"Tenho uma selfie com ele", disse Chloe Covell sorrindo só o suficiente para esconder sua timidez. "Estava muito nervosa para pedir".
Sentando em uma sombra no forte calor de Roma em junho de 2022, Covell, de 12 anos, estava descrevendo um encontro com o lendário skatista Nyjah Huston.
Não é segredo que atletas se admiram, mas o americano é mais do que um ídolo para a jovem australiana. É o motivo pelo qual ela subiu em um skate:
"Só vi ele andando. As manobras que ele fazia eram tão legais e ele fazia tudo com tanta facilidade", disse Covell, lembrando de sua primeira vez vendo Huston, no X Games, aos seis anos de idade.
"Então eu comecei. Não foi fácil, mas está melhorando."
Covell dispara em direção ao sucesso
'Melhorando' é uma maneira de descrever a trajetória de Covell no skate street.
Ascensão meteórica, porém, é uma expressão mais precisa. Tudo começou com o bronze no X Games Chiba de 2022.
Sua habilidade de andar switch (base trocada), que impressionou os árbitros nos X Games, teve um efeito similar no pré-olímpico de Roma no meio do ano.
Na Itália, ela conseguiu chegar à final, junto às três medalhistas de Tóquio 2020. Ela terminou em sétimo lugar, provando que os X Games não foram um resultado isolado.
"Quando ela compete, ela melhora ainda mais", diz o treinador Tommy Fynn sobre Covell.
Fynn e Covell têm trabalhado juntos por dois anos.
"Ver ela ganhar aquele bronze nos X Games fez com que eu ficasse com lágrimas nos olhos. Fiquei tão orgulhoso dela. Não acreditava. Ela está evoluindo tão rápido. Está lidando tão bem com tudo isso, com tanta facilidade. Ela é tão descolada e está se divertindo também. Está arrasando", elogiou Fynn.
Desde Roma, Covell somou mais conquistas.
Nos X Games de verão, a australiana ganhou a prata para se tornar a primeira atleta a subir a dois pódios antes de completar 13 anos.
Uma semana depois, ela bateu mais um recorde, com o terceiro lugar no Dew Tour, tornando-se a mais jovem atleta a ter subido ao pódio no evento.
Com estes resultados, ela conseguiu um convite para a Street League. Com a mesma calma dos outros eventos, ela ficou em segundo na sua estreia em Las Vegas, atrás apenas de Rayssa Leal.
Assim como seu treinador Fynn, Covell acredita que dividir o espaço com as melhores a ajudou a ganhar confiança:
"Comecei a competir com oito ou nove anos. No meu primeiro torneio, estava com muito medo. Mas foi ficando mais fácil agora que eu conheço muita gente. Todo mundo é divertido e legal. Eles me ajudam a ser melhor."
Matando aula para assistir a Tóquio 2020
Entre eventos internacionais, filmagens de parts [vídeos em que skatistas mostram suas manobras] e treinos, Covell também joga futebol.
Ao ser perguntada se ela é tão boa com a bola quanto com o skate, ela responde com confiança: "Estou no time sub-13 da Premier League nacional. Então sim", disse, sorrindo.
Skate, futebol e escola significam que Covell tem um calendário apertado. É por isso, ela admite, que teve que 'matar aula' para ver o skate nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020:
"Eu realmente deixei a escola mais cedo para poder assistir. Mas valeu a pena, foi legal."
Os Jogos Olímpicos Paris 2024 estão na mira de Covell e ela espera dar um passo a mais nessa direção no Mundial de Skate Street 2022, em Sharjah.
Com vários pódios nos maiores eventos, Covell tem tudo para brigar por mais uma medalha e seguir seu caminho rumo ao topo do esporte.