Após altos e baixos na última temporada, Nicole Silveira reencontra amor pelo skeleton
Mudanças no trenó desencadearam diversos problemas para Nicole Silveira na temporada passada da Copa do Mundo de Skeleton. Após terapia e descanso, ela reencontra amor pelo esporte e alcança resultados históricos.
Quem vê Nicole Silveira brilhando na atual temporada da Copa do Mundo de Skeleton, com direito a um pódio histórico para o Brasil, nem imagina que seis meses antes ela questionava a própria continuidade no esporte. Felizmente, decidiu continuar para o que já se tornou no melhor momento de sua carreira.
A brasileira se prepara para a antepenúltima prova da temporada nesta sexta-feira, 10 de janeiro, em St. Moritz, na Suíça - a partir das 4h30 no fuso horário de Brasília. Depois, tem o encerramento da Copa do Mundo de Skeleton em Lillehammer, Noruega, no dia 7 de fevereiro, e o Mundial da modalidade em Lake Placid, EUA, nos dias 6 e 7 de março.
O retrospecto até o momento é excelente. Em sete provas até o momento, Nicole Silveira ficou entre as oito melhores em seis delas. Nos dois eventos da Copa da Ásia, ela garantiu um ouro e uma prata. Nas cinco etapas da Copa do Mundo obteve um oitavo, um sétimo e um sexto lugar, além do inédito bronze em PyeongChang.
Bem diferente do retrospecto na temporada 2023/2024. Mesmo com um surpreendente sétimo lugar em Innsbruck, ela só voltou a aparecer entre as dez melhores uma única vez (10ª em Lillehammer). Um fim de temporada melancólico - que contrastou com o vice-campeonato mundial e da Copa do Mundo de Kim Meylemans, noiva e colega de equipe da brasileira.
“O final da temporada passada realmente foi um dos mais difíceis para mim. Já não estava mais me divertindo no esporte e isso é perigoso. Não conseguia falar muito sobre o skeleton sem ficar chateada. Foi um momento que tive que parar e pensar: tenho mais o que dar e vou me divertir de novo ou é hora de parar?”, comentou ao podcast em português do Olympics.com.
A temporada 2024/2025 de Nicole Silveira
- PODCAST: Nicole Silveira inicia mais um ciclo Olímpico no skeleton
- Nicole Silveira abre temporada com medalha de prata na Copa da Ásia
- Brasileira supera noiva e vence segunda prova na Copa da Ásia
- Nicole Silveira conquista bronze histórico na abertura da Copa do Mundo de Skeleton
- Brasileira é top 6 na segunda prova realizada em PyeongChang
- Nicole conquista mais um top 8 em prova com uma descida em Altenberg
- Sigulda volta a ‘assombrar’ e Nicole Silveira é top 15 na Copa do Mundo de Skeleton
- Nicole se recupera e retorna ao top 8 em Winterberg
- Nicole Silveira e Kim Meylemans: a parceria dentro e fora do gelo com resultados históricos
Mudança de equipamento minou confiança de Nicole Silveira
O diagnóstico era até simples: Nicole Silveira trocou de trenó. Além da necessária adaptação ao novo equipamento, um detalhe a incomodou. O saddle (alça que o atleta utiliza para empurrar na largada) era um pouco menor do que o modelo anterior – o que a deixava mais lenta na largada.
Sem uma boa velocidade no início, ela não conseguia acompanhar as primeiras colocadas mesmo com uma boa pilotagem depois.
“Falava para mim mesma que se o meu push [largada] fosse melhor, o resultado seria melhor. Essa parte mental foi me afetando mais, mais e mais até a última competição”, comentou.
Paralelo a isso, a Kim Meylemans se destacava com medalhas em Copas do Mundo e feitos inéditos para a Bélgica. Foi campeã europeia (Nicole foi a sétima na primeira edição do Pan-Americano da modalidade), terminou com a prata no Mundial de Skeleton e ainda ficou com o vice-campeonato do circuito da Copa do Mundo.
“Se estivesse sozinha, ia para casa e tentaria nem pensar nisso. Mas num time com a Kim, ela se dando bem com medalhas, terminava a competição e eu tinha que estar lá. Foi mais difícil assim até o fim da temporada”, completou.
Kim Meylemans, terapia e descanso renovaram amor de Nicole Silveira pelo skeleton
A recuperação de Nicole Silveira, contudo, também passou pela noiva. Com mais tempo no skeleton do que a brasileira, Kim conversava e tentava ajudar sempre que possível. “A gente ajuda uma a outra. Sem ela, provavelmente já teria parado”, admite.
Outros dois fatores foram preponderantes para a atleta retomar a confiança no esporte. O primeiro deles, evidentemente, foi o reforço na saúde mental com sessões de terapia que a ajudaram a manter o controle da situação. Além disso, também conversou com especialistas em largada para melhorar esse aspecto.
O segundo foi se “desconectar” do esporte durante as férias no meio de 2024. Ela e a Kim vieram ao Brasil e aproveitaram para descansar e noivar, inclusive. Nicole também se concentrou no seu trabalho como enfermeira em Calgary, no Canadá. Um período importante para não pensar no esporte antes da pré-temporada começar.
“Consigo hoje falar para mim mesma que fiz tudo o que posso para ter um push melhor. É só largar mão e ver o que acontece”, concluiu.