para focar nas provas por aparelhos. Seu primeiro aparelho nesta quinta foram as barras assimétricas, com série limpa e nota de 13.900, sendo 8.300 de execução.

Logo depois, Flávia se saiu ainda melhor na trave, aparelho do qual foi por duas vezes finalista Olímpica. Elevou seu nível de dificuldade em relação aos dias anteriores e cravou os movimentos. Recebeu 14.266, com 8.366 de execução. Ao final da segunda rotação, era a sétima colocada na classificação.

No solo, Flavinha escorregou e caiu, o que prejudicou sua nota. Recebeu 12.233, com 7.133 de execução e ainda -0.3 de penalização. Por fim, no salto, Flavinha não conseguiu cravar a chegada. Recebeu 13.633 de nota, com 8.633 de execução. Terminou com nota total de 54.032 pontos. Está entre as dez melhores ginastas do mundo, na nona posição.

Filipa Martins, de Portugal

Foto por Jamie Squire/Getty Images

Filipa Martins, a primeira finalista da história de Portugal

A final do individual geral feminino ainda contou com um resultado histórico para a ginástica artística de Portugal. Filipa Martins foi a primeira finalista do país na competição Olímpica. A portuguesa terminou no 20° lugar, entre 24 ginastas, com nota final de 51.232.

Filipa teve sua melhor nota nas barras assimétricas, com 13.566 pontos, com a melhor execução (8.266) e também maior dificuldade (5.300). A portuguesa ainda conseguiu 12.500 no salto, 12.700 na trave e 12.466 no solo.

As 10 primeiras do individual geral feminino

  • 🥇1° - Simone Biles (USA) - 59.131
  • 🥈2° - Rebeca Andrade (BRA) - 57.932
  • 🥉3° - Sunisa Lee (USA) - 56.465
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  • 4° - Alice D'Amato (ITA) - 56.333
  • 5° - Kaylia Namour (ALG) - 55.899
  • 6° - Elsabeth Black (CAN) - 54.799
  • 7° - Qiu Qiyuan (CHN) - 54.766
  • 8° - Helen Kevric (GER) - 54.598
  • 9° - Flávia Saraiva (BRA) - 54.032
  • 10° - Naomi Visser (NED) - 53.965