Rafael Nadal e o Brasil: país testemunhou títulos cruciais para o espanhol

Lendário tenista espanhol, que se aposenta na Copa Davis 2024, viveu momentos de afirmação, recuperação e consagração no país.

6 minPor Sheila Vieira
Rafael Nadal and Gustavo Kuerten at Rio Open 2014.
(2014 Getty Images)

Uma das palavras que os idiomas português e espanhol compartilham é 'casa'. Não é à toa que Rafael Nadal sempre se sentiu acolhido no Brasil, onde venceu três títulos de simples e um muito especial nas duplas.

"O público brasileiro tem sido sempre especial para mim. O ano de 2005, na Costa do Sauípe, foi um ponto de partida muito importante, enquanto, em 2013, ganhei meu primeiro torneio em São Paulo após muito tempo sem fazê-lo. Já no ano passado consegui, depois de um momento complicado na Austrália, vencer o Rio Open. Só tenho palavras de agradecimento ao público brasileiro pelo carinho e apoio que tenho recebido sempre que venho aqui", disse Nadal no Rio de Janeiro em 2015.

Nadal disputou duas edições do Brasil Open, uma na Costa do Sauípe (2005) e outra em São Paulo (2013), saindo com o título em ambas. Também jogou o ATP 500 Rio Open em 2014, 2015 e 2016, mesmo ano dos Jogos Olímpicos Rio 2016. A última visita aconteceu em 2022, em uma exibição contra Casper Ruud.

Com a aposentadoria de Nadal nas finais da Copa Davis, relembre os títulos do rei do saibro em solo nacional.

Brasil Open 2005: prenúncio do primeiro Roland Garros

  • Primeira rodada: José Acasuso (ARG), 7/6(1) 6/3
  • Segunda rodada: Alex Calatrava (ESP), 6/3 6/3
  • Quartas de final: Agustin Calleri (ARG), 6/2 6/7(5) 6/4
  • Semifinal: Ricardo Mello (BRA), 2/6 6/2 6/4
  • Final: Alberto Martin (ESP), 6/0 6/7(2) 6/1

Ao chegar à Bahia com 18 anos de idade, Nadal era o número 48 do ranking mundial e tinha um objetivo: conseguir pontos sufiicentes para ser um dos 32 cabeças de chave de Roland Garros naquele ano.

"Queria somar pelo menos 200 pontos no ranking nesses torneios, já consegui 215", ele disse à época, sem saber que em poucos meses levantaria o troféu de Roland Garros pela primeira vez... de 14.

O torneio brasileiro, o segundo de seus 92 títulos na ATP, foi o início de uma temporada histórica, em que Nadal encontrou a confiança para vencer Acapulco, os Masters 1000 de Monte Carlo e Roma e Barcelona, antes mesmo de chegar a Paris.

(Divulgação Koch Tavares)

Brasil Open 2013: o início de uma retomada ao número 1

  • Primeira rodada: Bye
  • Segunda rodada: João Souza (BRA), 6/3 6/4
  • Quartas de final: Carlos Berlocq (ARG), 3/6 6/4 6/4
  • Semifinal: Martin Alund (ARG), 6/3 6/7(2) 6/1
  • Final: David Nalbandian (ARG), 6/2 6/3

Nadal retornou ao Brasil oito anos em um momento delicado de sua carreira. Ele havia passado todo o segundo semestre de 2022 parado por conta de uma lesão no joelho, que o tirou até dos Jogos Olímpicos Londres 2012.

Seu primeiro evento de volta foi em Viña del Mar, no Chile, na semana anterior, em que ele chegou à final, mas a derrota para Horacio Zeballos deixou um gosto amargo. Já em São Paulo, embalado por milhares de pessoas no Ginásio do Ibirapuera, ele foi campeão, derrotando David Nalbandian na decisão.

"Em 2005, (o título) foi um começo de todos este anos que foram lindos, e espero que este possa ser um recomeço. Nós (espanhóis) nos sentimos bem no Brasil, perto de casa. O idioma não é o mesmo, mas podemos nos entender e comunicar perfeitamente, nos sentimos à vontade com o clima e com o povo. Quando estou na América Latina, eu me sinto muito mais perto de casa do que quando estou em outros lugares", afirmou Nadal.

Este foi o primeiro título de Nadal desde Roland Garros no ano anterior. Ao final da temporada, o espanhol já voltaria à liderança do ranking e calaria novamente os que duvidavam de sua recuperação.

Rafael Nadal no Brasil Open 2013 em São Paulo.

(Divulgação Koch Tavares)

Rio Open 2014: primeiro campeão do ATP 500 brasileiro

  • Primeira rodada: Daniel Gimeno-Traver (ESP), 6/3 7/5
  • Segunda rodada: Albert Montanes (ESP), 6/1 6/2
  • Quartas de final: João Sousa, 6/1 6/0
  • Semifinal: Pablo Andujar (ESP), 2/6 6/3 7/6(10)
  • Final: Alex Dolgopolov (UKR), 6/3 7/6(3)

Apesar de ser número 1 do mundo ao desembarcar no Rio de Janeiro para a primeira edição de um ATP 500 no país, Nadal havia passado por um grande susto na decisão do Australian Open. Com uma lesão nas costas, o espanhol acabou perdendo para Stan Wawrinka em Melbourne, e pairavam dúvidas se ele viria para a América do Sul.

Nadal veio, jogou uma emocionante semifinal contra Pablo Andujar, com direito a três match-points salvos e 2h46 de duração, e foi o primeiro jogador a morder o troféu do Rio Open, que recebeu das mãos de Gustavo Kuerten, o Guga.

"Para mim é incrível a conexão que tenho com Brasil, é muito especial conseguir três títulos aqui. O público me anima muito, adoro essa torcida. Espero estar aqui também em 2015 e depois para as Olimpíadas de 2016", comentou Nadal naquele domingo.

Nadal participou de mais duas edições do Rio Open, 2015 e 2016, e até desfilou pela Viradouro na Sapucaí.

Rafael Nadal e David Ferrer no carnaval do Rio em 2015.

(Agif)

Rio 2016: o ouro ao lado de Marc Lopez nas duplas

  • Primeira rodada: Robin Haase/Jean-Julien Rojer (NED), 6/4 6/4
  • Segunda rodada: Juan Martin Del Potro/Maximo Gonzalez (ARG), 6/3 5/7 6/2
  • Quartas de final: Oliver Marach/Alexander Peya (AUT), 6/3 6/1
  • Semifinal: Daniel Nestor/Vasek Pospisil (CAN), 7/6(1) 7/6(4)
  • Final: Florin Mergea/Horia Tecau (ROU), 6/2 3/6 6/4

As lesões sempre fizeram parte da trajetória de Nadal, e em 2016 não foi diferente. O espanhol chegou aos Jogos Olímpicos Rio 2016 com um problema no punho esquerdo.

Mesmo assim, Nadal jogou com a garra e comprometimento de sempre. Em 12 de agosto, ele virou contra o brasileiro Thomaz Bellucci nas quartas de final em simples e à noite jogou a final de duplas com o amigo Marc Lopez, levando seu segundo ouro Olímpico, já que havia conquistado o título de simples em Beijing 2008.

"Foi uma experiência incrível, ainda mais com um grande amigo, o Marc. Ganhei uma medalha de ouro após dois meses sem treinar direito. O momento foi maravilhoso, nos divertimos. Estou muito feliz. Acho que sempre fui vibrante em quadra. Às vezes mais, às vezes menos. Jogar tênis é minha paixão. Esta talvez seja a minha última Olimpíada, espero que não, mas pode ser a última. Joguei em Pequim, não estive em Londres. Então, pode ser a minha última, por isso vibrei muito", declarou Nadal no Parque Olímpico da Barra.

Oito anos depois, a sua carreira Olímpica e profissional chegaria ao desfecho.

Rafael Nadal e Marc Lopez comemoram a medalha de ouro nas duplas na Rio 2016.

(2016 Getty Images)
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