Nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, Fernando segue os passos do irmão Zé Roberto Guimarães no vôlei sentado

Por Gustavo Longo
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Fernando Guimarães, técnico da seleção feminina de vôlei sentado nos Jogos Paralímpicos Paris 2024
Foto por Elsa/Getty Images

Nos Jogos Olímpicos Paris 2024, o técnico José Roberto Guimarães alcançou a quinta medalha com o bronze da seleção feminina de vôlei. Agora, nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, outro membro da família pode alcançar seu primeiro pódio - também nas quadras com o vôlei sentado feminino do Brasil.

Fernando Guimarães é o comandante da seleção brasileira que buscará uma inédita medalha de ouro para a modalidade na capital francesa. A caminhada, aliás, começou muito bem, com uma vitória de 3 a 0 (25/13, 25/10 e 25/7) sobre Ruanda na abertura da competição nesta quinta-feira, 29 de agosto.

Mais do que o mesmo sobrenome, Fernando também compartilha a mesma determinação em busca dos melhores resultados. “Acho que a gente tem muita gana de ganhar, incomoda muito a palavra perda para a gente”, comentou ao GloboEsporte.com quando perguntado sobre as semelhanças que possui com Zé Roberto.

Além disso, foi a carreira do irmão mais velho que o levou ao vôlei. Fez uma carreira “mediana” como atleta, como ele mesmo define, mas que o colocou em contato com vários treinadores e jogadores experientes. Além disso, trabalhou na comissão técnica do irmão de 1995 até 2007, quando já estava na seleção feminina de vôlei.

“Foi bacana, porque deu para aprendermos muito. O que fazemos hoje é adequar o modelo que deu certo na quadra para o vôlei sentado”, explicou em 2016 ao Lance! sobre o período de trabalho com o irmão.

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Frustração em casa fez Fernando Guimarães seguir os passos do irmão

A gana pela vitória é tão grande que Fernando Guimarães não esquece da primeira vez que teve a chance de conquistar uma medalha Paralímpica. Comandando a seleção masculina de vôlei sentado, foi quinto colocado em Londres 2012 e, depois, quarto no Rio 2016, perdendo o bronze para o Egito em casa por 3 a 2.

“Não tem um dia em que eu não pense naquele jogo contra o Egito. Acho que é aprendizado, tudo é seu tempo. Tudo foi doído, mas não adianta, não tem atalho. É trabalho, é experiência”, ponderou ao GE.

Tamanha frustração o fez pedir demissão da equipe masculina e ficar um ciclo inteiro afastado. Contudo, retornou após Tóquio 2020 para comandar tanto os homens quanto as mulheres no Mundial de vôlei sentado em 2022.

O resultado não poderia ser melhor: título inédito no feminino e medalha de bronze no masculino, com ambos os times classificados aos Jogos Paralímpicos Paris 2024.

Depois, seguiu os passos do irmão Zé Roberto Guimarães. Após a experiência com os homens, passou a se dedicar apenas à seleção feminina para buscar a tão sonhada medalha paralímpica - as mulheres, inclusive, vêm de dois bronzes no Rio 2016 e Tóquio 2020.

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Experiência no vôlei e equoterapia levaram Fernando Guimarães ao vôlei sentado

Engana-se quem pensa que o sobrenome famoso foi o principal motivo que levou Fernando Guimarães ao comando técnico da seleção brasileira de vôlei sentado. Quando assumiu a seleção masculina em 2011 com o intuito de profissionalizar a modalidade, pesaram a seu favor a larga experiência no vôlei e também no universo dos portadores de deficiência.

Como atleta de vôlei, ele jogou em equipes como Pirelli (SP), uma das melhores do mundo nos anos 1980 e início de 1990, Hebraica (SP), Corinthians (SP), Mackenzie (SP) e Barueri (SP). Foi treinado por nomes como José Carlos Brunoro e Antônio Carlos Moreno, todos com passagens pela seleção brasileira, além de ter uma passagem pela Áustria no Western Union Graz.

Foi no país europeu que ele se aprofundou na equoterapia, método que utiliza cavalos para estimular o desenvolvimento físico e mental de pessoas com deficiência. Ele foi um dos precursores do conceito no país após se formar em fisioterapia e trabalha nesta área há mais de trinta anos.

“Acho que este conjunto de aprendizados me fez chegar aqui”, sintetizou ao Lance! em 2016.

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