Caio Bonfim e a marcha da longevidade: 'A idade mudou, mas a vontade aumentou'

Paris 2024

Duas vezes medalhista mundial, marchador brasileiro sonha com o pódio Olímpico e garante que se motiva para todas as competições, incluindo os Jogos Pan-Americanos Santiago 2023. 'É como se eu estivesse iniciando minha carreira', ele disse com exclusividade ao Olympics.com, em busca da terceira medalha seguida na competição.

4 minPor Sheila Vieira
Caio Bonfim
(Miguel Schincariol/Getty Images)

Há oito anos, Caio Bonfim conquistava sua primeira medalha Pan-Americana na marcha atlética, o bronze em Toronto 2015. Ele foi ainda mais longe em Lima 2019, com a prata, além de mais dois bronzes mundiais, o último em 2023, em Budapeste.

Único brasileiro a subir ao pódio no Mundial de Atletismo deste ano, Caio é o líder da delegação brasileira em Santiago 2023.

"Ser medalhista do Campeonato Mundial coroou o trabalho de conseguir um resultado importante para a marcha atlética. A Viviane foi quarta nos 35km, a Gabriela Muniz de 21 anos fez sua melhor marca, o Max Batista também. A gente espera estar no nosso melhor momento ali. Eu vi eles começando, então é legal fazer parte disso de alguma forma", disse Caio com exclusividade ao Olympics.com, ressaltando seu papel em construir um legado para a modalidade.

Aos 32 anos, depois de tantas temporadas entre os melhores do mundo, qual é o segredo de continuar desempenhando excelência?

"Querer. Às vezes o atleta não quer mais, aí vai desanimando, vai fazendo outras coisas. A idade mudou, mas a vontade de querer treinar e trabalhar, essa paixão pelo processo, aumentou. Você mentalmente vai conseguindo manter uma rotina sólida e um trabalho consistente para continuar evoluindo", explicou.

"O auge é a próxima temporada e vamos prolongando este auge, não sei até quando. Mas a vontade ter que ser a mesma ou maior. A palavra-chave é vontade de querer estar entre os melhores e ser o seu próprio melhor", acrescentou.

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Caio Bonfim comemora bronze na marcha atlética de 20km durante o Campeonato Mundial de Atletismo Budapeste 2023. Foto: Wagner Carmo/CBAt

(Wagner Carmo/CBAt)

Caio Bonfim: 'Se quero um resultado diferente, tenho que fazer coisas diferentes'

Um grande sonho que mantém Caio querendo cada vez mais é o pódio Olímpico, que ele tentará novamente em Paris 2024.

"Estou indo para a minha quarta Olimpíada. Não é brincadeira. Se errar, só daqui a quatro anos... ou não. Quando passei a linha de chegada na Rio 2016 em quarto, essa era minha pergunta. Vou ter outra chance? Fiquei a cinco segundos da medalha", lembrou.

"Essa medalha [bronze no Mundial de Budapeste] me dá uma confiança para chegar bem lá, trabalhar como nunca trabalhei. Se quero um resultado diferente, tem que fazer coisas diferentes. E na Olimpíada, aí é o dia da Olimpíada."

Em uma disciplina desgastante como a marcha atlética, em que os atletas competem de 20km a 25km, Caio acredita que o melhor descanso é competir mais.

"Qualquer prova, eu estou motivado. Participo do Campeonato Estadual lá em Brasília e do Troféu Brasil desde 2009. Estou representando o meu país. Tenho que pensar como se fosse meu primeiro ano de atleta. Qual seria meu sonho em um ano de Pan-Americano? Estar lá. É como se eu estivesse iniciando minha carreira. A emoção do primeiro Pan está dentro de mim", garantiu.

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Caio Bonfim: 'Esses resultados são porque me tornei pai'

Enquanto falava sobre suas metas, seus filhos Miguel, 4 anos, e Théo, 2, 'invadiram' a entrevista para estarem juntos a Caio. O marchador aproveitou para contar como a paternidade o ajudou a cuidar mais da saúde.

"Quando nasce um filho, nasce um pai. Pode ter certeza de que esses resultados são porque me tornei pai. A diferença da primeira medalha para a segunda é essa. O Miguel fez eu me alimentar bem, porque ele tem alergia à proteína do leite, então precisa comer certinho. Eu vi ele falando e brinquei ‘como vou ser medalhista Olímpico não tendo uma boa alimentação perto dele?’", afirmou.

"O Théo me ensinou a dormir melhor, porque ele dorme muito cedo. E se eu não dormisse junto, perigava não dormir. O atleta é fogo, relaciona tudo à performance. Meus filhos me ajudaram e minha esposa, Juliana, que me dá todo apoio. Eu viajo 180 dias por anos, então ela cuida dos meninos por seis meses."

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