Atletas que defendem o Brasil e também possuem outras nacionalidades em Paris 2024
Eles podem ter crescido fora do território brasileiro, mas defendem as cores do Brasil em Paris 2024. Sejam eles filhos de brasileiros nativos que cresceram no exterior ou atletas que tiveram algum vínculo com o país e resolveram ficar - e até o contrário -, todos partilham em comum a vontade de representar as cores verde e amarela na disputa Olímpica na capital francesa.
A presença de atletas que possuem outras nacionalidades não é nenhuma novidade: nomes como Fernando Meligeni (tênis), Sebastian Cuattrin (canoagem), Burkhard Cordes (vela) e Chiaki Ishii (judô), nascidos em outros países, ajudaram a escrever importantes páginas para o esporte brasileiro na história dos Jogos.
Em Paris 2024, não vai ser diferente. Eles estão espalhados por diversas modalidades do programa e alguns até em esportes coletivos (como o vôlei), novamente com a missão de levar a paixão brasileira no coração.
Conheça abaixo alguns desses atletas que estarão em ação pela equipe brasileira em Paris 2024:
Nathalie Moellhausen, esgrima
Com a avó brasileira, Nathalie Moellhausen nasceu na Itália e por muitos anos representou a bandeira italiana. Há quase uma década optou por defender o Brasil, depois de um período em que esteve distante das competições.
Em 18 de julho de 2019, ela entrou para a história do esporte brasileiro ao conquistar para o país o primeiro título Mundial na esgrima, em Budapeste, na Hungria.
O título Mundial na espada em 2019 e a medalha de bronze em Lima, nos Jogos Pan-Americanos, meses mais tarde, fez de Nathalie uma das favoritas para Tóquio 2020. No entanto, a pandemia da Covid-19 fez com que os Jogos só fossem acontecer um ano depois, em 2021, e na capital japonesa ela acabou caindo na fase de 32 diante da também italiana Rossella Fiamingo, vice-campeã Olímpica.
Nathalie já foi eliminada em Paris 2024, lidando com questões de saúde, mas competiu mais uma vez nos Jogos pelo Brasil.
Julia e Lukas Bergmann, vôlei
Filhos de pai alemão e mãe brasileira, Julia e Lukas Bergmann nasceram em Munique, na Alemanha. Ele tinha sete anos de idade quando a família se mudou para Brusque, em Santa Catarina, e depois eles se estabeleceram em Toledo, no Paraná.
Ambos começaram no vôlei em Santa Catarina. Depois de passar por Toledo (2015-2016) e Brusque (2016-2018), Júlia optou por fazer faculdade nos EUA, onde jogou vôlei de 2019 a 2022 na Georgia Tech e se formou em física. Em 2023, assinou com o THY da Turquia, treinado por José Roberto Guimarães, técnico da seleção.
Pela seleção brasileira, a ponteira de 23 anos começou a ser chamada em 2019, tendo disputado o Pan daquele ano em Lima. Também foi vice-campeã da Liga das Nações em 2022.
Lukas, por sua vez, está com 20 anos. Ele foi um dos destaques do Sesi na campanha rumo ao título da última Superliga, com direito a ser eleito revelação da competição. O também ponteiro participou da campanha do Brasil na última Liga das Nações de Vôlei (VNL) e correspondeu sempre que entrou – tanto é que está na lista final de Bernardinho para Paris 2024.
Tatiana Weston-Webb, surfe
Mesmo com vaga Olímpica garantida desde junho de 2023, Tatiana Weston-Webb brilhou ainda mais quando foi vice-campeã do ISA Games 2024 de Surfe, ajudando a garantir uma terceira vaga para a equipe feminina do Brasil. Nascida em Porto Alegre, ela saiu do Brasil muito nova, indo morar nos Estados Unidos, mais precisamente no Havaí.
Sua mãe, Tanira, era bodyboarder. A família foi para os EUA quando ela tinha apenas dois meses de idade por conta de seu pai, que também surfava profissionalmente.
O surfe feminino é relativamente recente em Teahupo'o, mas Tati tem bom histórico. As grandes ondas no Taiti são consideradas ideais para seu estilo e ela é uma das favoritas.
Tatiana já sentiu o gosto de uma participação Olímpica em Tóquio 2020, mas ela quer mesmo é ser a primeira surfista brasileira medalhista nos Jogos.
“Os Jogos acontecem a cada quatro anos e são um torneio histórico. Sempre sonhei em chegar lá, é um sonho desde quando eu era pequena, estar lá e ganhar a medalha de ouro”, comentou.
Yoandy Leal, vôlei
Yoandy Leal chegou à seleção brasileira de vôlei masculino depois de defender outo país: Cuba, sua terra natal. Ele estava no time que perdeu o Mundial de 2010 para o Brasil. Em 2021, ele participou do grupo que ficou em quarto em Tóquio 2020.
Com 35 anos, ele já conquistou o ouro na Copa do Mundo (2019), a Liga das Nações (VNL) de 2021 e o bronze no Mundial de 2022 pela seleção brasileira. Por conta de lesões, Leal pediu dispensa do Pré-Olímpico de 2023.
Na Liga das Nações desse ano, o ponteiro fez 108 pontos na fase de classificação, atrás apenas de Darlan e Lucarelli entre os companheiros de time.
“Para mim, é e sempre será um prazer defender a camisa da seleção brasileira. País que abracei e que me abraçou com todo o amor do mundo! O abração que me fez ser brasileiro. Gratidão, e muita, muita felicidade é o que habita em mim com essa convocação. Prometo dar o meu melhor para levar essas medalhas a vocês, e assim, poder retribuir todo carinho que eu recebo diariamente do povo do meu Brasil! Tá chegando a hora de tirar a canarinha do armário e torcer com a gente!”, escreveu Leal, antes da VNL, em seu Instagram.
Rodrigo Pessoa, hipismo saltos
Ouro no hipismo saltos em Atenas 2004, Rodrigo Pessoa vai para sua oitava participação em Jogos Olímpicos, desta vez na cidade onde nasceu: Paris.
Ele está de volta à equipe brasileira de hipismo saltos, tendo feito parte do elenco que ajudou o Brasil a assegurar vaga em Paris 2024 e, no mês seguinte, disputado os Jogos Pan-Americanos Santiago 2023.
Prestes a completar 52 anos de idade, Rodrigo poderá ser o brasileiro com mais presenças Olímpicas em Jogos de Verão.
“Paris é Paris. Acho que a gente está muito ansioso para viver uma Olimpíada muito bonita,” disse ao Olympics.com Rodrigo, cujo pai, Nelson Pessoa, também participou de Jogos defendendo o Brasil.
“O fato mais importante que ele me ensinou foi ter paciência com os cavalos. É porque ele tem convicção de que, com paciência, eles [os cavalos] sempre acabam chegando onde a gente quer. Essa é a filosofia dele, às vezes tem cavalo que você espera, espera, espera, mas nunca chega. No entanto ele [Nelson Pessoa] sempre quer dar a chance ao cavalo de, através do tempo, poder chegar,” completou.
Nicolas Albiero, natação
Nicolas Albiero nasceu em Louisville, no estado americano do Kentucky, é filho de um brasileiro com uma americana, e foi convocado para defender o Brasil nas piscinas em Paris 2024.
Em maio, o nadador de 24 anos sagrou-se campeão dos 200m borboleta no terceiro dia da Seletiva Olímpica de Natação, no Rio de Janeiro, com um tempo de 1min55s52, abaixo do índice Olímpico.
Nick, como é mais conhecido, possui larga experiência no circuito universitário americano, tendo sido duas vezes campeão da NCAA pela Universidade de Louisville e ganho outros prêmios individuais. Ele largou a vida nos EUA para ir treinar no Minas Tênis e tentar realizar o sonho de defender o Brasil, país que visitava com frequência com seus pais nas férias.
Albiero já nadou pela seleção americana e seu processo de mudança de nacionalidade foi concluído recentemente na World Aquatics (Federação Internacional de Esportes Aquáticos). Sua irma, Gabi, segue representando os Estados Unidos.
Ambos são filhos de Arthur Albiero, que nadou o circuito universitário americano quando jovem e acabou ficando no país. Ele é o técnico principal da Universidade de Louisville desde 2003.
Luana Silva, surfe
Nascida em Honolulu, capital do estado americano do Havaí, Luana Silva é filha de brasileiros e ganhou apoio de outra personagem dessa matéria para defender a bandeira do país de seus familiares: Tatiana Weston-Webb.
Luana começou a gostar de surfe aos três anos, influenciada pelo hábito familiar de ir à praia no fim do dia para tomar um banho de mar. Os pais dela, Fábio Silva e Tatiana Coelho, deram as primeiras lições e, pouco a pouco, ela foi tomando gosto pelo esporte.
A brasileira está no Circuito Mundial de Surfe desde 2016, quando tinha 12 anos. Já passou pela divisão Junior, Qualifying, Challenger e finalmente o Championship Tour, em que competem as principais surfistas, e quando decidiu que representaria as cores verde e amarela no tour.
Outro contato forte com o Brasil vem de seu namorado, o também surfista João Chianca, o Chumbinho, que, assim como ela, está em Paris 2024 defendendo o Brasil nas ondas de Teahupo'o, no Taiti.