Após altos e baixos na última temporada, Nicole Silveira reencontra amor pelo skeleton 

Mudanças no trenó desencadearam diversos problemas para Nicole Silveira na temporada passada da Copa do Mundo de Skeleton. Após terapia e descanso, ela reencontra amor pelo esporte e alcança resultados históricos.

5 minPor Gustavo Longo
Nicole Silveira of Brazil, bronze at the 1st stage of the World Cuup of Skeleton. PyeongChang, Republic of Korea, Nov 16th, 2024.
(IBSF)

Quem vê Nicole Silveira brilhando na atual temporada da Copa do Mundo de Skeleton, com direito a um pódio histórico para o Brasil, nem imagina que seis meses antes ela questionava a própria continuidade no esporte. Felizmente, decidiu continuar para o que já se tornou no melhor momento de sua carreira.

A brasileira se prepara para a antepenúltima prova da temporada nesta sexta-feira, 10 de janeiro, em St. Moritz, na Suíça - a partir das 4h30 no fuso horário de Brasília. Depois, tem o encerramento da Copa do Mundo de Skeleton em Lillehammer, Noruega, no dia 7 de fevereiro, e o Mundial da modalidade em Lake Placid, EUA, nos dias 6 e 7 de março.

O retrospecto até o momento é excelente. Em sete provas até o momento, Nicole Silveira ficou entre as oito melhores em seis delas. Nos dois eventos da Copa da Ásia, ela garantiu um ouro e uma prata. Nas cinco etapas da Copa do Mundo obteve um oitavo, um sétimo e um sexto lugar, além do inédito bronze em PyeongChang.

Bem diferente do retrospecto na temporada 2023/2024. Mesmo com um surpreendente sétimo lugar em Innsbruck, ela só voltou a aparecer entre as dez melhores uma única vez (10ª em Lillehammer). Um fim de temporada melancólico - que contrastou com o vice-campeonato mundial e da Copa do Mundo de Kim Meylemans, noiva e colega de equipe da brasileira.

“O final da temporada passada realmente foi um dos mais difíceis para mim. Já não estava mais me divertindo no esporte e isso é perigoso. Não conseguia falar muito sobre o skeleton sem ficar chateada. Foi um momento que tive que parar e pensar: tenho mais o que dar e vou me divertir de novo ou é hora de parar?”, comentou ao podcast em português do Olympics.com.

A temporada 2024/2025 de Nicole Silveira

Mudança de equipamento minou confiança de Nicole Silveira

O diagnóstico era até simples: Nicole Silveira trocou de trenó. Além da necessária adaptação ao novo equipamento, um detalhe a incomodou. O saddle (alça que o atleta utiliza para empurrar na largada) era um pouco menor do que o modelo anterior – o que a deixava mais lenta na largada.

Sem uma boa velocidade no início, ela não conseguia acompanhar as primeiras colocadas mesmo com uma boa pilotagem depois.

“Falava para mim mesma que se o meu push [largada] fosse melhor, o resultado seria melhor. Essa parte mental foi me afetando mais, mais e mais até a última competição”, comentou.

Paralelo a isso, a Kim Meylemans se destacava com medalhas em Copas do Mundo e feitos inéditos para a Bélgica. Foi campeã europeia (Nicole foi a sétima na primeira edição do Pan-Americano da modalidade), terminou com a prata no Mundial de Skeleton e ainda ficou com o vice-campeonato do circuito da Copa do Mundo.

“Se estivesse sozinha, ia para casa e tentaria nem pensar nisso. Mas num time com a Kim, ela se dando bem com medalhas, terminava a competição e eu tinha que estar lá. Foi mais difícil assim até o fim da temporada”, completou.

Kim Meylemans, terapia e descanso renovaram amor de Nicole Silveira pelo skeleton

A recuperação de Nicole Silveira, contudo, também passou pela noiva. Com mais tempo no skeleton do que a brasileira, Kim conversava e tentava ajudar sempre que possível. “A gente ajuda uma a outra. Sem ela, provavelmente já teria parado”, admite.

Outros dois fatores foram preponderantes para a atleta retomar a confiança no esporte. O primeiro deles, evidentemente, foi o reforço na saúde mental com sessões de terapia que a ajudaram a manter o controle da situação. Além disso, também conversou com especialistas em largada para melhorar esse aspecto.

O segundo foi se “desconectar” do esporte durante as férias no meio de 2024. Ela e a Kim vieram ao Brasil e aproveitaram para descansar e noivar, inclusive. Nicole também se concentrou no seu trabalho como enfermeira em Calgary, no Canadá. Um período importante para não pensar no esporte antes da pré-temporada começar.

“Consigo hoje falar para mim mesma que fiz tudo o que posso para ter um push melhor. É só largar mão e ver o que acontece”, concluiu.

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