Hugo Calderano: 'Estou muito melhor em cada aspecto do meu jogo'
O Brasil poderá conquistar sua primeira medalha Olímpica no tênis de mesa em Paris 2024?
Hugo Calderano quer ser o homem a conseguir isso, mas sabe a magnitude da tarefa que tem pela frente.
Os mesatenistas da República Popular da China dominam o esporte. O sueco Jan-Ove Waldner, em Barcelona 1992, permanece como o único não-asiático a vencer uma medalha de ouro em qualquer evento do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos.
"Esse é o objetivo da maioria dos melhores jogadores: vencer os chineses", afirma o número 8 do mundo ao Olympics.com e à World Table Tennis. Entretanto, uma vitória recente contra o número 2, Fan Zhendong, deu a ele um brilho extra.
"Acho que isso mostra a mim e talvez a todos os outros que alguns jogadores podem bater os mesatenistas chineses. É sempre bom ver isso, talvez possamos chegar um pouco mais perto e talvez tenhamos alguma chance de derrotar os chineses nos Jogos Olímpicos."
Calderano 'sendo inteligente' em sua preparação Olímpica
Mas o ano Olímpico traz consigo outras complicações, como a preocupação com rankings para obter um bom chaveamento no sorteio, enquanto se tenta não se desgastar excessivamente antes de um momento tão importante.
"Sou consciente de tudo o que acontece. Gosto de calcular e saber tudo sobre os rankings, mas isso não afeta a forma como jogo", diz Calderano. "Nossa agenda está realmente cheia. Temos muitos torneios para brigar por pontos no ranking e para estar num bom ritmo antes dos Jogos Olímpicos."
"É muito importante tentar equilibrar tudo isso e não apenas evitar se cansar, mas também não se machucar. E também se preparar o melhor que puder, para se comprometer a chegar em Paris na melhor forma - o que é difícil de se fazer se você está sempre jogando torneios. Você precisa ser muito inteligente e ter uma ótima preparação."
Permanecendo consistente para sua terceira participação Olímpica
Paris 2024 pode ser a terceira participação de Calderano nos Jogos Olímpicos, com apenas 28 anos (ele faz aniversário no próximo mês de junho), após a estreia em casa na Rio 2016.
"Eu era muito jovem, por volta do 50° do mundo, foi na minha cidade natal, acho que eu tive um ótimo desempenho", ele se recorda. "Cheguei às oitavas de final, vencendo dois oponentes fortes, mas logicamente é difícil sonhar com uma medalha quando você é o número 50 do mundo."
Cinco anos depois, em 2021, Calderano passou a ser considerado um jogador com esperança de medalha, sendo o quarto cabeça-de-chave do torneio. Mas ele teve um desempenho abaixo da expectativa e foi eliminado nas quartas de final.
"Em Tóquio, tive algumas chances de talvez lutar por uma medalha. Acho que eu era um dos principais candidatos, mas isso não aconteceu. Infelizmente, não foi do jeito que eu esperava."
Então, o que mudou nos três anos desde Tóquio 2020? "Estou muito, muito melhor em cada aspecto do meu jogo", Calderano enfatiza. "Estou mais forte fisicamente, mais forte tecnicamente, logicamente estou mais experiente. E estarei mais preparado, também mentalmente, para lutar por uma medalha em Paris."
Nas últimas duas temporadas, Calderano viu a sua forma assumir um tom de 'tudo ou nada': ou grandes campanhas às finais ou quedas precoces.
"Eu não consegui ser tão regular como era no passado, mas, ao mesmo tempo, tive alguns resultados ainda melhores, com muitos títulos e bons desempenhos", ele observa.
"Acho que o circuito agora é muito exigente. Há mais jogadores fortes e as condições diferentes a cada vez são, claro, duras para os mesatenistas. Isso não é uma desculpa, é o mesmo para todos, mas acho que isso afeta os jogadores um pouco."
Calderano também admite que o foco na tentativa de ganhar pontos no ranking para melhorar o chaveamento influenciou. "O sistema de ranqueamento beneficia os jogadores que têm grandes resultados, que ganham talvez um ou dois eventos ou que chegam às semifinais do Grand Smash."
"Então, talvez de certa forma, na minha cabeça, eu sabia que era mais importante conquistar os títulos. Não sei, talvez isso tenha me afetado de alguma maneira, talvez não."
Hugo Calderano já está planejando mais à frente
O tênis de mesa reconhecidamente produziu um número de atletas que disputaram sete edições dos Jogos Olímpicos, conhecido como "Clube dos Sete": Jörgen Persson, Zoran Primorac, Jean-Michel Saive, Segun Toriola e Olufunke Oshonaike.
Embora neste momento Calderano não tenha um olhar tão distante para o futuro, ele está contente em mirar pelo menos mais duas edições dos Jogos: Paris 2024 e LA 28.
"Depois de Paris, ainda terei 28 anos, então acho que ainda sou jovem para um atleta", ele sorri. "Penso que posso jogar por muitos anos, especialmente se eu tiver a mentalidade certa e se cuidar do meu corpo, e estou planejando fazer isso."
Como já afirmou publicamente muitas vezes antes e está disposto a fazer novamente, uma coisa manterá Calderano em frente, independentemente do que acontecer em Paris: "Só quero continuar construindo minha carreira, tentando trazer alguma felicidade e alguns ótimos resultados especialmente para o povo brasileiro e também para as pessoas do meu continente."
"Vou seguir me esforçando. É lógico que seria melhor com uma medalha Olímpica, mas, mesmo que não seja do meu jeito, eu tentarei de novo no próximo ciclo e farei tudo outra vez."
Hugo CALDERANO