De Paraisópolis para o Pan 2023: Bianca Silva e Robert Tenório são forças das seleções brasileiras de rugby

Por Virgílio Franceschi Neto
4 min|
Bianca Silva em ação pela seleção brasileira de rugby sevens, as Yaras.
Foto por Bruno Ruas

Além da vasta trajetória internacional por clubes e nas equipes nacionais do Brasil, ambos têm as mesmas origens em São Paulo. Revelados por projeto que une esporte e educação, buscam feito inédito para a modalidade em Santiago.

O rugby do Brasil tem experimentado crescimento nos últimos 15 anos. Ora mais, ora menos, ele existe e se percebe no aumento das competições regionais e nacionais, no número de clubes com categorias de base e equipes adultas, atletas disponíveis às seleções inferiores e principal, bem como brasileiros que partem disputar ligas profissionais mundo afora.

Dois deles são Bianca Silva e Robert Tenório, que voltam depois de meses no exterior a fim de darem ao rugby do país nos Jogos Pan-Americanos 2023, uma inédita conquista. Ambos participam pela segunda vez do evento.

As Yaras querem superar o bronze de Toronto 2015, enquanto os Tupis querem a medalha que lhes foi tirada em Lima 2019 no último lance do jogo.

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Mesmas origens e semelhantes trajetórias de Bianca Silva e Robert Tenório

Para isso as Yaras contam com Bianca Silva e, os Tupis, com Robert Tenório. Sinônimos de experiência, audácia e criatividade, desta vez a serviço das seleções brasileiras em Santiago.

Ambos são de Paraisópolis, uma das regiões mais humildes de São Paulo, quinta maior favela do país. Um lugar que escancara as diferenças sociais do Brasil, em que são raras oportunidades para crianças e adolescentes, expondo-as à vulnerabilidade.

Graças a um projeto de quase duas décadas, que combina esporte e educação, o “Rugby para Todos”, Bianca e Robert tiveram acesso a essa rara oportunidade. Conheceram a bola oval e se desenvolveram na modalidade. Convidados para fazerem parte de elencos de clubes paulistanos, não demoraram para serem parte dos planos das seleções brasileiras.

Veja | Conheça o projeto “Rugby para Todos”

Bianca disputou várias temporadas do circuito mundial de sevens, esteve em Tóquio 2020 e depois partiu para carreira no Japão, no Nagato Blue Angels e, mais recentemente, nos Estados Unidos, no Northern Loonies.

“Vejo que é um pilar importante para o Brasil, a gente tem um claro exemplo que temos atletas bons que conseguem desempenhar bem no exterior. Me sinto feliz em ter levado o rugby do Brasil para fora e poder abrir portas para que mais jogadoras façam o mesmo”, disse Bianca no podcast Mesa Oval, especializado em rugby.

Robert Tenório teve importante passagem na seleção brasileira de 15 jogadores. Em 2020, foi vice-campeão sul-americano de rugby sevens, assim como Pan, também no Chile, o melhor resultado do masculino do Brasil em competições continentais.

Tem contrato assinado com o Cobras Brasil XV, franquia profissional do país que disputa a liga regional do Super Rugby Américas, que reúne equipes sul-americanas e uma dos Estados Unidos. Mais recentemente ele atuou em território americano, pelo Texas, em liga profissional de sevens, e pelo New York Old Blue, na variante de 15 atletas.

Bianca Silva e Robert Tenório no Pan 2023

O rugby nos Jogos Pan-Americanos 2023 será disputado na variante de sete atletas (rugby sevens), entre os dias 3 e 4 de novembro (sexta-feira e sábado), em La Pintana (comuna nos arredores de Santiago).

Bianca fez parte do plantel que recentemente assegurou uma vaga para o país no torneio feminino do rugby sevens em Paris 2024. No Pan, as Yaras querem superar o bronze conquistado em Toronto 2015 e voltar ao pódio que escapou pelos dedos para a Colômbia no tempo extra em Lima 2019.

Robert estava em campo quando, também no tempo extra, um inédito pódio Pan-Americano escapou dos Tupis em Lima 2019, contra os Estados Unidos.

Dentro do crescimento da modalidade no Brasil, o Pan de Lima mostrou que as seleções feminina e masculina do país conseguem se manter entre as melhores do continente. Santiago 2023 se apresenta como excelente oportunidade para que ambas, agora, subam um degrau a mais, auxiliadas pelas mãos e pés desses dois jovens de Paraisópolis.

Os jogos de Yaras e Tupis no Pan 2023

No torneio Pan-Americano, são oito seleções em cada gênero, divididas em dois grupos com quatro. As duas melhores equipes avançam às semifinais.

A seleção brasileira feminina (Yaras) está no grupo B, ao lado de México, Canadá e Chile. Confira abaixo os jogos, pelo horário de Brasília:

  • Brasil x México - sexta-feira (3 de novembro) - 10:50
  • Brasil x Chile - sexta-feira (3 de novembro) - 16:15
  • Brasil x Canadá - sexta-feira (3 de novembro) - 19:10

Já a seleção masculina (Tupis) está no grupo A, com Canadá, Estados Unidos e México, com os jogos assim estabelecidos:

  • Brasil x Canadá - sexta-feira (3 de novembro) - 12:05
  • Brasil x Estados Unidos - sexta-feira (3 de novembro) - 16:40
  • Brasil x México - sexta-feira (3 de novembro) - 20:25