Stephanie Gilmore, 32, é uma surfista sete vezes campeã do mundo. Quando o assunto é surfe podemos afirmar que ela já viu de tudo. Ainda assim, a australiana tem muito a dizer, se questionando, partilhando histórias e vivendo na ansiedade pela presença nos Jogos Olímpicos.
O que ainda a motiva? Na realidade é bastante simples e ao mesmo tempo complexo, como contou no podcast do Olympic Channel.
“Antes de mais adoro surfar. Penso que passamos por diferentes etapas ao longo da carreira, onde no início tudo o que você quer é surfar, isso é tudo o que importa e você não pensa em outros níveis e nos outros elementos de ser atleta profissional e no que isso significa. Mas nos últimos anos cheguei naquele momento em que se trata de fazer algo maior que eu mesma. Ainda quero ganhar, mas quero usar isso para fazer a diferença no mundo.”
Nessa etapa da carreira há ainda a questão de como equilibrar o permanecer competitiva e continuar desfrutando do que faz, no fundo se trata de encontrar o equilíbrio certo.
“Penso que posso colocar muita confiança, conforto e equilíbrio na minha vida, provavelmente devido aos meus pais e à família, a minha mãe e o meu pai são incríveis. Nunca me pressionaram nem fizeram isso com minhas irmãs. Foi algo que adoramos e eles perceberam isso e nos apoiaram. Praticamos hóquei, futebol, atletismo, dança. Fiz de tudo. De maneira nenhuma éramos super ricos ou algo do gênero, eles sacrificaram muitas coisas para que as minhas irmãs e eu pudéssemos ter uma vida incrível."
Em 2010, um acidente traumático poderia ter mudado completamente sua carreira... e sua vida.
"Fui atacada por um indigente. Penso que estava alienado e não pensava direito. Me deu um golpe na cabeça com uma barra ou algo parecido. Levei pontos na cabeça e fraturei o pulso."
Mesmo que tenha demorado algum tempo a melhorar, mental e fisicamente, Gilmore tirou o máximo partido da situação, aprendendo sobre si mesma, sobre sua vida.
"Foi, sem dúvida, uma experiência traumática, não me entendam mal. Aprendi a sacudir esse pensamento, provavelmente porque lidei com o assunto e segui em frente. Mas, sim, durante alguns anos andava muito nervosa. Estava frustrada. Tive pressa de voltar a surfar e para me reencontrar, penso que foi o momento de deixar rolar e deixar as coisas acontecerem tomando o tempo para cicatrizar."
"Vancer depois disso trouxe maior valor às vitórias porque foram fruto de muito trabalho. Foi como sair do buraco. E nunca tinha vivido isso antes, mas vencer um título mundial um par de anos após o incidente fiquei pensando que era minha maior vitória pelo que tive que persistir nesse processo."
Como é habitual, Gilmore seguiu em frente. Suas ambições continuam elevadas. Representar a Austrália nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, na estreia do surfe, está na lista de temas prioritários. Para se inspirar, Stephanie Gilmore se encontrou com a campeã Olímpica Cathy Freeman.
"É um ídolo, um ícone da Austrália. Venceu a medalha de ouro em nos Jogos Olímpicos de Sydney 2000 Olympics nos 400m e como uma jovem menina, na época com 12 anos de idade, lembro-me de assistir a esse momento. Pensando, 'oh adoraria ir aos Jogos e fazer isso'. Ter quatro anos para dedicar cada minuto do meu tempo ao treinamento, aparecer naquele dia e dizer, ok, agora é seu momento de brilhar. Não ceder debaixo de pressão. Deve ser uma experiência incrível.
Experiência que Stephanie Gilmore se prepara para viver em Tóquio 2020.