Tênis: relembre as campanhas do Brasil nos Jogos Olímpicos
O Brasil conquistou seu melhor resultado no tênis em Jogos Olímpicos em Tóquio 2020, com a inédita medalha de bronze obtida por Luisa Stefani e Laura Pigossi nas duplas.
Em Paris 2024, o país terá a presença de Pigossi, Beatriz Haddad Maia, Thiago Monteiro e Thiago Wild jogando simples, além de Stefani nas duplas com Bia.
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Antes da medalha na capital japonesa, como foi o desempenho do Brasil desde Seul 1988, quando a modalidade voltou de vez a fazer parte do programa Olímpico?
O Olympics.com conta um pouco dessa história e fala sobre o desempenho desses tenistas.
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Em Seul 1988, apenas uma vitória
O Brasil mandou tenistas para Seul 1988. Um deles foi o paulista Luiz Mattar, cujo melhor ranking da carreira foi o 29º lugar. Ele caiu na primeira rodada de simples diante do australiano Wally Masur por 3 sets a 2.
Nas duplas, Mattar fez parceria com Ricardo Accioly, o Pardal, ex-técnico de Fernando Meligeni e ex-capitão do Brasil na Copa Davis. Eles ganharam dos japoneses Shuzo Matsuoka e Toshihisa Tsuchihashi na estreia, porém caíram em quatro sets diante dos franceses Henri Leconte, ex-top-5 de simples, e Guy Forget, que chegou a ser número quatro do mundo.
Na chave feminina de simples, Gisele Miró foi a representante brasileira. A paranaense, então ocupando a 137ª posição no ranking feminino, estreou com uma boa vitória diante da canadense Helen Kelesi, à época a número 22 do mundo. No entanto, na rodada seguinte ela acabou superada pela búlgara Katerina Maleeva, décima favorita.
Barcelona 1992 vê Jaime Oncins chegar às quartas
A dupla feminina em Barcelona 1992 foi formada por Andrea Vieira, a Dadá Vieira, cuja melhor posição em simples foi a de número 76, e Claudia Chabalgoity, que chegou a ser a 102ª do mundo. Depois de derrotarem as suecas Anna Catarina Lindqvist e Maria Lindström, elas foram eliminadas pelas australianas Rachel McQuillan e Nicole Bradtke na segunda rodada.
Nas duplas masculinas, Mattar foi para sua segunda edição dos Jogos, agora ao lado de Jaime Oncins. Eles caíram na estreia para os espanhóis Emilio Sánchez e Sergio Casal em cinco sets. Em simples, Mattar perdeu na estreia para o neerlandês Paul Haarhuis.
Dadá também disputou simples e perdeu, logo na primeira rodada, para a búlgara naturalizada suíça Manuela Maleeva, irmã de Katerina, que ganhou de Gisele Miró em Seul.
Por sua vez, Oncins fez a primeira grande campanha de um brasileiro no tênis Olímpico ao chegar às quartas de final de simples masculino, superando na estreia um jovem Michael Chang, que viria a ser número dois do mundo. Na segunda rodada, passou pelo neerlandês Mark Koevermans.
Entretanto, o hoje capitão do Brasil na Copa Davis não resistiu a Andrei Cherkasov, da Comunidade de Estados Independentes (CEI), perdendo em cinco sets.
Meligeni e o quarto lugar em simples em Atlanta 1996
Quatro anos depois de Oncins chegar às quartas, Fernando Meligeni foi além: único representante brasileiro nas simples masculinas, ele chegou à disputa da medalha de bronze, mas caiu diante do indiano Leander Paes por 2 sets a 1, de virada.
Meligeni passou pelo italiano Stefano Pescosolido na estreia, na segunda rodada derrubou o espanhol Albert Costa, cabeça seis, e em seguida superou ninguém menos que o australiano Mark Philippoussis. Nas quartas de final, triunfo sobre o russo Andrei Olhovskiy.
Na semifinal, Fininho encarou outro espanhol: Sergi Bruguera. Ele acabou perdendo e teve de encarar Paes, que à época já era conhecido pelos bons resultados em duplas. O indiano jogou melhor e levou para casa aquela que foi a primeira medalha do seu país no tênis Olímpico.
Nas duplas femininas, Miriam D’Agostini e Vanessa Menga perderam na estreia para Olga Barabanschikova e Natalya Zvereva, de Belarus.
Segundo favorito em Sydney 2000, Gustavo Kuerten sai nas quartas
Quatro anos depois de ver Meligeni quase ficar com o bronze em simples, o Brasil teve outra boa chance em Sydney 2000, com um Gustavo Kuerten que vinha como terceiro do mundo e segundo cabeça de chave do torneio – no fim daquele ano, ele venceria a Masters Cup (hoje o ATP Finals) para alçar o topo do ranking.
Guga começou a campanha com um duplo 6-1 diante do desconhecido Christophe Pognon, de Benin, e na segunda rodada passou pelo alemão Rainer Schuettler por duplo 6-4. Em seguida, superou o croata Ivan Ljubicic por 7-6(2) e 6-3.
Porém, nas quartas o brasileiro se viu diante de Yevgeny Kafelnikov, que também chegou ao número um da ATP. O russo, um de seus principais rivais à época, ganhou a partida por 6-4 e 7-5, quebrando uma série de três triunfos seguidos de Guga nos duelos anteriores. Ele viria a conquistar a medalha de ouro naqueles Jogos, batendo o alemão Tommy Haas.
Na dupla com Oncins, Guga novamente perdeu para a parceria que viria a ser campeã, dos canadenses Daniel Nestor e Sebastian Lareau.
Vanessa Menga e Joana Cortez jogaram a chave de duplas femininas e chegaram à segunda rodada, quando perderam para as húngaras Petra Mandula e Katalin Marosi-Atacama.
Em Atenas 2004, a maldição de perder para o campeão seguiu com Kuerten: dessa vez, o brasileiro caiu na estreia para o chileno Nicolás Massú, futuro medalhista de ouro em simples e duplas.
O segundo representante do Brasil em simples foi Flávio Saretta. Ele também perdeu na estreia, mas para o americano Andy Roddick.
Nas duplas, Saretta e André Sá ganharam na estreia de uma dupla da Espanha, formada pelo ex-número 1 do mundo Carlos Moyá e por um jovem Rafael Nadal, que vinha de conquistar seu primeiro título da ATP, em Spot (Polônia), uma semana antes de o tênis Olímpico daquele ano começar.
Em seguida, os brasileiros foram superados por Kevin Ullyett e Wayne Black, do Zimbábue. O país não mandou representantes nas disputas femininas de simples ou duplas.
Em Beijing 2008, Thomaz Bellucci e Marcos Daniel perderam na estreia em simples para o eslovaco Dominik Hrbaty e o austríaco Jurgen Melzer, respectivamente. Nas duplas, Marcelo Melo e André Sá foram eliminados na segunda rodada, para os indianos Mahesh Bhupathi e Leander Paes.
Pela segunda edição seguida dos Jogos, o Brasil não mandou representantes em simples ou duplas femininas – fato que se repetiu em Londres 2012.
O Brasil teve na grama de Wimbledon Bellucci em simples – perdeu para Jo Wilfried Tsonga – e nas duplas, ao lado de André Sá. Eles perderam para os irmãos americanos Bob e Mike Bryan, uma das melhores parcerias da história da modalidade.
Marcelo Melo e Bruno Soares também jogaram duplas pelo Brasil e foram até as quartas, perdendo para Tsonga e Michael Llodra.
Participação nos cinco eventos nos Jogos Rio 2016
Atuando diante de sua torcida no Centro Olímpico de Tênis, o Brasil teve representantes nos cinco eventos de tênis da programação do Rio 2016 – inclusive nas duplas mistas, evento que foi iniciado em Londres 2012.
Nas simples masculinas, Bellucci foi até as quartas de final, derrotando pelo caminho rivais experientes como o uruguaio Pablo Cuevas e o belga David Goffin, que vinha como oitavo favorito. Ele só foi cair diante de Rafael Nadal por 2 sets a 1, de virada, parciais de 2-6, 6-4 e 6-2.
Já Rogério Dutra Silva ganhou na estreia do italiano Thomas Fabbiano e perdeu em seguida para o veterano francês Gael Monfils, então sexto favorito, por 6-3 e 6-4.
Terceiros favoritos nas duplas masculinas, Bruno Soares e Marcelo Melo também foram às quartas de final, perdendo para os romenos Florin Mergea e Horia Tecau por 6-4, 5-7 e 6-2.
Bellucci e André Sá surpreenderam ao ganhar na primeira rodada de Andy Murray (que viria a ser ouro em simples) e seu irmão Jamie em dois tie-breaks, para depois cair diante dos italianos Fabio Fognini e Andreas Seppi por 5-7, 7-5 e 6-3, de virada.
Na chave de simples feminino, Teliana Pereira levou 6-1 e 6-2 da francesa Caroline Garcia, e nas duplas também não passou da primeira rodada, ao lado de Paula Gonçalves, perdendo das espanholas Garbiñe Muguruza e Carla Suárez Navarro.
Teliana ainda jogou dupla mista com Marcelo Melo e teve a chance de se vingar da derrota para Garcia em simples, superando a francesa e seu compatriota Nicolas Mahut. Na segunda rodada, não foram páreo para Bethanie Mattek-Sands e Jack Sock, dos Estados Unidos, que acabariam campeões.
Em Tóquio 2020, a sonhada medalha veio
Nos Jogos da capital japonesa, o tênis brasileiro teve representantes em quatro dos cinco eventos, mas caiu na estreia em três deles. Em simples masculino, Thiago Monteiro e João Menezes foram eliminados para o alemão Jan-Lennard Struff e o croata Marin Cilic, respectivamente, enquanto Melo e Marcelo Demoliner foram derrotados por Mate Pavic e Nikola Mektic, também da Croácia e que seriam medalha de ouro nas duplas masculinas.
Nas mistas, Melo e Stefani perderam para Novak Djokovic e Nina Stojanovic.
O único evento em que o Brasil venceu uma partida – e muito mais que isso, a inédita medalha – foi nas duplas femininas, com Stefani e Pigossi.
Na estreia, as brasileiras superaram as canadenses Gabriela Dabrowski e Sharon Fichman por 7-6(3) e 6-4. Na partida seguinte, elas superaram match point diante das tchecas Karolina Pliskova e Marketa Vondrousova, vencendo por 2-6, 6-4 e 13 a 11 no super tie-break.
Pelas quartas, outro triunfo no super tie-break, agora diante das americanas Mattek-Sands e Jessica Pegula, por 1-6, 6-3 e 10 a 6.
Na semifinal, Luisa e Laura abriram 4 a 0 e chegaram a ter set point diante das suíças Belinda Bencic e Viktorija Golubic, mas as brasileiras acabaram levando a virada e perdendo por 7-5 e 6-3.
A disputa pelo bronze teve como adversárias Veronika Kudermetova e Elena Vesnina. Depois de salvarem match points contra, as brasileiras conseguiram o inédito feito ao vencer a partida por 4-6, 6-4 e 11 a 9 no super tie-break. O resultado? A histórica medalha para o Brasil. Há a expectativa de mais uma vez subir ao pódio em Paris, mas será muito difícil se comparar com essa conquista.