Victor Alvares de Oliveira leva a esgrima de Cabo Verde aos Jogos Olímpicos pela primeira vez em Paris 2024

Por Mateus Nagime
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Victor Alvares de Oliveira
Foto por Augusto Bizzi

A esgrima de Cabo Verde terá seu primeiro representante na história dos Jogos Olímpicos. Victor Alvares de Oliveira recebeu uma das cotas de Universalidade distribuídas pela Comissão Tripartite e participará da disputa do florete em Paris 2024. A informação já havia sido divulgada pelo Comitê Olímpico Cabo-Verdiano, e foi anunciada de forma oficial pela Federação Internacional de Esgrima (FIE).

Ao todo haviam oito vagas a serem distribuídas, duas originalmente da Universalidade e seis pela realocação de vagas de país-sede, já que a França classificou equipe completa de forma direta. Outras duas vagas de Universalidade foram concedidas a Ruanda, com Tufaha Uwihoreye na espada feminina, e Líbano, com Philippe Wakin, também no florete masculino.

Além disso, a FIE também anunciou a realocação via ranking de cinco vagas, finalizando assim a distribuição das 212 vagas do esporte. Alexis Bayard (SUI), na espada masculina; Anna Bashta (AZE) e Nisanur Erbil (TUR) no sabre feminino; Carlos Llavador (ESP), no florete masculino; e Ruien Xiao (CAN) na espada feminina ficaram com as vagas.

O Brasil obteve três vagas ao total na esgrima, com Guilherme Toldo, no florete masculino, Mariana Pistoia, no florete feminino, e Nathalie Moellhausen, na espada feminina.

Os Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) têm autoridade exclusiva sobre a representação de seus respectivos países nos Jogos Olímpicos, por isso a participação dos atletas em Paris 2024 depende, portanto, de seus CONs selecioná-los para fazerem parte da delegação para os Jogos.

Nascido na França, Victor Alvares de Oliveira descobriu a esgrima primeiro na literatura

Nascido na cidade francesa de Reims, Victor Alvares de Oliveira passou muitos anos de sua infância em hospitais, devido a uma asma severa, adquirindo o hábito da leitura. Foi lá que descobriu “Os Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas. Além disso, ele era alérgico ao pólen, então eram poucos os esportes que ele poderia praticar. Foi assim que descobriu a esgrima.

"Eu ainda tinha que fazer o dobro de esforço dos outros atletas quando estávamos fazendo exercícios. Mas minha asma estava melhorando", lembrou Alvares de Oliveira em uma entrevista exclusiva ao Olympics.com.

Sua mãe tinha raízes espanholas e portuguesas, enquanto seu pai cresceu em Cabo Verde, país em que ia ocasionalmente para visitar sua família. Já morando em Paris e treinando com a seleção nacional francesa, o Comitê Olímpico Cabo-Verdiano (COCV) o convidou para não só representar o país, mas para estimular o esporte no arquipélago.

"Decidi em 2018 aceitar o vínculo com a federação esportiva nacional de Cabo Verde. O plano era estabelecer a esgrima em Cabo Verde para desenvolver o esporte para as crianças", disse Alvares de Oliveira.

Após frustração no Pré-Olímpico Tóquio 2020, o sonho Olímpico será realizado 'em casa'

O sonho Olímpico ficou muito próximo em 2021, quando ele perdeu a final do Pré-Olímpico Africano. Desde então, ele segue representando Cabo Verde no circuito mundial da Federação Internacional de Esgrima, terminando em 78º lugar no Campeonato Mundial de 2023.

"Atualmente, sou o único esgrimista profissional de Cabo Verde. Agora temos algumas pessoas que estão praticando esgrima em Cabo Verde. Também temos conexões com escolas porque esse é o objetivo: abrir oportunidades para crianças no esporte”.

Com uma lesão no joelho, Vitor caiu nas quartas de final do Pré-Olímpico Africano deste ano. Porém, seu esforço e trajetória deram frutos e o sonho Olímpico finalmente se transformará em realidade em poucas semanas. Já de volta a Paris, ele dá os toques finais em sua preparação para os Jogos Olímpicos. Ele competirá no próximo Campeonato Africano de Esgrima em Casablanca, Marrocos, em 8 de junho.

"Fiquei muito feliz, mas também aliviado porque é um sonho, um objetivo, um alvo", disse Alvares de Oliveira. "É legal porque agora tenho a chance de ir a um grande evento em casa, com família e amigos, e também competir em um dos locais históricos. Costumava ver, sonhar com isso”, fazendo referência ao Grand Palais des Champs-Élysées, um dos ícones arquitetônicos de Paris.

“Assistia a essas competições (no Grand Palais) quando era mais jovem como fã. E agora serei eu lá dentro com a oportunidade de aproveitar o evento. É incrível!", completou o futuro atleta Olímpico.