Mountain bike brasileiro abre espaço para ‘sucessores’ de Henrique Avancini 

Por Gustavo Longo e Fernanda Lucki Zalcman
5 min|
Ulan Galinski compete nos Jogos Pan-Americanos 2023
Foto por Wander Roberto/COB

Dois títulos mundiais, vitórias em Copa do Mundo e liderança do ranking internacional. Feitos que colocam Henrique Avancini entre os maiores ciclistas da história do Brasil. Sua história no ciclismo mountain bike brasileiro teve um ponto final em 2023 com sua aposentadoria. Agora, uma nova geração começa a surgir e a se destacar com as etapas da Copa do Mundo MTB no país.

Após a disputa em Mairiporã entre 12 e 14 de abril, é a vez de Araxá, Minas Gerais, receber os melhores atletas da modalidade entre 19 e 21 de abril. Para os ciclistas brasileiros, é mais uma oportunidade para conquistarem bons resultados internacionais e levarem adiante o legado de Avancini.

Um deles já chamou a atenção. Ulan Galinski, 26 anos, alcançou a 20ª posição na prova Olímpica em Mairiporã - seu melhor resultado da carreira em etapas da Copa do Mundo. Ele é o melhor atleta brasileiro no ranking internacional, atualmente na 35ª posição - faz um duelo particular com outro jovem, Alex Malacarne, 22, que ainda compete em provas sub-23 e é o 37º colocado.

Mais do que os resultados promissores, Galinski é apontado como “sucessor” de Henrique Avancini no mountain bike brasileiro por ser uma espécie de “pupilo” do ex-atleta – a ponto de competir na equipe comandada por ele, a Caloi Henrique Avancini Racing.

“É prazeroso ver o crescimento dele, como resultado e reflexo do meu trabalho com a equipe, e de ver um atleta dando alegria para a modalidade no Brasil. Isso é algo muito especial, a vibração que a gente viu na Copa do Mundo aqui no Brasil foi muito bacana. Os atletas brasileiros têm de lidar com uma expectativa muito alta, com uma projeção muito ambiciosa do público, e o Ulan lida, na maioria das vezes, muito bem com isso”, comentou Avancini ao Olympics.com.

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Mountain bike brasileiro busca assegurar vagas em Paris 2024

Mesmo sem Henrique Avancini, o mountain bike brasileiro manteve-se bem posicionado tanto no ranking Olímpico masculino da modalidade quanto no feminino. A lista determinará a maioria dos países que assegurarão cotas aos Jogos Olímpicos Paris 2024.

Pelo sistema de classificação Olímpico do ciclismo MTB, os oito melhores países do ranking em 26 de maio de 2024 obterão duas cotas. Já os países classificados da 9ª a 19ª posição assegurarão apenas uma cota individual. Atualmente, o Brasil ocupa a 10ª colocação nos dois gêneros, o suficiente para obter uma vaga em cada.

Ainda há uma chance remota de subir no ranking e garantir duas cotas, mas o país dependeria de grandes resultados na Copa do Mundo MTB em Araxá. Entre os homens, a distância do Brasil para o oitavo colocado é de 303 pontos. Entre as mulheres a diferença é ainda maior: 622 pontos segundo a última atualização da lista.

PARIS 2024 | Confira o sistema de classificação Olímpico do mountain bike

Confira alguns dos sucessores de Henrique Avancini no mountain bike brasileiro

Sem a presença de Henrique Avancini, a nova geração do mountain bike brasileiro pede passagem na disputa pela vaga Olímpica. Conheça os atletas jovens que estão ganhando espaço e podem representar o Brasil em Paris 2024.

Ulan Galinski

Ele tem uma origem única: é filho de uma brasileira e de um francês e nasceu na pequena cidade de Palmeiras, no coração do Vale do Capão na Chapada Diamantina, na Bahia. A família possuía o espaço cultural Circo do Capão e o pequeno Ulan ainda tinha liberdade de conviver com a natureza e as trilhas que ela oferecia para sua bicicleta.

Contudo, foi apenas em 2014 que resolveu entrar de vez no ciclismo. Ele viajou 80km para assistir a uma etapa da Ultramaratona de Mountain Bike Brasil Ride na região. Foi lá que conheceu Henrique Avancini e abriu um novo mundo em sua vida: a possibilidade de viver do esporte. Com a ajuda da família, fez uma vaquinha e comprou sua primeira bicicleta para, em 2015, começar a competir.

Desde então vem escalando no cenário nacional e internacional – em 2020, foi 14º no Mundial sub-23, superando até mesmo o desempenho de Avancini. “O Ulan é um atleta e uma pessoa muito autocrítica, assim como eu sempre fui, e acredito que eu consiga, às vezes, ajudá-lo bastante nas análises de preparação, de prova, de carreira. E ele é um garoto que está sempre muito aberto a ouvir, aprender e a crescer”, afirmou o ex-ciclista sobre o pupilo.

Alex Malacarne

Com 22 anos, Alex Malacarne já mostra que é uma realidade do mountain bike brasileiro. Vencedor do reality show O Próximo Pro, realizado pela MTB90, especialista em competições da modalidade, o jovem ganhou como prêmio a participação na equipe Specialized Racing BR. Desde 2021, integra a Trinity Racing, com base em Londres.

Ele despontou em 2020, quando foi sexto em uma etapa do circuito internacional júnior de MTB em Nove Mesto, na Tchéquia, e depois 16º no Mundial Júnior. A partir daí, acumula resultados Top 10 em provas sub-23 da Copa do Mundo, além de ter sido campeão pan-americano sub-23 da modalidade no ano passado.

Karen Fernandes Olímpio

Entre as mulheres, Karen Fernandes Olímpio, 27 anos, é a principal concorrente interna de Raiza Goulão, 33 e contemporânea de Henrique Avancini no mountain bike brasileiro. As duas duelam ponto a ponto pela liderança brasileira no ranking internacional. Hoje, Karen é a 32ª, apenas uma posição à frente de Raiza.

A atleta está acostumada com a vida em duas rodas desde pequena. Ela acompanhava os pais e irmãos até na garupa por trilhas de bicicleta nas cachoeiras da região de Caxambu. Em 2007 já competia na categoria mirim e não parou mais. Campeã brasileira elite na prova Olímpica em 2021 e 2023, ela também obteve o melhor resultado da carreira em Copas do Mundo na etapa de Mairiporã com a 29ª colocação.

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