O ciclismo nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que acontecem no verão de 2021, se divide em cinco disciplinas, entre as quais se encontra o ciclismo de estrada.
Há uma longa história Olímpica do ciclismo de estrada que data dos primeiros Jogos da era moderna em Atenas 1896.
As estradas montanhosas deste ano vão favorecer os escaladores, mas colocam uma questão interessante: com as corridas dos Jogos caindo apenas uma semana após a conclusão do Tour de France, os grandes nomes realmente estarão em boa forma para esse desafio ou para o contrarrelógio após três semanas difíceis nas estradas francesas? Aqui estão as principais coisas que você deve saber sobre o ciclismo de estrada Olímpico.
Principais ciclistas Olímpicos de estrada em Tóquio 2020
A corrida de estrada para os Jogos de Tóquio 2020, que acontecem em 2021, é claramente de perfil montanhoso, com muitos metros de desnível positivo acumulado. O que nos leva a uma grande questão quanto aos favoritos do Tour de France. Poderão os atletas que disputam a camisa amarela no evento do World Tour vencer o ouro Olímpico?
A pensar nesse objetivo, o italiano Vincenzo Nibali abandonou o Tour de France ao segundo dia de descanso para poder se concentrar e recuperar para Tóquio 2020. A Itália espera recuperar o ouro Olímpico que foge desde Atenas 2004, na altura vencido por Paolo Bettini. Outros nomes vão levar a participação no Tour até ao fim, casos de Tadej Pogacar da Eslovênia, Rigoberto Urán (prata em Londres 2012) e Nairo Quintana da Colômbia, ficando com menos de uma semana de recuperação após três desgastantes semanas na Europa, antes de iniciar o percurso do Monte Fuji.
Entre os principais ciclistas Olímpicos de estrada em Tóquio 2020 a lista é longa. Alejandro Valverde, campeão mundial de corrida de estrada de 2018 no montanhoso percurso de Innsbruck (Áustria), é outro dos que vai concluir o Tour de France. O Bala, como é conhecido, se prepara para liderar a Espanha, campeã Olímpica em Beijing 2008 com Samuel Sanchez.
E não podemos descartar um cenário semelhante ao de Londres 2012, quando o Cazaquistão levou o ouro através de Alexander Vinokurov. Hoje em dia a referência é outra, mas Alexey Lutsenko mostrou tanto no Criterium du Dauphiné como no Tour de France estar em forma.
Belgas voltam com a ambição de reconquistar o ouro
Entre as ausências, destacamos o atual campeão mundial Julian Alaphilippe, que apesar de ter no histórico um quinto lugar no Tour de 2019, não vai aos Jogos Olímpicos pela recente paternidade. Outra das referências que não estará em Tóquio 2020 é o eslovaco Peter Sagan, que apesar de ter três títulos mundiais não tem no Japão um percurso que vá ao encontro das duas características de puncheur, favorecido por percursos explosivos e subidas mais curtas do que as do percurso Olímpico. De resto, o percurso na Rio 2016 já era bastante duro, o que não impediu o triunfo do também puncheur Greg van Avermaet, da Bélgica. Os belgas voltam com a ambição de reconquistar o ouro na prova de fundo, para isso confiam em dois fenômenos: Wout van Aert e Remco Evenepoel. Quanto a Egan Bernal, campeão do Giro de Itália, optou por ficar de fora privilegiando o objetivo Volta à Espanha.
Talvez o público sinta ainda a falta do britânico Chris Froome, duas vezes medalhista de bronze no contra-relógio. Froome é um ciclista que só este ano retomou certa normalidade na carreira, correndo inclusive o Tour de France, embora longe das performances dominadoras do passado desde que sofreu um grave acidente em 2019.
Brasil fica sem presença Olímpica no ciclismo de estrada em Tóquio 2020
Sem representantes nem na prova de fundo nem no contrarrelógio, o Brasil fica sem presença Olímpica no ciclismo de estrada em Tóquio 2020, mesmo tendo em conta que na Rio 2016 teve um excelente resultado com Flávia Oliveira. Ao terminar em sétimo lugar, Flávia Oliveira conquistou o melhor resultado da história do Brasil na corrida feminina.
A lusofonia tem, no entanto, fortes possibilidades de conquistar uma medalha com Portugal, que tem apenas dois representantes, menos do que os cinco elementos que terão na prova de fundo nações como França, Itália ou Bélgica. Mesmo em inferioridade numérica, Portugal leva dois atletas ultracompetitivos: o experiente Nelson Oliveira (7º no contrarrelógio na Rio 2016 e 18º em Londres 2012) e o jovem João Almeida, 4º no Giro de Itália e 15 dias com a camisa rosa na edição de 2020, que confirmou o talento em 2021 voltando a fechar nos 10 primeiros (6º classificado) do Giro.
Equipe neerlandesa é a tradicional potência feminina
A equipe neerlandesa é a tradicional potência feminina, tendo vencido os últimos quatro campeonatos mundiais de corrida de estrada, bem como as Olimpíadas de 2012 e 2016. Marianne Vos, campeã da Londres 2012, e a atual campeã Anna van der Breggen - que pretende se aposentar nesta temporada - provavelmente terão a companhia de Annemiek van Vleuten e talvez Chantal van der Broek-Blaak para apresentarem um elenco forte.
Seu maior desafio deveria vir de nomes como Amanda Spratt da Austrália, Ashleigh Moolman Pasio da África do Sul, Elisa Longo Borghini da Itália ou de Elizabeth Deignan da Grã-Bretanha.
Percurso do contrarrelógio não favorece os puros especialistas
Com um ganho de elevação de cerca de 846 metros, o percurso do contrarrelógio não favorece os puros especialistas, que não estarão entusiasmados com a escalada planejada para o percurso masculino, .
Em vez disso, procure alguém como Primoz Roglic, que mesmo tendo abandonado o Tour de France por queda é dos corredores que melhor anda nesta disciplina e em percursos acidentados. O australiano Rohan Dennis - duas vezes campeão mundial no contrarrelógio e medalhista de prata nas pistas Olímpicas - é outro dos candidatos. O jovem fenômeno Remco Evenepoel, da Bélgica, tal como o seu colega Wout van Aert, são candidatos fortes e o medalhista de prata do Rio, Tom Dumoulin, dos Países Baixos, voltou à atividade após uma pausa especificamente preparando este evento, pelo que não deve ser descartado.
As mulheres terão apenas de enfrentar um ganho de elevação de 423 metros, mas mais uma vez as holandesas serão difíceis de vencer. Se Chloé Dygert, da equipe dos EUA, estiver em forma após sua terrível queda no Campeonato Mundial de 2020, ela pode muito bem ser a outsider, já que no Mundial passado o título teria sido para a norte-americana caso não tivesse sofrido um acidente a alta velocidade quando era líder virtual. Anna van der Breggen, dos Países Baixos, acabou por ficar com a medalha do ouro no Campeonato do Mundo.
Formato do ciclismo de estrada Olímpico em Tóquio 2020
O formato do ciclismo de estrada Olímpico em Tóquio 2020, que acontece no verão de 2021, se divide em dois eventos para cada gênero - uma prova de estrada e um contra-relógio.
As corridas de estrada são eventos com partida em massa - 130 homens, com equipe máxima de cinco elementos, e 67 mulheres, com equipe máxima de quatro elementos - começando ao mesmo tempo em pelotão.
Enquanto os homens percorrem 234km com 4865m de desnível, a prova feminina de fundo tem 137km e um desnível acumulado de 2692m. O percurso masculino dá uma volta extra ao circuito que sobe ao Monte Fuji e também sobe ao Passo Mikuni, enquanto a corrida feminina não inclui as referidas dificuldades – ao invés, as mulheres passam pelo Túnel Yamabushi e o Passo Kagosaka (incluídos na prova dos homens).
Os dois contrarrelógios são provas individuais contra o cronômetro, com atletas a partirem em intervalos de tempo pré-definidos. Os homens vão dar duas voltas a um circuito de 22,1km, enquanto as mulheres cumprem só uma volta.
Programação do ciclismo de estrada Olímpico em Tóquio 2020
As provas de ciclismo de estrada acontecem entre 24 e 28 de julho, com a corrida masculina de fundo agendada para a manhã seguinte à da Cerimônia de Abertura e a corrida feminina um dia mais tarde.
As provas de contrarrelógio acontecem a 28 de julho de 2021.
Hora Padrão Japonesa (UTC +9 horas).
Sáb 24 julho 2021, 11:00 - 18:15
- Corrida de estrada (M)
- Cerimônia da vitória - Corrida de estrada (M)
Dom 25 julho 2021, 13:00 - 17:35
- Corrida de estrada (F)
- Cerimônia da vitória - Corrida de estrada (F)
Qua 28 julho 2021, 11:30 - 17:40
- Contrarrelógio Individual (F)
- Cerimônia da vitória - Contrarrelógio Individual (F)
- Contrarrelógio Individual (M)
- Cerimônia da vitória - Contrarrelógio Individual (M)
Local de competição do ciclismo de estrada em Tóquio 2020
A base dos eventos de ciclismo de estrada será o autódromo Fuji International Speedway situado na entrada do Mount Fuji, a sudoeste de Tóquio.
Tanto a prova masculina como a feminina de fundo partem na zona este de Tóquio junto ao Parque Musashinonomori antes de terminarem no circuito.
Os contrarrelógios individuais decorrerão num percurso que começa e termina no circuito de corridas, ao mesmo tempo que leva os ciclistas pelo campo nas proximidades.
História do ciclismo de estrada Olímpico
O ciclismo de estrada tem estado sempre presente nos Jogos Olímpicos desde Estocolmo 1912, tendo estreado nos primeiros Jogos Olímpicos da era moderna, em Atenas, embora tenham saído do programa Olímpico para as edições de 1900, 1904 e 1908.
As provas femininas só integraram o programa Olímpico em Los Angeles 1984, mas o primeiro contrarrelógio para as mulheres só aconteceu em Atlanta 1996.
Tóquio foi palco da prova de fundo decidida pela menor margem da história Olímpica, em 1964, quando nenhuma fuga conseguiu se estabelecer ao longo da corrida e o título se decidiu por dois centésimos de segundo a favor do italiano Mario Zanin que bateu o dinamarquês Kjell Rodian. Entre os 99 participantes que entraram na meta em pelotão, praticamente com o mesmo tempo do vencedor, nota para um jovem belga chamado Eddy Merckx, 12º nesse dia e que mais tarde viria a se tornar o melhor ciclista de todos os tempos.