Paralímpica que joga no tênis de mesa convencional, Bruna Alexandre pratica skate para melhorar equilíbrio

Por Virgílio Franceschi Neto
4 min|
A brasileira Bruna Alexandre, do tênis de mesa.
Foto por Márcio Mercante

Aos 28 anos de idade e 21 deles dedicados ao esporte, será a primeira atleta Paralímpica brasileira a disputar os Jogos Pan-Americanos. Há pouco mais de um mês ela fez parte da equipe que ajudou o país a conquistar uma vaga por equipes em Paris 2024.

Aos 28 anos de idade e 21 deles dedicados ao tênis de mesa, a catarinense Bruna Alexandre é um dos principais nomes da modalidade no país, e que vai representar o Brasil nos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023. Sem um dos braços, será a primeira atleta Paralímpica da história a disputar o evento.

No entanto, o seu início foi no tênis de mesa convencional, aos sete anos. "Quando comecei, eu não tinha nenhum objetivo no tênis de mesa. Fui e quando eu vi, eu já fui convocada com a seleção infantil", relembrou Bruna em entrevista ao Olympics.com.

Uma convocação que aconteceu quando tinha apenas 11 anos. Desde então, não mais saiu das seleções brasileiras. "Quando eu comecei a jogar os estaduais de Santa Catarina, que eu ganhei de atletas que era da seleção, aí eu comecei a ver que eu podia chegar num caminho legal, melhorar cada vez mais. E foi onde a Confederação me conheceu", acrescentou.

Uma das suas principais conquistas na carreira foi recentemente, em Cuba, ao ajudar a equipe feminina do Brasil a obter uma vaga nos Jogos Paris 2024. Um feito que deixa Bruna animada para o Pan em Santiago: "Eu saí de Cuba muito feliz, muito satisfeita com o meu nível. Estou confiante, eu quero chegar no pódio dos Jogos Pan-Americanos."

Relembre | Seleções brasileiras de tênis de mesa asseguram vaga em Paris 2024

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Equilíbrio e saque: pontos fortes de Bruna Alexandre

Devido à condição física, teve dificuldades quando começou no esporte, mas não demorou para se adaptar . "O tênis de mesa Olímpico me ajuda muito. Hoje, por exemplo, quase não tenho dificuldade no equilíbrio. Eu consigo chegar em todas as bolas. Posso estar caindo, mas eu chego", explicou Bruna.

Ao mesmo tempo que se dedicava ao tênis de mesa, trabalhava o equilíbrio jogando futsal e andando de skate. "O skate proporciona essa noção de corpo e de equilíbrio. A força do corpo inteiro tem que estar estável. Se você amolece, você tropeça."

Chegando em todas as bolas e com o trabalho do equilíbrio, Bruna Alexandre especializou-se no saque, um dos seus pontos fortes. Com apenas uma das mãos e a bolinha em cima da raquete, a joga para o alto e, durante o seu deslocamento no ar, se prepara para colocá-la do outro lado da mesa. "Consigo sacar igual ao pessoal que tem dois braços", explicou.

Alto astral e bastante comunicativa, ela também contou como a família viu sua relação com o esporte: "No começo eles não estavam ligando muito, 'será que ela vai conseguir?' Hoje a gente conseguiu uma vaga para os Jogos Olímpicos lá em Cuba e minha família falou 'nossa, desde aquele tempo você falava de ir aos Jogos Olímpicos, você falava de verdade mesmo', e hoje eles botam fé."

Resultados de Bruna Alexandre vão além do esporte

Bruna Alexandre é atualmente bicampeã brasileira no tênis de mesa convencional, títulos de que ela se orgulha, mas que vão muito além de rankings ou classificações. "O que eu mais fico feliz de jogar o [tênis de mesa] Olímpico é mostrar pra todo mundo que a deficiência não é nada, que a gente consegue fazer tudo. E é isso que me dá mais motivação de continuar a jogar", ressaltou.

E tem mostrado. No começo do ano ela estava sem ranking e hoje, após o Sul-Americano e o Pan-Americano da modalidade, em Cuba, já é a número 198. "Estou deixando claro para o técnico e para a Confederação Brasileira de Tênis de Mesa que o caminho que tenho feito está certo. E também tenho que estar positiva. Em Cuba só perdi um jogo", finalizou.

Nos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023, a disputa do tênis de mesa acontece de 29 de outubro (domingo) a 5 de novembro (domingo). Serão sete eventos valendo medalhas, dois individuais, três de duplas e dois eventos por equipes. Em Santiago serão distribuídas duas vagas para Paris 2024, para as duas melhores duplas mistas. Não haverá disputa por vagas no individual ou por equipes - que foi o Pan-Americano da modalidade, em Cuba.