Mais confiante, basquete 3x3 do Brasil entra na Copa do Mundo sonhando alto

Em 2022, pela primeira vez o basquete 3x3 do Brasil passou de fase em uma disputa da Copa do Mundo da modalidade graças à equipe feminina. “Foi realmente uma etapa de aprendizado”, resume Vitória Marcelino, uma das estrelas da campanha. Agora, os atletas brasileiros sonham alto nesta temporada.

O Brasil é uma das seleções presentes tanto no masculino quanto no feminino na Copa do Mundo de Basquete 3x3 2023. A competição acontecerá em Viena, na Áustria, entre 30 de maio e 4 de junho, e é um importante evento para pontuar no ranking internacional e definir os participantes nos eventos classificatórios aos Jogos Olímpicos Paris 2024.

“No ano passado a gente teve uma grande experiência no Mundial e também nos outros campeonatos que participamos. Também tivemos sessões de treinos e isso conta muito para a gente. Vamos chegar lá mais preparado, mais confiante. Esse é o diferencial: estamos com mais bagagem”, afirmou Vitória.

A equipe feminina avançou no grupo, mas parou no play-in antes de chegar às quartas de final. Mesmo assim, a 11ª posição é a melhor da história do basquete 3x3 do Brasil na competição – o time masculino foi 16º. Neste ano, o objetivo é chegar às quartas de final da Copa do Mundo e, porque não, ir além.

“O basquete 3x3 do Brasil vem obtendo resultados internacionais e eu acredito que vamos chegar lá de igual para igual. A gente vai buscar uma medalha, sim”, sintetiza a atleta.

A missão, contudo, não será fácil. No feminino, o Brasil está no Grupo A ao lado da França, atual campeã mundial, Espanha, quinta colocada na última Copa do Mundo, Países Baixos e Áustria, o país-sede.

No masculino, também na chave A, o time brasileiro enfrentará Sérvia, dona de cinco ouros em sete edições do Mundial, França, bronze na temporada passada, Alemanha e Madagascar. O campeão de cada grupo avança direto às quartas de final, enquanto o segundo e terceiro colocados avançam ao play-in.

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Confiança do basquete 3x3 do Brasil vem da AmeriCup 2022

A confiança dos atletas do basquete 3x3 do Brasil vem pelo desempenho demonstrado na AmeriCup 2022 da modalidade. Na ocasião, as mulheres conquistaram a medalha de prata e os homens foram bronze, garantindo a vaga para a Copa do Mundo. “Foi a melhor competição que a gente fez”, afirma Vitória Marcelino.

A atleta foi, de longe, a principal cestinha entre homens e mulheres, com 55 pontos em sete jogos e eleita para o trio ideal da competição. Mesmo assim, ela ficou com a sensação de que poderia ter conquistado mais, sobretudo após vencer Canadá, vice-campeã mundial, na fase de grupos.

“Ficou aquele gostinho de que dava para conquistar o ouro. A gente fez um jogo muito bom contra as canadenses e vimos que tínhamos totais condições de ser campeãs. Mesmo assim é sensacional, somos uma seleção que vem surpreendendo e deixou sua marca ali”, explicou.

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Basquete 3x3 do Brasil quer mudar status com Jogos Olímpicos

“Paris é logo ali”, brinca Vitória Marcelino ao ser perguntada sobre os principais objetivos na modalidade. Presente nos Jogos Olímpicos desde Tóquio 2020, o esporte ainda dá seus primeiros passos no país. Uma classificação aos Jogos de Paris 2024 seria fundamental nesse processo de consolidação.

“Era uma modalidade de brincadeira, de final de semana, mas agora, como obteve esse espaço no cenário internacional, fora do país já tem uma visão diferente. E eu acredito que no Brasil a gente está conquistando coisas também no 3x3. Nos últimos quatro anos, quando eu comecei, já teve uma mudança significativa. Daqui para frente é só crescer”, comenta.

Mesmo assim, sua principal fonte de renda é o basquete tradicional. Atualmente, Vitória é atleta do SESI Araraquara na Liga de Basquete Feminino. Para competir nas duas modalidades, ela conta com o apoio do clube, que a permite treinar com a seleção sempre que convocada.

“Os clubes estão entendendo essa importância do basquete 3x3 e dando mais oportunidade para conhecer a modalidade e até ter essa conciliação das atletas de liberar a gente para representar a seleção”.

Basquete 3x3 trouxe intensidade para Vitória Marcelino

Até porque única coisa semelhante entre as duas modalidades “é a bola no coador”, como brinca Vitória Marcelino sobre as cestas. Ao longo de quatro anos dividindo sua carreira entre o basquete 3x3 do Brasil e seus compromissos no 5x5 dentro das quadras, a atleta soube identificar bem as diferenças – e como melhorar a partir delas.

“No 3x3 sempre que eu entro em quadra, estou com frio na barriga porque a gente nunca sabe o que vai acontecer. É muito imprevisível. Para mim é muito diferente o modo de jogar, o sistema de jogo, a forma como você olha para a partida, a tática defensiva...”, explica.

Essas peculiaridades a fizeram ser uma jogadora mais “intensa” em qualquer prática de basquete. “Não dá mais para cadenciar, precisa estar no jogo 100% a todo momento”, confessa. Outra característica fundamental é reconhecer que não há tempo a perder para lamentações em caso de insucesso. “Acabou o jogo, tira um tempo para pensar, mas não dá para ficar um dia, dois dias se remoendo”.

Os números dizem por si: praticamente todas as médias da atleta evoluíram na Liga de Basquete Feminino após conciliar sua carreira com o 3x3. Se em 2018 ela fazia 5.7 pontos, pegava 3.5 rebotes e dava 0.56 assistências por jogo, na última temporada ela alcançou 14.2 pontos, 9.8 rebotes e 3.13 assistências de média.

Início nas quadras, mas paixão pelo basquete 3x3 do Brasil

Natural de Jacareí, São Paulo, Vitória Marcelino experimentou vários esportes na infância, como handebol, futebol, karatê e judô. Mas foi no basquete, modalidade que o pai praticava no local onde trabalhava, que ela também se encontrou. Começou na cidade natal e depois seguiu carreira nas principais equipes do país, como São José, Sampaio Corrêa e Blumenau até chegar em Araraquara.

Mas como o basquete 3x3 do Brasil entrou em sua vida?

Rafaella Bauerfeldt, atualmente técnica da seleção feminina, foi a responsável por levar Vitória à modalidade. “Ia ter um evento sobre o 3x3 com treinadores do exterior e ela falou para eu ir treinar porque queria me levar para o time sub-23. Eu fui, treinei e gostei. É uma modalidade apaixonante”.

A convocação veio na sequência e Vitória Marcelino foi representar o Brasil nos Jogos Mundiais de Praia em Doha, no Catar, com apenas um treino na modalidade. O resultado, porém, foi melhor do que o esperado: quarta posição entre 16 países participantes, inclusive com vitória sobre os Estados Unidos, que tinha, entre outras, Jackie Young, campeã olímpica 3x3 em Tóquio 2020, e Napheesa Collier, campeã olímpica nas quadras.

“Ali reviveu muitas coisas, emoções, esse sentimento de friozinho na barriga. A partir dali a Rafaella me deu mais oportunidades em outras convocações e eu venho aproveitando para dar o meu melhor e continuar defendendo a seleção brasileira de 3x3”, concluiu.

Basquete 3x3 do Brasil: convocação para Copa do Mundo

São quatro jogadores por equipe no basquete 3x3. O Brasil anunciou até o momento a convocação para fase de treinos antes da Copa do Mundo da modalidade. A lista final deve ser definida nos próximos dias. Confira os últimos convocados: 

Equipe masculina

• André Ferros - São Paulo DC
• Jonatas Mello - Praia Clube/Uberlândia
• Jefferson Socas - Praia Clube/Uberlândia
• William Weihermann - Praia Clube/Uberlândia
• Léo Branquinho - Praia Clube/Uberlândia
• Rafael Rachel - União Corinthians
• Daniel Von Haydin - Cerrado Basquete
• Ruan Miranda - Cerrado Basquete

Treinador: Luca Carvalho

Equipe feminina

• Thayná Silva - Sodiê Doces/Mesquita/LSB
• Gabriela Soares - SESI Araraquara
• Vitória Marcelino - SESI Araraquara
• Lays da Silva - Santo André
• Vanessa Sassá - Santo André
• Juliana Souza Maria - Bax Catanduva
• Luana Batista de Souza - Unisociesc/Blumenau
• Leila Zabani - Unisociesc/Blumenau

Treinadora: Rafaella Bauerfeldt

Basquete 3x3 do Brasil: tabela de jogos

O basquete 3x3 do Brasil fará quatro partidas na primeira fase da Copa do Mundo da modalidade. Confira a tabela e programação dos jogos no fuso horário de Brasília:

Equipe masculina

Terça-feira, 30 de maio

13:15 – Brasil x Alemanha

15:25 – Brasil x França

Quinta-feira, 1º de junho

13:40 – Brasil x Madagascar

15:50 – Brasil x Sérvia

Equipe feminina

Terça-feira, 30 de maio

12:10 – Brasil x França

14:45 – Brasil x Países Baixos

Quinta-feira, 1º de junho

12:35 – Brasil x Áustria

14:45 – Brasil x Espanha