EUA arrancam apoteótica virada sobre a Sérvia e enfrentarão a França na final do basquete masculino
Os Jogos Olímpicos Paris 2024 ganharam um épico na semifinal do basquete masculino. Estados Unidos e Sérvia fizeram uma partida desde já lendária, valendo vaga na decisão. Os sérvios pareciam prontos a desbancar os favoritos na Arena Bercy, nesta quinta-feira, 8 de agosto. A equipe liderada por Nikola Jokic fazia uma atuação perfeita taticamente e chegou a abrir 17 pontos de vantagem. Porém, os EUA acionaram o modo “Dream Team” para uma virada estelar, arrancada no final, por 95 a 91.
Stephen Curry foi o cestinha dos Estados Unidos, com 36 pontos. O armador deu vida ao time quando os americanos não estavam bem e também foi decisivo na hora da virada. Conseguiu nove cestas de três pontos. LeBron James foi outro que cresceu no momento decisivo, com um triplo duplo – 16 pontos, 12 rebotes e 10 assistências. É apenas o quarto triplo duplo em Jogos Olímpicos, o segundo de LeBron. Menção ainda a Joel Embiid, em sua melhor apresentação pelos EUA, com 19 pontos.
Na Sérvia, o cestinha foi Bogdan Bogdanovic, com 20 pontos. Nikola Jokic contribuiu com 17 pontos e ainda ofereceu 11 assistências. Apesar da boa apresentação do astro da NBA, foi impossível frear a seleção americana quando o time realmente cresceu. Os EUA anotaram 32-15 no último quarto, numa diferença vital à reviravolta instantaneamente memorável.
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Na outra semifinal, a França prevaleceu contra a campeã mundial Alemanha e disputará sua segunda final Olímpica consecutiva no basquete masculino. Os alemães chegaram a abrir dez pontos de início, mas a França ganhou consistência na sequência da partida e dominou o garrafão para o triunfo por 73-69.
A final do basquete masculino em Paris 2024 acontece no próximo sábado, 10 de agosto, às 16h30 (de Brasília). Já o bronze será disputado também no sábado, às 6h.
A grande atuação da Sérvia
Estados Unidos e Sérvia haviam se enfrentado na fase de grupos em Paris 2024. Não foi uma vitória difícil para os americanos, com o placar de 110 a 84 logo na estreia. Contudo, os sérvios assimilaram as lições. Tentariam reproduzir a façanha sob o nome de Iugoslávia na Copa do Mundo 2002, capazes de tirar os americanos nas quartas de final em Indianápolis. Outra inspiração era o jogo parelho na fase de grupos da Rio 2016, quando os sérvios quase ganharam. Alguns remanescentes de oito anos atrás estavam presentes.
O sonho da Sérvia durou 35 minutos, tempo em que o time esteve na liderança do placar. Os três primeiros quartos foram excelentes, com vantagem que se sustentava. O problema aconteceu quando os Estados Unidos, de fato, resolveram apresentar o seu melhor. O último quarto teve uma das atuações mais impressionantes de uma seleção no basquete Olímpico. Valeu o triunfo por 95 a 91.
Stephen Curry começou o jogo quente, com 11 pontos em pouco mais de três minutos. Coletivamente, porém, a Sérvia funcionava melhor. Os sérvios tinham mais variações e trancavam os espaços para as demais estrelas americanas. Respondiam também com qualidade na linha de três e abriram vantagem. Aleksa Avramovic e Bogdan Bogdanovic garantiam os pontos, quase sempre municiados pelas assistências de Nikola Jokic. Mesmo com as substituições, os sérvios prevaleceram. Ganharam o quarto por 31-23.
O apagão dos EUA se tornou ainda maior no início do segundo quarto. Foi quando a vitória começou a se tornar palpável para a Sérvia, abrindo 17 pontos. Vasilije Micic também fazia uma partida brilhante e contribuía à liderança. Mesmo que Joel Embiid aparecesse mais, a diferença de pontos se ampliava com a eficiência dos sérvios. Duas cestas de três de Avramovic em assistências de Jokic auxiliaram a vitória parcial por 54-43 rumo ao intervalo.
Os EUA não se encontraram mesmo na volta para o terceiro quarto. A Sérvia mantinha a intensidade e estava mais encaixada em quadra. Jokic era uma evidente liderança, digno MVP, e os coadjuvantes chamavam a responsabilidade em momentos específicos, como Ognjen Dobric. Os EUA dependiam mais do esforço individual, em especial de Curry e Embiid. Com os americanos nas cordas, os sérvios fizeram nove pontos consecutivos no fim do quarto, com auxílio de Marko Guduric. A parcial de 76-63 deixava a vitória perto.
O último quarto supremo dos EUA
O último quarto, contudo, guardou a versão mais fantástica dos Estados Unidos. Foi necessário que os craques atuassem em seu máximo. LeBron James já tinha bons números, mas bateu no peito mesmo neste momento. A calibragem de Stephen Curry também não se perdia. Kevin Durant era mais efetivo. Joel Embiid prevalecia no garrafão. Mesmo que Jokic e Bogdanovic lutassem, a vantagem era demolida. As bolas de três não entravam mais.
O empate dos Estados Unidos pintou a menos de quatro minutos do final, com LeBron James, para 84-84. A virada inescapável saiu numa cesta de três de Steph Curry, anotando 87-86. Logo depois, ninguém pararia LeBron ou impediria a bandeja de Curry. Foram oito pontos seguidos que deram o 91-86. Nunca a Sérvia se recuperou. Jokic deu uma sobrevida a 26 segundos do fim, com 93-91 na contagem. Entretanto, os EUA gastaram o relógio e ainda foram para a linha de lance livre com Curry, para fechar os 95-91.
Esta pode ser a estreia de Stephen Curry em Jogos Olímpicos, mas o armador já protagoniza um jogo para ser lembrado por muito tempo. Acreditou quando o restante do time parecia perdido e converteu bolas cruciais no final. LeBron James, por sua vez, sublinhou o jogador completo que é. Mesmo tão veterano, é fora da curva e quem aparece quando mais necessário.
Os Estados Unidos chegam a 18 finais em Jogos Olímpicos. São 16 ouros e uma prata. Resta saber se o apoio da torcida será suficiente para empurrar a França. Como time, a Sérvia parecia mais forte. Os sérvios lutarão pelo bronze, após pintarem no pódio pela última vez com a prata na Rio 2016 – sem chances contra os EUA naquela final.
A virada da França diante da Alemanha
A França vinha sob enormes expectativas para o torneio Olímpico de basquete masculino, em especial pela ascensão do astro Victor Wembanyama. O time, porém, teve problemas na preparação e oscilou em Paris 2024. Apesar dos percalços, os franceses cresceram na hora certa e estarão na final. Derrotaram a campeã mundial Alemanha na semifinal, num jogo que começou duríssimo, mas teve a virada francesa por 73-69.
Numa partida equilibrada, a França aproveitou melhor os erros da Alemanha, assim como teve mais eficiência dentro do garrafão. Destaque para Guerschon Yabusele, com 17 pontos, seguido pelos 16 de Isaia Cordinier. Já Victor Wembanyama contribuiu com 11 pontos, mas ainda liderou o time com sete rebotes, quatro assistências e três tocos. Na Alemanha, Dennis Schröder foi o cestinha, com 18 pontos.
A Alemanha fez um primeiro quarto muito forte. A defesa realizava um excelente trabalho e o ataque convertia as chances. Os alemães anotaram 12-2 em apenas três minutos, com destaque aos cinco pontos de Franz Wagner. A França pediu tempo e, depois de um momento, melhorou. Isaia Cordinier liderou a reação, que deixou o placar em 18-16 para os alemães. Diante da ameaça, a rotação foi importante à Alemanha, com os jogadores do banco auxiliando a recuperar o placar em 25-18 ao final do quarto.
O segundo quarto começou com muitos erros de ambos os times e contato físico na marcação. Quando o jogo começou a fluir, a França prevaleceu e reduziu a diferença. Foi um momento importante para Victor Wembanyama entrar na partida e pontuar com mais frequência. A Alemanha, por sua vez, sentia falta de seus protagonistas. Guerschon Yabusele foi outro a tomar a liderança da França e, com uma enterrada de Wemby, o empate por 33-33 veio antes do intervalo.
A virada da França aconteceu no início do terceiro quarto, com uma cesta de três de Nicolas Batum. Yabusele dominava o garrafão e, com nove pontos, foi fundamental ao momento dos franceses. Dennis Schröder ainda tentava evitar o pior, mas as cestas de três pontos pendiam à França. Evan Fournier acertou de fora do perímetro e garantiu a parcial de 56-50 antes do final do quarto.
Diante do equilíbrio, o último quarto seria tenso. A França, no entanto, estava mais calibrada para sustentar a vantagem. Wembanyama e Frank Ntilikina fizeram novas bolas de três, com uma vantagem de 13 pontos, 66-53. A Alemanha dependia de seus coadjuvantes, em especial Isaac Bonga e Andreas Obst, que lideraram a reação. Já Franz Wagner, que vinha de dois quartos silenciosos, conseguiu acertar uma bola de longe a 39 segundos do fim para reduzir o placar para 70-68 aos franceses.
O jogo ainda estava aberto nesta reta final e os dois times cometeram erros. Porém, a França foi mais inteligente para administrar a vantagem e contar com os lances livres. Wembanyama e Cordinier fizeram pontos fundamentais para que o placar subisse para 73-69 nos sete segundos finais. Na última chance, Schröder ainda tentou fazer um milagre do meio da quadra, mas errou e os franceses comemoraram.
Esta é a quarta final da França no basquete masculino dos Jogos Olímpicos. A missão é mudar a cor da medalha, após as pratas em Londres 1948, Sydney 2000 e Tóquio 2020. Já a Alemanha tentará conquistar uma medalha inédita no basquete masculino, na luta pelo bronze.