Equipe da ginástica artística é primeira delegação brasileira a chegar à Vila Olímpica
Chegou a hora: a seleção brasileira de ginástica artística finalmente chegou à Vila Olímpica nesta quinta-feira, 18 de julho, a exatos oito dias da Cerimônia da Abertura dos Jogos Olímpicos Paris 2024.
Primeira delegação brasileira a desembarcar na França e a receber os uniformes oficiais do Time Brasil, a hora é de mostrar o foco absoluto na adaptação dos atletas, na preparação ostensiva para o início dos Jogos e, claro, aproveitar cada minuto da experiência.
Rebeca Andrade, atual campeã Olímpica da ginástica artística, não escondeu a animação com a chegada à Vila Olímpica.
"Eu quero ver as roupas, eu quero ver os quartos, como vai ser tudo lá; a parte do refeitório, os ginásios. Não sei se chega a ser uma ansiedade, mas a animação, meu Deus do céu! A animação está lá em cima!", disse.
Jade Barbosa também demonstrou felicidade e emoção, mesmo participando da experiência pela terceira vez: esta será sua edição número três em Jogos Olímpicos.
"A gente fica muito realizado por esse momento. Entrar na Vila, estrear, ver a felicidade do pessoal do Time Brasil estampada... Eu acho que é um momento que só o esporte proporciona, né? São poucos dias, passam rápido, são que são muito esperados. Então chegar na Vila, ver o seu quarto, ver que o sonho está se tornando realidade", explicou.
Nas malas, cada uma com quase 23kg, os atletas receberam uma menor (de ombro), mochila, uniformes de vila, treino e pódio, com calças, shorts, camisetas, casacos, meias, tênis, boné e viseira, além de brindes ofertados pelos patrocinadores do Comitê Olímpico Brasileiro. Se alguma peça não servir, pode trocar na hora e, em casos específicos, as ginastas terão duas costureiras para fazerem as alterações necessárias.
O prédio do Time Brasil fica no setor D da Vila Olímpica, perto do refeitório e da área de transporte, evitando grandes deslocamentos dos atletas. Também fica próximo à saída para Saint-Ouen, cerca de 600 metros de distância. Os brasileiroos terão à disposição 47 apartamentos, um total de 313 camas e diversos serviços à disposição.
Brasil chega a Paris com melhor campanha de todos o tempos
Com 24 atletas na delegação, o país terá representantes nas “três ginásticas” – artística, rítmica e de trampolim – cujas equipes participaram juntas da aclimatação pela primeira vez, dividindo espaços de treinamento, equipamentos e acomodações na região de Troyes, cidade a 180 km de Paris.
"Ter conseguido vir antes e realizar o que a gente precisava para essa preparação foi excelente. Temos os equipamentos que serão os mesmos das competições, o fuso horário, o público. Sentir aquela energia da torcida e saber que as pessoas aqui também torcem pela gente é muito bom", destacou Rebeca.
Entre as três modalidades, a ginástica artística é a que mais rendeu medalhas para o Brasil em Jogos Olímpicos – são seis no total – e chega a Paris com uma equipe forte, com ótimos resultados e séries no ciclo Olímpico, contando com Rebeca Andrade como figura central. A atual campeã Olímpica vai defender a histórica medalha de ouro conquistada em Tóquio 2020.
Ao lado dela estarão Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira. Entre os homens, o já veterano e medalhista de bronze no solo no Rio 2016 Arthur Nory tem a companhia do também titular Diogo Soares.
No feminino, a delegação conta ainda com as suplentes Andreza Lima e Carolyne Pedro, e no masculino os reservas são Caio Souza e Yuri Guimarães.
União e evolução das ginásticas do Brasil
O período preparatório tem sido importante para unir os participantes das três modalidades, neste momento que pode ser considerado histórico. É a primeira vez que o Brasil se classifica para participar de todas elas - nos Jogos Rio 2016 houve representantes em todos os esportes brasileiros por conta da condição de país anfitrião. Em Paris, a situação é diferente: todas as vagas asseguradas na ginástica rítmica, na ginástica artística e no trampolim são consequência do bom ciclo Olímpico realizado.
"Olha o quanto a gente evoluiu", analisa Rebeca Andrade. A gente está colocando nosso nome na historia e deixando um legado para as novas gerações. Isso é muito significativo", diz.
Jade Barbosa completa: "Esse é um momento muito especial pra gente, que gente trabalhou muito duro pra estar aqui. Estamos levando o Brasil para cada modalidade com muito amor".
Jade Barbosa destacou ainda a evolução em outros pontos, que vão desde a possibilidade de contar com uma equiope multidisciplinar bastante completa, interagir com os outros ginastas no espaço de treinamento conjunto, até o acesso a materiais, tecidos e collants - que, no caso da ginástica artística, são desenhados com a colaboração dela própria.
"Com o trabalho duro e bem feito você conqusta coisas em varias esferas, e nós conquistamos. Nós temos as medalhas, temos a equipe disciplinar, temos os collants que a gente mesmo desenhou. Eu vim de uma geração onde a gente não tinha facilidade de acesso a tecidos, materias ou collants, era algo novo. São muitos pontos positivos", avalia.
O segredo bem guardado dos collants Olímpicos
Jade antecipou que haverá ainda mais surpresas em relação aos collants que serão usados pela ginástica artística durante os Jogos. Nos treinamentos, o collant desenhado por ela em homenagem ao Ginga, mascote do Cômite Olímpico Brasileiro (COB) e do Time Brasil fez sucesso, mas tem mais novidade vindo por aí.
"Foi meu pai quem começou a produzir os meus collants e eu passei a ajudar. Hoje, existe mais liberdade para desenhar, e durante os jogos vamos usar coisas diferentes, mais as cores do Brasil. Eu estou super ansiosa, mas não posso falar muito mais sobre isso", despista a veterana, que deixa claro o que a move dentro da modalidade, logo nesse dia de chegada a Vila Olímpica de Paris 2024: "Meu sonho é tornar o esporte popular", finaliza.