A memória de Kelvin Kiptum estará presente na maratona de Paris 2024

Por Mateus Nagime
4 min|
Kelvin Kiptum celebrates after breaking the marathon world record 
Foto por Michael Reaves/Getty Images

Quando os melhores maratonistas do mundo derem a largada neste dia 10 de agosto às 8h da manhã (horário local), a disputa pelas medalhas de Paris 2024 será intensa. Mas naquele momento preciso em que os atletas estarão terminando o aquecimento e se preparando para o tiro de largada, a grande ausência naquele pelotão da frente se fará sentir: Kelvin Kiptum, atual recordista mundial da maratona que morreu em 11 de fevereiro deste ano, aos 24 anos.

O queniano era um dos nomes mais espetaculares do atletismo, desde que surgiu. Ele disputou apenas três maratonas em sua carreira e venceu as três. Na primeira, em Valência, estabeleceu recorde de melhor marca alcançada por um estreante; na segunda, em Londres, virou o segundo homem mais rápido do mundo; antes de entrar definitivamente para o livro dos recordes, em Chicago.

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Kelvin Kiptum não só tem a melhor marca da história (2:00:35), mas também a terceira melhor (2:01:25, em Londres) e a sétima melhor (2:01:53, em Valência). Ele se tornou o primeiro homem a correr três vezes abaixo de 2 horas e 2 minutos e fez isso em 10 meses.

Além dos resultados, estilo de Kelvin Kiptum era marcante

Kelvin Kiptum Cheruiyot nasceu em 2 de dezembro de 1999, na vila de Chepsamo, próxima a Chepkorio, onde ele treinaria em sua breve carreira. Pensou em se tornar eletricista antes de dedicar sua atenção à corrida. Após algumas corridas de meia distância, ele se juntou ao ruandês Geravais Hakiziama, que seria seu técnico até o último instante. Hakiziama também perdeu a vida no acidente fatal de fevereiro.

Kiptum era casado com Asenath Cheruto Rotich, e era pai de Caleb, 7 anos, e Precious, 4.

O atleta ganhou os holofotes quando estreou na Maratona de Valência em dezembro de 2022. com um tempo de 2h01min53s na primeira vez que percorreu a distância profissionalmente.

Em 2023, ele venceu a Maratona de Londres em 2h01min25s, estabelecendo a melhor marca da prova. O sub-2 parecia estar chegando para a estrela queniana e o recorde mundial masculino veio em Chicago, no que seria o último evento de sua carreira. Após percorrer a primeira metade em 1:00:48, ele correu a segunda parte abaixo da hora para fechar em 2:00:35

Mais do que os resultados, seu estilo de corrida também chamava a atenção dos fãs e especialistas, já que guardava um gás para os últimos 12km. Na primeira e na última maratona, ele chegou a correr a segunda metade mais rápida do que a primeira, por exemplo.

Kelvin Kiptum estava ansioso para os Jogos Olímpicos e queria correr ao lado de ídolo

No final de 2023, ele foi indicado ao prêmio de Atleta do Ano pela World Athletics. Ele se preparava para a Maratona de Roterdã, nos Países Baixos, que aconteceu em 14 de abril, e mirava o ouro Olímpico em Paris 2024, quando o acidente fatal aconteceu na noite do dia 11 de fevereiro, perto de Kaptagat.

Kelvin Kiptum estava ansioso para os Jogos Olímpicos. Indicado em uma lista provisória pela Federação Queniana, poderia ser a primeira vez que correria ao lado de Eliud Kipchoge, antigo recordista mundial da prova e um de seus ídolos.

Pouco antes da Maratona de Chicago que o colocaria de vez na história da prova ele falou sobre os Paris 2024 com Olympics.com: “Estou sonhando com os Jogos de Paris. Se tiver a chance de ser selecionado pelos treinadores, ficarei grato e irei lá tentar ganhar uma medalha”, revelou.

“Era meu sonho um dia ter o recorde mundial da maratona. Tinha planejado isso em Chicago no próximo ano ou mesmo em 2025. Felizmente, acabou de acontecer em Chicago e é um sonho que se tornou realidade”, disse ele logo após a prova.

Sua morte foi lamentada por toda a comunidade do atletismo internacional, incluindo Eliud Kiphoge, Paul Tergat, ex-recordista mundial e presidente do Comitê Olímpico do Quênia, e Faith Kipyegon, recordista mundial dos 1.500m.

Thomas Bach, Presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), foi outro a lamentar, ressaltando que “estávamos ansiosos para recebê-lo na comunidade Olímpica nos Jogos Paris 2024 e ver o que o maratonista mais rápido do mundo poderia alcançar”.