Mais vagas, mais medalhas: as metas do Brasil para Paris 2024 segundo Paulo Wanderley, presidente do COB
Para buscar o melhor desempenho da história do Brasil em Paris 2024, o Comitê Olímpico Brasileiro mira eventos que distribuem vagas diretas, como os Jogos Pan-americanos de 2023. Saiba mais sobre a preparação brasileira para os próximos Jogos Olímpicos.
Nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020, o Brasil bateu o seu recorde de medalhas (21), de modalidades que subiram ao pódio (13) e igualou a marca história de ouros (sete). Naturalmente, as expectativas para Paris 2024 serão altas.
“É difícil chegar numa posição dessa, mas tão ou mais difícil é se manter”, disse Paulo Wanderley, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, ao Olympics.com.
Até o momento, o Brasil está classificado para Paris 2024 no futebol feminino, após o título da Copa América. Muitas vagas serão definidas em 2023, com destaque para os Jogos Pan-americanos, em Santiago, no Chile, que darão cotas Olímpicas em 33 modalidades.
Confira abaixo a entrevista com Wanderley para saber mais sobre o planejamento do Brasil rumo a Paris 2024.
‘Estamos nos preparando para Paris 2024 há muito tempo’
Para ter uma presença ostensiva no Pan de 2023, o COB optou por levar uma forte delegação aos Jogos Sul-americanos de 2022, que terminam neste sábado, em Assunção, no Paraguai, e oferecem vagas diretas para Santiago em 18 esportes.
“A classificação para os Jogos Olímpicos passa pelos Jogos Sul-americanos, porque lá algumas modalidades se classificam para o Pan-americano, que por sua vez classifica para as Olimpíadas. Também tem as modalidades que se classificam pelos rankings das suas federações internacionais. Então tudo isso é um passo a passo que estamos cumprindo bem”, comentou Wanderley.
Para o dirigente, os eventos regionais são importantes para movimentar a comunidade Olímpica.
“É importante que os melhores do mundo possam se classificar por ranking, mas também é importante que haja oportunidades nos eventos continentais para manter a cadeia produtiva. O Pan é muito importante para a gente, sim, e o nosso principal foco é a classificação Olímpica. Mais ainda, um resultado Olímpico.”
No Pan de Lima 2019, o Brasil terminou na segunda colocação no quadro de medalhas, atrás dos EUA. Repetir este resultado é um dos objetivos do COB antes dos próximos Jogos Olímpicos.
“Essa posição no continente americano é difícil, evidentemente, o esforço é maior, mas estamos voltados para isso. Não é de agora, estamos nos preparando para Paris 2024 há muito tempo”, afirmou.
‘Sucesso do surfe e do skate não foi surpresa’
Quase 20% das medalhas do Brasil em Tóquio 2020 vieram de dois esportes que entraram no programa Olímpico na última edição dos Jogos: uma no surfe e três no skate. A importância desses esportes para a evolução Olímpica do Brasil não passou despercebida pelo COB.
“O sucesso do surfe e do skate não foi uma surpresa para nós, porque temos muita tradição de conquistas mundiais. Temos mais um campeão mundial, o Filipe Toledo, além do Ítalo Ferreira campeão Olímpico e do Gabriel Medina, que está sempre disputando. Até o quinto lugar tem brasileiro disputando. O skate também continua bem. Os esportes tradicionais como vôlei, vôlei de praia, judô nos dão alegria, e os de luta, como taekwondo e boxe estão crescendo bastante. Enquanto algumas são constantes em pódio, outras vão surgindo”, lembrou Wanderley.
A novidade de Paris 2024 será o breaking, que fará seu primeiro Mundial do ciclo Olímpico nos dias 21 e 22 de outubro, em Seul, na República da Coreia.
“Eu não conhecia o breaking, mas tive a oportunidade de ver um evento deles e me surpreendi, eles são muito bons. Estarei na Coreia durante o Mundial e vou fazer questão de assistir”, disse o presidente.
Para esportes em desenvolvimento, Wanderley acredita que intercâmbios e campos de treinamento internacionais são essências para alavancar os atletas.
“Sem intercâmbio, você não evolui. Você pode ser o melhor da sua cidade, do seu estado, do país. É preciso ter o confronto com outras experiências. É fundamental em todos os sentidos, até para trazer de volta o conhecimento não só para o atleta, mas para o treinador também.”
Superando Tóquio
O COB prefere ainda não divulgar uma meta de número de pódios para Paris 2024, mas um dos objetivos é ampliar o número de modalidades nas quais o Brasil será representado.
“A meta de Paris é superar os resultados de Tóquio, quer seja em número de medalhas ou de medalhas de ouro. Mas quando acontecerem os mundiais do próximo ano, você terá uma visão mais próxima da realidade. O que posso dizer é que em função do trabalho sendo realizado é que não abro mão da possibilidade de termos um resultado melhor que Tóquio.”
O presidente do COB ressaltou que, por mais que os brasileiros estejam se familiarizando com as peculiaridades dos esportes Olímpicos, ainda é preciso compreender que muitos fatores influenciam um resultado.
“Crescemos em relação ao número de medalhas e essa é uma proposta nossa, o quantitativo de medalhas. Mas sabemos que a distância de uma medalha de ouro para um quinto lugar é muito pequena. Em alguns esportes, é um detalhe que decide. E ainda temos no Brasil uma cultura que não aceita o quinto lugar.”
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‘Criatividade é importante numa crise’
Os últimos anos foram especialmente desafiadores para o movimento Olímpico, com o adiamento de Tóquio 2020 em um ano e todas as repercussões da pandemia de Covid-19, que também afetaram a preparação para Paris 2024. Segundo Wanderley, o COB encarou essas mudanças como uma oportunidade.
“O ciclo é curto para todo mundo. Então as condições e as dificuldades são semelhantes. A criatividade é importante numa crise, é necessária para sobreviver e avançar. Uma ação que fizemos e que foi copiada por muita gente foi buscar outros países durante a pandemia para ter tranquilidade e segurança para treinar. Vamos continuar fazendo muitos intercâmbios até a chegada dos Jogos de Paris”, disse Wanderley.
Outro passo importante para o COB foi o convênio com a cidade de Saint-Ouen, que será a base de treinamentos e tratamento dos atletas brasileiros durante Paris 2024.
“Nós tivemos um custo menor do que fazer a parceria com clubes, e terá instalações tão boas quanto”, afirmou Wanderley. “Não contaram com a nossa astúcia. Fomos lá bem cedo, antes da Olimpíada de Tóquio, mantivemos contato e fechamos o convênio em junho deste ano. Houve concorrência sim, mas nós ganhamos.”