Larissa Pimenta: ‘Não sou uma atleta que vai só para participar’

Por Sheila Vieira
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Larissa Pimenta
Foto por Wander Roberto/COB

Convocada para sua segunda participação Olímpica em Paris 2024, Larissa Pimenta tem uma missão mais imediata: fazer as pazes com o Mundial de Judô em 2024, a partir de 19 de maio, em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos.

Antes da última edição do torneio, há um ano, a paulista sofreu uma grave lesão no joelho, momento em que chegou a questionar a continuidade da sua carreira.

“Foram altos e baixos e vontade de parar”, disse Larissa ao Olympics.com. “Antes do Mundial, eu tinha acabado de medalhar num Grand Slam em Tel Aviv. Tive a lesão treinando na Espanha, um lugar que eu me sentia bem. Assim que cheguei no Brasil, descobri que ia operar. Foi um baque. Justo no Mundial que começaria a contar pontos pros Jogos.”

“Emocionalmente, eu me vi no fundo do poço, muito vulnerável, sabe?”, acrescentou, ressaltando o apoio da equipe do clube Pinheiros e da CBJ (Confederação Brasileira de Judô) no caminho de volta.

“Eu posso assumir que deixei de acreditar em mim nesse período, mas eles não. Isso me motivou a continuar”, afirmou a judoca de 25 anos.

Larissa Pimenta: 'Sei que tenho condições de trazer medalha'

Em seu retorno, Larissa mostrou que, quando está bem fisicamente, pode brigar pelo pódio. Para a atleta do litoral paulista, que se arrisca no surfe esporadicamente, só fazia sentido prosseguir se fosse possível competir no topo.

“Não sou o tipo de atleta que vai para participar. Sei que tenho condições de trazer uma medalha para mim, para nós”, comentou.

Em Tóquio 2020 em 2021, Larissa caiu na segunda rodada para a campeã Abe Uta, do Japão.

“É muito gratificante estar lá, mas estar nos Jogos não foi suficiente para mim, quando você tem a sensação de que tem condições reais de trazer uma medalha. Foi o que me motivou neste ciclo de Paris.”

Conselhos do sensei Leandro Guilheiro e duelo com Abe Uta

Em 2024, Larissa foi campeã do Pan-Oceania e do Grand Prix da Áustria nos 52kg, além de prata no Grand Slam do Cazaquistão. Resultados que a levaram à nona colocação no ranking Olímpico e à convocação antecipada para Paris 2024.

“Estava com uma expectativa muito grande de ser convocada. Estou fazendo um trabalho muito forte. Mereço estar nesse lugar, mereço essa conquista. Estava treinando na hora da live [do anúncio], prestando atenção no treino, mas com o coração lá. Quando o sensei Leandro [Guilheiro] me deu parabéns, meus olhos encheram de lágrimas”, relembrou.

Guilheiro, medalhista de bronze em Atenas 2004 e Beijing 2008, é treinador do Pinheiros, clube onde Larissa treina.

“Ele já sentiu tudo que a gente sente. Às vezes acho que é por um caminho, mas ele fala que é por outro. ‘É chato e doloroso, você pode me odiar’, ele diz, ‘você vai sentir, mas estou te levando para o caminho certo’”, comentou a judoca sobre os ensinamentos do mestre.

No Mundial de Abu Dhabi ou em Paris 2024, Larissa pode se testar novamente diante tetracampeã mundial Abe, desta vez em outro patamar em sua categoria.

“Ela [Abe] é uma pessoa que faz puro judô e eu gosto disso. Tenho muita expectativa de que eu possa ganhar dela. Já tive uma luta boa com ela, eu joguei. E acho que ela sabe quem eu sou. É satisfatório poder lutar com ela de igual para igual”, disse a brasileira.