Ashleigh Barty sempre fez as coisas do seu jeito.
A número 1 do tênis, de 25 anos, manteve esta tradição na maneira em que está deixando o esporte, anunciando na quarta-feira (23 de março) que ela está se retirando do tênis de vez.
"Não há maneira certa ou maneira errada, só a minha maneira", disse Barty em um vídeo postado em sua conta no Instagram.
"Estou me aposentando do tênis. É difícil dizer isso, mas estou tão feliz e tão pronta. E sei que no momento, no meu coração, para mim, como pessoa, isso é certo. Sou tão grata a tudo que o tênis me deu. Ele me deu todos os meus sonhos e mais. Mas sei que a hora certa é agora para partir e correr atrás de todos os sonhos e aposentar as raquetes."
Em janeiro, Barty se tornou a primeira australiana a ganhar o Australian Open em 44 anos. O título, que teve um recorde de audiência em casa, tornou Barty uma tricampeã de Grand Slam, após ter vencido Roland Garros em 2019 e Wimbledon 2021.
Ela chamou sua vitória em Wimbledon de "o único sonho verdadeiro que eu queria no tênis". E acrescentou: "Poder vencer Wimbledon, que era o meu sonho... isso mudou realmente a minha perspectiva. Eu tinha aquele sentimento depois de Wimbledon e falei com minha equipe bastante sobre ele. Tinha uma parte pequena de mim que não estava totalmente satisfeita, totalmente realizada".
Barty disse que essa realização veio ao ganhar o Australian Open em janeiro, derrotando a americana Danielle Collins na final.
Ela também ganhou uma medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 em 2021, em parceira com John Peers nas duplas mistas. A dupla perdeu nas semifinais, mas ganhou o bronze. Barty, que era cabeça de chave 1, havia perdido na estreia de simples.
Ash Barty: 'É isso que eu quero'
Barty foi campeã juvenil de Wimbledon em 2011 aos 15 anos, a primeira grande conquista de sua jovem carreira, que trouxe comparações com a lenda suíça Martina Hingis. Dois anos depois, ela e a sua parceira de duplas Casey Dellacqua fizeram três finais de Slam, ficando com o vice em todas.
Ela terminou 2014 como número 153 do mundo e anunciou que estava deixando o esporte para passar mais tempo com a família. Ela começou a jogar críquete profissional na Austrália. Retornaria ao tênis no meio de 2016, quase dois anos depois.
Jogando com dedicação total em 2017, Barty terminou a temporada no top 20, mantendo isso em 2018. Sua virada, no entanto, foi em 2019, quando ela venceu o WTA 1000 de Miami e depois foi à final de Roland Garros, superando Marketa Vondrousova na final para vencer o primeiro título de simples da Austrália em Slams em oito anos (após Samantha Stosur no US Open 2011).
Barty se tornou líder do ranking após o título em Roland Garros e recebeu o maior cheque da história do tênis ao vencer o WTA Finals de 2019. No entanto, muito de seu tempo como número 1 foi prejudicado pela pandemia de Covid-19.
Sua vitória em Wimbledon sobre Karolina Pliskova na final em 2021 foi a mais emocionante, com Barty se tornando a primeira australiana a conquistar o título em Londres desde a sua heroína, Evonne Goolagong Cawley, em 1980. Barty, como Goolagong, tem ascendência indígena, e disse "Espero que ela tenha esteja orgulhosa" quando perguntada sobre a reação da compatriota.
"É isso que eu quero", afirmou Barty em seu vídeo de despedida, que foi gravado com sua melhor amiga Dellacqua. "Quero ir atrás de outros sonhos que sempre quis e também quero ter um bom e saudável equilíbrio. Mas estou bem animada".
Perspectiva diferente dá clareza a Barty
Barty disse que, desde seu retorno em 2016, ela encarou o esporte com outra perspectiva. Ela o deixa não só como grande campeã, mas também foi votada como Australiana Jovem de 2020, a maior honra do país para a juventude.
Ela se aposenta com 24 milhões de dólares de premiação, 15 títulos de simples e 305 vitórias (102 derrotas). Além de tudo, saiu como número 1 do mundo.
"Houve uma mudança de perspectiva nessa segunda fase da minha carreira, que minha felicidade não era dependente de resultados, e sucesso é saber que eu dei absolutamente tudo que tinha. Estou realizada, estou feliz e sei quanto trabalho é necessário para trazer o melhor de mim mesma".
"Só não tenho mais isso em mim. Não tenho a vontade física, a vontade emocional... tudo que é necessário para se desafiar no topo. Acho que eu sei que estou totalmente esgotada. Fisicamente, não tenho mais nada a dar".
"Dei absolutamente tudo de mim a este lindo esporte chamado tênis e estou bem feliz com isso. Para mim, isso é sucesso, e sei que as pessoas podem não entender. Tudo bem. Tudo bem, porque, sei que para mim, Ash Barty, uma pessoa com muitos sonhos não necessariamente envolve ficar viajando o mundo", completou.