Paola Reis estreia em Jogos Olímpicos como única brasileira no BMX racing

Por Daniel Perissé
4 min|
Paola Reis_BMX
Foto por Wander Roberto / COB

O Brasil estará presente no BMX racing nos Jogos Olímpicos pela quarta edição consecutiva, apenas na disputa feminina. E a representante do país em Paris 2024 será a baiana Paola Reis, que irá para sua primeira experiência Olímpica.

Aos 24 anos, Paola assegurou ao Brasil a vaga por ter sido campeã do Pan-Americano 2023 da modalidade, em Riobamba, no Equador, em maio do ano passado.

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“Queria participar dos Jogos desde que comecei a andar de bike. Estou me preparando desde o início. É um momento muito feliz. Foi uma preparação dolorosa. Superei-me bastante esse ano porque tive uma lesão, mas já voltei a competir e estou 100% recuperada,” comentou Paola em declarações à Superintendência dos Desportos do Estado da Bahia (Sudesb).

A representatividade será ainda maior porque o Brasil não terá um ciclista masculino no BMX Racing dos Jogos pela primeira vez em 12 anos. Em Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020, o ciclista foi Renato Rezende: ele, inclusive, detém o melhor resultado do país na modalidade, com a 14ª posição conquistada na capital japonesa.

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Após início promissor, treinos para compensar diferenças na pista

Paola começou a praticar BMX ainda com 11 anos de idade, incentivada pela presença do irmão Gabriel e de outros amigos no chamado Projeto Pedal, que é executado pela Associação de Bicicross de Salvador (ABS) em parceria com o Governo do Estado. À época, ela também andava de skate e surfava, pois morava perto da praia.

Dois anos depois, ela já participou do seu primeiro campeonato brasileiro e ficou assustada com a diferença na largada, porque treinava em uma estrutura de 1,5 metro contra 8 metros da pista onde competiu.

“Deu um pouco de medo, como dá até hoje em qualquer largada. Não depende só de mim, tem mais sete atletas que estão junto comigo e toda a malícia de campeonato para sair na frente,” disse Paola em entrevista ao Sudesbcast.

Para suprir a diferença na largada, a ciclista treina nas ladeiras de Salvador sendo puxada por carros e motos, para simular o momento inicial da prova. E, sempre que possível, ela e seu treinador viajam mais cedo para poder ter mais tempo de adaptação à pista.

Nos primeiros anos, ela disputou torneios nacionais com o apoio da ABS e doações de amigos e comerciantes do bairro. Desde os 16 anos, passou a viajar para competir fora do estado. Em 2016 e 2017, ela foi campeã Pan-Americana Junior.

Apesar da prata no Pan de Lima, Paola não disputou Tóquio 2020

A primeira grande conquista de Paola Reis foi a prata nos Jogos Pan-Americanos de 2019, em Lima. O passo seguinte seria a classificação para Tóquio 2020, mas a baiana ficou fora por ter saído de um período de concentração da equipe brasileira em Portugal, com os demais ciclistas que brigavam pelas vagas Olímpicas, em abril de 2021, a poucos meses dos Jogos.

Paola não participou das competições classificatórias, sem chances de obter a tão sonhada vaga Olímpica.

A volta por cima de Paola Reis

Tendo virado a página, a ciclista veio com tudo na temporada 2023 e atingiu seu ápice ao vencer o Pan-Americano, ficando perto de realizar, finalmente, o objetivo de disputar os Jogos.

"É muito satisfatório conseguir ser campeã Pan-americana em um ano pré-Olímpico, com todos os atletas tentando somar pontos no ranking mundial e também em busca da tão sonhada vaga. Estou muito feliz pelo resultado e por ter conseguido assegurar a participação do BMX feminino brasileiro em Paris 2024", destacou Paola em declarações divulgadas pela CBC.

Outros bons resultados em etapas da Copa do Mundo da UCI e torneios regionais também a colocaram em uma posição favorável no ranking individual, tendo fechado em 28º o período e bem distante das demais brasileiras, o que lhe rendeu a convocação.

O BMX racing acontece nos dias 1 e 2 de agosto, no Estádio de BMX de Saint-Quentin-en-Yvelines. A brasileira passou 50 dias na Europa, sendo 30 na pista oficial, acostumando-se com o traçado.

“Já competi nessa pista no início do ano. É uma pista difícil, perigosa e esse treinamento é importante para ficar mais à vontade no circuito”, explicou a atleta, que quer superar mais esse obstáculo em busca da inédita medalha para o Brasil na modalidade.