Medalhista paralímpica, Bruna Alexandre faz história ao disputar Jogos Olímpicos

Por Gustavo Longo
4 min|
Bruna Alexandre
Foto por Gaspar Nóbrega/COB

Antes mesmo de estrear nos Jogos Olímpicos Paris 2024, Bruna Alexandre já tinha feito história. Ao fazer parte da equipe feminina do Brasil no tênis de mesa, ela se tornou na primeira atleta Paralímpica do país a ser convocada para a competição Olímpica. O feito, contudo, é apenas o primeiro que ela pretende alcançar na capital francesa.

A atleta de 29 anos integra, ao lado das irmãs Giulia e Bruna Takahashi, a equipe feminina brasileira que tentará pela primeira vez ganhar um confronto na disputa Olímpica. Presente nas últimas três edições dos Jogos (Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020), o time sempre foi eliminado logo na primeira rodada.

Depois, quando começar os Jogos Paralímpicos, ela quer se tornar na primeira atleta do país a conquistar uma medalha de ouro na modalidade. Até o momento, o Brasil possui três pratas e cinco bronzes no retrospecto histórico. Bruna Alexandre esteve em quatro delas, incluindo o bronze no Rio 2016 e a prata em Tóquio 2020 na categoria individual da classe 10.

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“Eu espero estar pronta para os Jogos Olímpicos e conseguir a medalha de ouro em Paris [nos Jogos Paralímpicos]. Em Tóquio, eu consegui a prata, mas vejo que minha preparação está cada vez melhor”, confidenciou ao site da ITTF.

Bruna fala com a confiança de quem acredita no seu planejamento. Se no início da carreira nem mesmo seus familiares "estavam ligando muito”, como ela afirmou ao Olympics.com, agora é diferente. “Estou deixando claro para o técnico e para a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa que o caminho que tenho feito está certo”, pontuou.

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Bruna Alexandre começou no tênis de mesa convencional

Com apenas seis meses de idade, Bruna Alexandre precisou ter o braço direito amputado – uma injeção mal aplicada evoluiu para uma trombose. Isso não a impediu de que, aos sete anos, começasse a praticar o tênis de mesa convencional, competindo com crianças que tinham os dois braços e, portanto, maior equilíbrio na hora do jogo.

“Quando comecei a disputar os campeonatos estaduais em Santa Catarina, ganhei de atleta da seleção e comecei a ver que poderia fazer uma boa carreira, melhorar cada vez mais”, explicou.

Aos 11 anos, veio a primeira convocação para a seleção brasileira infantil, antes mesmo dela conhecer o tênis de mesa paralímpico – o que só ocorreria em 2009, aos 13 anos. Com um saque potente e cada vez mais adaptada à velocidade do jogo convencional, ela garantiu seu espaço entre as melhores do Brasil.

Foi bicampeã brasileira, contribuiu com a classificação da equipe aos Jogos Olímpicos Paris 2024 com a prata no Pan-Americano da modalidade (inclusive com uma vitória decisiva sobre Porto Rico) e garantiu o bronze nos Jogos Pan-Americanos 2023. Títulos que não se comparam às barreiras que ela consegue derrubar.

“O que eu mais fico feliz de jogar o [tênis de mesa] Olímpico é mostrar para todo mundo que a deficiência não é nada, que a gente consegue fazer tudo. E é isso que me dá mais motivação de continuar a jogar”.

Skate e futsal ajudam Bruna Alexandre no tênis de mesa

Em um esporte tão dinâmico quanto o tênis de mesa, era natural que Bruna Alexandre encontrasse dificuldades no início de sua carreira. A principal delas está relacionada ao equilíbrio no momento de realizar as jogadas. Entretanto, tudo é questão de adaptação e, claro, muito treinamento.

Duas modalidades foram fundamentais nesse sentido: o skate e o futsal. Com eles, conseguia treinar mais seu equilíbrio. “O skate proporciona essa noção de corpo e de equilíbrio. A força do corpo inteiro tem que estar estável. Se você amolece, você tropeça”.

Porém, nada se compara à experiência adquirida ao longo de praticamente 18 anos de competições regionais, nacionais e, agora, internacionais no tênis de mesa Olímpico. O contato com atletas da modalidade convencional a fez melhorar seu jogo – a ponto de convocá-la para Paris 2024 tanto na disputa Olímpica quanto na Paralímpica.

“Hoje, por exemplo, quase não tenho dificuldade no equilíbrio. Eu consigo chegar em todas as bolas. Posso estar caindo, mas eu chego”, diverte-se.