Jogos Paralímpicos Paris 2024: entenda as classes e formato da natação paralímpica
A natação paralímpica dos Jogos Paralímpicos Paris 2024 acontecerá de 29 de agosto a 7 de setembro, reunindo mais de 600 atletas de diversas nações em 141 provas valendo medalha. As competições serão realizadas na Arena Paris La Défense.
Neste ano, as provas de natação paralímpica contarão com a participação de mais de 600 atletas de diversas nações, que disputarão várias provas, incluindo nado livre, costas, peito, borboleta, medley individual e revezamentos.
Como em todos os eventos paralímpicos, um sistema de classificação será aplicado para garantir uma competição justa entre atletas com diferentes tipos e níveis de deficiências durante os jogos.
MAIS: 10 brasileiros paralímpicos que podem fazer história em Paris 2024
As primeiras medalhas na natação paralímpica serão concedidas na prova dos 400m livre S9 masculino, e as competições se encerrarão no dia 7 de setembro com o revezamento 4x100m medley misto.
Será uma celebração das conquistas atléticas e do espírito humano, realizada em um local de classe mundial, com um compromisso com a inclusão e a sustentabilidade.
Natação paralímpica: sistema de classificação, formato de competição, regras e modificações
Classificação
Assim como em outros esportes, onde a classificação é feita por idade, gênero e peso, o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) adota um sistema de classificação específico para suas competições.
Através dessa classificação, que varia de acordo com cada esporte, determina-se quais atletas estão elegíveis para competir e como eles serão agrupados nas provas. Isso garante que o impacto das deficiências dos atletas na sua performance esportiva seja minimizado.
Existem diferentes tipos de deficiências no movimento paralímpico que determinam a classificação do atleta. Elas são descritas e explicadas em detalhes aqui.
O sistema de classificação na natação paralímpica inclui:
-
Deficiências Físicas (Classes S1-S10):
- S1-S10: Estas classes são destinadas a nadadores com deficiências físicas. Quanto menor o número, mais severa é a deficiência física. Nadadores nessas classes podem ter diferentes tipos de deficiências, como perda de membros, paralisia cerebral ou lesões na medula espinhal.
- S1-S2: deficiência física severa (por exemplo, problemas severos de coordenação em todos os membros, alto grau de perda de função).
- S3-S4: deficiência física significativa (por exemplo, amputações de todos os membros, problemas de coordenação moderados a severos).
- S5-S6: deficiência física moderada (por exemplo, baixa estatura, problemas moderados de coordenação, perda de função em membros inferiores).
- S7-S8: deficiência física leve a moderada (por exemplo, amputações de um membro, perda moderada de função em um membro).
- S9-S10: deficiência física mínima (por exemplo, problemas leves de coordenação, perda de função em uma mão).
- S1-S10: Estas classes são destinadas a nadadores com deficiências físicas. Quanto menor o número, mais severa é a deficiência física. Nadadores nessas classes podem ter diferentes tipos de deficiências, como perda de membros, paralisia cerebral ou lesões na medula espinhal.
-
Deficiências Visuais (Classes S11-S13):
- S11: nadadores com visão muito baixa ou ausência de visão. Eles devem usar óculos opacos e frequentemente utilizam um sinalizador para indicar a parede.
- S12: nadadores com uma deficiência visual pequena, mas ainda assim significativa.
- S13: nadadores com deficiência visual menos severa dentro da classificação.
-
Deficiências Intelectuais (Classe S14):
- S14: nadadores com deficiências intelectuais. Esses atletas atendem a critérios que geralmente incluem um determinado nível de QI e pontuações de comportamento adaptativo.
Além da classificação S para as provas de nado livre, costas e borboleta:
- SB: classificações para o peito, que têm um conjunto diferente de exigências físicas.
- SM: classificações para o medley individual, que envolve nadar múltiplos estilos.
O número que segue as siglas SB ou SM está relacionado à classe S do nadador, refletindo seu nível de deficiência para esses estilos específicos. Por exemplo, um nadador pode ser classificado como S8, SB7 ou SM8, indicando sua classificação no nado livre/costas/borboleta, peito e medley individual, respectivamente.
Essas classificações garantem que os atletas disputem contra outros com níveis semelhantes de função, promovendo uma competição justa e reconhecendo as diversas habilidades dentro da comunidade de natação paralímpica.
Formato da Competição
A natação paralímpica, regulamentada pelo IPC, segue uma estrutura semelhante à da natação olímpica, com algumas adaptações para acomodar o sistema de classificação específico dos atletas paralímpicos.
Estilos e distâncias das provas:
- Nado livre: 50m, 100m, 200m, 400m
- Costas: 50m, 100m
- Peito: 50m, 100m
- Borboleta: 50m, 100m
- Medley individual: 150m, 200m
- Rezamentos: 4x50m, 4x100m
Formato Típico das Competições:
-
Provas:
- As competições de natação paralímpica são organizadas com base no tipo de nado (livre, costas, peito, borboleta e medley individual) e na distância (variando de 50 metros a 400 metros).
- Os revezamentos (por exemplo, 4x50m ou 4x100m, tanto no nado livre quanto no medley) também fazem parte da competição
-
Baterias:
- As competições geralmente começam com baterias preliminares. Os nadadores são divididos em baterias com base em seus tempos de entrada.
- O número de baterias e a distribuição dos nadadores são determinados pelo número de inscrições e pelas raias disponíveis na piscina. Os nadadores mais rápidos das baterias (geralmente os 8 ou 10 primeiros, dependendo da prova e das regras da competição) avançam para as finais. As finais podem ser finais A (com os melhores nadadores competindo pelas medalhas) e, em algumas competições, finais B (os nadadores mais rápidos a seguir).
-
Classificação:
- Os nadadores são classificados com base em seus tempos de inscrição. O objetivo é agrupar nadadores com tempos semelhantes na mesma bateria, para garantir corridas competitivas.
- Nas finais, os nadadores são classificados conforme os tempos alcançados nas baterias, com o nadador mais rápido posicionado nas raias centrais.
-
Medalhas e Premiações:
- Medalhas são concedidas aos três primeiros colocados em cada final: ouro para o primeiro lugar, prata para o segundo e bronze para o terceiro.
-
Registro de recordes:
- Recordes mundiais, regionais e de campeonatos são monitorados e reconhecidos pelo IPC.
-
Considerações adicionais:
- Tappers são usados para nadadores com deficiência visual (S11) para sinalizar a aproximação da parede da piscina.
- Nadadores em algumas classificações podem começar da água se não puderem usar os blocos de partida.
Regras e Modificações
- Saída: nadadores com deficiências nos membros inferiores podem iniciar a prova a partir da água.
- Viradas e chegadas: modificações permitem que os atletas realizem viradas e chegadas de acordo com suas deficiências, garantindo segurança e justiça.
- Assistência: nadadores com deficiência visual podem contar com "tappers", assistentes que tocam o nadador para indicar viradas e a chegada.
O que esperar da natação paralímpica em Paris 2024
Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 prometem exibir competições de natação que vão destacar o notável atletismo e espírito esportivo dos atletas. Aqui estão alguns aspectos a serem destacados:
Local
- La Défense: uma instalação de última geração, projetada para ser acessível e oferecer uma experiência de nível mundial para atletas e espectadores.
Inovações e destaques:
- Tecnologia: sistemas avançados de cronometragem e câmeras subaquáticas serão utilizados para garantir medições precisas de desempenho e julgamentos justos das provas.
- Sustentabilidade: os Jogos de Paris 2024 destacam a sustentabilidade, e o local de natação incorporará tecnologias e práticas ecológicas.
Transmissão e cobertura:
- A cobertura extensiva da mídia permitirá que o público global acompanhe toda a ação, com transmissões ao vivo, destaques e reportagens especiais sobre os atletas e suas trajetórias.
Fazendo história na natação paralímpica
Trischa Zorn
Nascida em Orange, Califórnia, Trischa Zorn sempre buscou o ouro. Ela fez história nos Jogos Paralímpicos e é a nadadora paralímpica que detém o recorde de mais medalhas de ouro.
Quantas medalhas são necessárias para estabelecer um recorde mundial? Para nossos leitores, recomendamos que se preparem para o que vem a seguir.
A resposta é 55. Ao longo de sua carreira extraordinária, que começou em 1980 e terminou em 2004, Zorn competiu em sete Jogos Paralímpicos e conquistou um total de 55 medalhas paralímpicas, das quais 41 são de ouro. Ela permaneceu imbatível em suas provas individuais nos Jogos Paralímpicos entre 1980 e 1992 e, aos 32 anos, já acumulava 29 medalhas paralímpicas — 16 de ouro, e o restante entre prata e bronze.
Cega desde o nascimento, Trischa deu poucas chances para suas concorrentes nas categorias que competiu: S12, SB12 e SM12. Esse recorde a torna a atleta americana mais bem-sucedida da história dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos combinados.
Na República da Coreia, Zorn conquistou impressionantes 12 medalhas de ouro. Ela competiu em quatro provas de distância diferentes: 50m, 100m, 200m e 400m. Além disso, nadou em diversos estilos, incluindo borboleta, peito, costas e livre.
Em 2012, suas honrosas conquistas esportivas foram reconhecidas quando foi incluída no Hall da Fama Paralímpico pelo Comitê Paralímpico Internacional.
Béatrice Hess: uma história de sucesso francesa
Reinando ao mesmo tempo que Trischa Zorn, Béatrice Hess é outra rainha das piscinas no que diz respeito à natação paralímpica.
A francesa, que sofre da doença de Pompe — uma forma de esclerose múltipla degenerativa que a priva do uso das pernas — dominou a sua categoria S5.
Em seus primeiros Jogos Paralímpicos, em 1984, ela conquistou quatro medalhas de ouro. Logo depois, vieram outras 16 medalhas de ouro, além de cinco pratas e um bronze. Sua carreira seguiu ativa até sua aposentadoria, em Atenas, 2004.
No entanto, ganhar medalhas não é sua única especialidade. Em 1996, nos Jogos Paralímpicos, Hess foi a porta-bandeira em Atlanta. Ela também assumiu o papel de capitã da equipe francesa nos Jogos de Sydney, em 2000.
Ela pode ser ambiciosa na água, mas também é fora dela.
Atualmente, é membro da Comissão de Porta-Bandeiras Olímpicos e Paralímpicos para Paris 2024, além de integrar a Comissão de Mulheres e Esportes do Comitê Olímpico Internacional e do Comitê Federal da Federação Francesa de Esportes para Deficientes.
Agora com 62 anos, Béatrice Hess é a atleta francesa mais bem-sucedida na história dos Jogos Paralímpicos.