O adiado Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo chegou ao fim em 6 de junho, com a repetição da final de 2019 entre Canadá e Finlândia. Desta vez, foi o Canadá que prevaleceu, vencendo por 3 a 2 na prorrogação.
O torneio aconteceu em Riga, na Letônia, depois de um atraso de dois anos devido à pandemia, mas valeu a espera, já que os torcedores tiveram um torneio repleto de momentos marcantes. Confira os principais resultados e as histórias mais interessantes do Mundial na Letônia.
Um campeonato de surpresas
Houve zebras quase todo dia na primeira semana do torneio em Riga. Quem poderia esperar que o Canadá começaria com três derrotas seguidas e quase seria eliminado na fase de grupos? No primeiro jogo, os anfitriões letões derrotaram o Canadá por 2 a 0 em sua primeira vitória diante dos fundadores do hóquei na história.
Os canadenses prosseguiram com um desempenho decepcionante, perdendo por 5 a 1 para os EUA e por 3 a 1 para a Alemanha.
"Três derrotas seguidas do Canadá, você não espera isso."
– O treinador do Canadá Gerard Gallant, ao site da IIHF.
O Canadá se recuperou das três derrotas consecutivas vencendo as três partidas seguintes. No entanto, uma derrota para Finlândia no último jogo da fase de grupos significou que os canadenses tiveram que esperar pelo resultado da partida entre Alemanha e Letônia para descobrir seu destino. Felizmente para o Canadá, a vitória da Alemanha por 2 a 1 os colocou na rodada de play-offs.
O torneio na Letônia será lembrado por muitas vitórias inéditas. A Dinamarca jamais havia vencido a Suécia (4 a 3) no Mundial antes, nem Belarus (1 a 0). Já o Cazaquistão superou a Finlândia pela primeira vez (2 a 1). Por outro lado, a Suécia, que foi superada pela República Tcheca (4 a 2) e pelo Comitê Olímpico Russo (3 a 2), ficou fora da fase eliminatória pela primeira vez desde 1937.
"É um grande fracasso para mim como técnico e para nós como nação do hóquei. Não estamos felizes com o resultado, mas é o que é."
– disse o treinador sueco Johan Garpenlov ao site da IIHF.
O desempenho do Cazaquistão, com uma vitória sobre a Finlândia, foi bastante inesperado. Os cazaques também passaram por Letônia, Alemanha e Itália. Eles poderiam ter feito uma estreia histórica nos play-offs se tivessem derrotado a Noruega, o que parecia bem possível, mas os escandinavos foram mais fortes.
Grã-Bretanha ainda ousa sonhar
No último Campeonato Mundial, a equipe britânica, com alguns jogadores que têm outros empregos além do hóquei, ganhou o coração dos torcedores. Voltando à primeira divisão pela primeira vez desde 1994, eles perderam seis jogos e estavam levando um 3 a 0 da França, mas conquistaram uma virada por 4 a 3. Desta forma, o Team GB manteve seu lugar na primeira divisão em 2019. Os britânicos comemoram como se tivessem vencido o Mundial.
Porém, neste ano, eles estavam mais confiantes. Além da primeira vitória do país no tempo normal desde 1962 (4 a 3 contra Belarus), eles também deram trabalho à Eslováquia (perdendo por 2 a 1) e estiveram perto de derrotar a Dinamarca (3 a 2 no tempo extra). O mais surpreendente é que um jogador britânico se tornou o melhor sniper da fase de grupos. Liam Kirk, que marcou sete gols, é o primeiro jogador nascido e treinado na Inglaterra a ser draftado na NHL.
Durante a ascensão dos britânicos à primeira divisão, o mantra do time tem sido ‘Ouse sonhar’. Desta vez, eles provaram que não era só uma frase.
“Estamos ainda ousando sonhar, com certeza. Quando viemos em 2019, senti que estávamos um pouco emocionados com a situação e assimilando tudo, em vez de ir para cima dos adversários. Estávamos felizes de estar lá, contentes com qualquer coisa que acontecesse. Agora, voltamos com outra atitude."
– disse o atacante britânico Robert Dowd ao site da IIHF.
Sem rebaixamentos
Os britânicos e os bielorrussos tiveram apenas uma vitória em Riga, mas o principal perdedor do torneio foi a Itália, derrotada em todos os jogos. Os italianos tomaram 41 gols e marcaram 11, um a mais que Belarus. Porém, a Itália jogou sem medo de ser eliminada da divisão de elite neste ano, já que não houve rebaixamentos. Portanto, eles podem tirar conclusões para ter um desempenho melhor entre os 16 melhores times do mundo no próximo ano.
Vencedores e medalhistas
O fato de que o Canadá quase não sobreviveu à fase de grupos não desencorajou a equipe de se redimir. Nas quartas de final, a equipe de Gallant derrotou o Comitê Olímpico Russo, cujo gol foi defendido por Sergei Bobrovsky – bicampeão do Troféu Vezina. Mas até um dos jogadores mais famosos do torneio não os salvou da derrota.
Se contra os atletas do Comitê Olímpico da Rússia o destino do Canadá foi decidido por uma jogada no tempo extra, a semifinal contra os americanos, que haviam vencido a Eslováquia (6 a 1), teve uma equipe canadense muito mais confiante. Os canadenses pareceram ter esquecido da partida na fase de grupos, em que perderam para os vizinhos por 5 a 1. A vitória por 4 a 2 assegurou os canadenses na final. O time americano, que não vence o Mundial há 88 anos, espera pela próxima chance. Por ora, eles se contentam com o bronze conquistado diante da Alemanha (6 a 1).
No jogo pelo ouro, os canadenses reencontraram os atuais campeões da Finlândia, que haviam vencido o título contra o Canadá dois anos antes. No seu caminho para a final, os finlandeses venceram todas as suas partidas, exceto contra o Cazaquistão, para quem sofreram uma derrota incrível.
Na final, a Finlândia liderou duas vezes, mas em ambas os canadenses empataram em seguida. O gol de ouro foi marcado aos 6:26 no tempo extra ilimitado 3-em-3 por Nick Paul – com placar final de 3 a 2.
Outro canadense, Andrew Mangiapene, foi nomeado o MVP do Campeonato Mundial de Hóquei no Gelo IIHF 2021, com sete gols e quatro assistências.
“É insano como nos superamos. Fomos os azarões em todos os jogos, e continuamos provando que as pessoas estavam erradas."
– disse Andrew Mangiapane, ao site da IIHF, antes da final.
O Canadá ganhou o ouro no Mundial pela 27ª vez, e pela primeira vez em cinco anos. Nenhuma equipe havia perdido quatro jogos e levado o ouro. Mas quem se lembrará do susto no começo? Como sabemos, vencedores não serão julgados. Agora resta saber se o Canadá voltará a conquistar o ouro Olímpico nos Jogos de Inverno Beijing 2022.