Alison dos Santos, medalhista Olímpico de bronze, parte para os EUA mirando Mundial: "Não estamos vendo a história, estamos fazendo história"
O atleta brasileiro é um dos homens correndo atrás de Karsten Warholm nos 400m com barreiras e viaja aos EUA, começando a preparação para tentar superar o norueguês no Mundial de 2022 em julho.
Alison dos Santos, o terceiro corredor mais rápido da histórica prova dos 400m com barreiras em Tóquio 2020 em 2021, está de volta aos EUA para treinar para o Mundial de atletismo de Oregon, que acontece de 15 a 24 de julho.
A estrela do atletismo, que ganhou a medalha de bronze em uma das maiores provas da história, em que o norueguês Karsten Warholm quebrou o recorde mundial, está agora nos EUA, treinando com "os melhores atletas do mundo".
O primeiro brasileiro a medalhar nos 400m com barreiras nos Jogos Olímpicos não poderia estar mais empolgado por viver a era de ouro desta prova, já mirando Paris 2024.
"São cinco ou seis atletas correndo muito. Não estamos vendo a história, estamos fazendo história. Estou muito feliz de estar no meio desta geração", ele disse ao site da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt), antes de deixar sua base de treinamento em São Paulo.
Alison mira Paris 2024
Há três anos, a revelação brasileira tinha ambições modestas para a temporada: quebrar o recorde sub-20 sul-americano e ser campeão Pan-Americano sub-20.
Em uma corrida, ele fez ambos, estabelecendo o tempo de 48.49.
Pouco tempo depois, ele venceu os 400m com barreiras sul-americano, levou o ouro nos Jogos Mundiais Universitários e também foi campeão sul-americano nos 400m.
O foco então se tornou o Mundial de 2019.
Apesar de ser muito jovem, o atleta então aos 19 anos excedeu as expectativas ao ficar em quarto em uma das finais mais rápidas da história da prova. Com 48.28 segundos, ele ficou a 0.25 do bronze.
Aquela final o colocou na elite e o preparou para a maior prova de sua vida.
Em Tóquio, o norueguês Warholm melhorou seu recorde mundial, com 45.94, superando o americano Rai Benjamin.
Alison fez 46.72, quebrando pela sexta vez o recorde sul-americano.
Alison de olho no Mundial em Oregon
Depois desse momento crucial em sua carreira, ele voltou a treinar, dividindo seu tempo entre São Paulo e o Rio de Janeiro.
"Voltei aos treinos em outubro, em São Paulo, e quero chegar à minha melhor forma na final dos 400 m com barreiras no Mundial de Oregon. Tínhamos uma tabela, estudos para chegar a 46.78", ele disse.
Ele vai permanecer nos EUA para o início da temporada outdoor, o que pode ser outro momento decisivo para ele.
"Nos Estados Unidos, vou ficar mais perto dos melhores atletas do mundo e ter a chance de competir, a partir da segunda quinzena de março. Vou buscar concentração, calma para trabalhar. Vamos competir na sequência na Europa e voltamos para Estados Unidos, onde será o Mundial 2022. O objetivo é ter mais atenção, concentrar 100%, na alimentação, descanso e treino," comentou.
A jornada de Alison ao estrelato internacional
O ex-judoca, que mudou para o atletismo depois de um convite de um amigo de infância, quer continuar em sua melhor forma.
Explorando sua altura de 2 metros e passadas largas, Alison sempre foi um corredor que larga com cautela e explode no final.
Treinado por Felipe de Siqueira, ele tem trabalhado com experts de biomecânica da CBAt nos últimos cinco meses.
Ele sabe o que precisa fazer para melhorar e ter um grande impacto nesta temporada.
"Tenho de repetir o que venho fazendo de bom e acho que posso ser mais rápido. Melhorar o início de prova e otimizar onde temos mais dificuldades", disse Alison.
"Fizemos muitos exames comparativos, saltos no COB para ver a força e potência, além de analisar a forma óssea e muscular estrutural. Estamos usando muita bioquímica e biomecânica, com o levantamento de dados como chego aos treinos e como saio. Tudo isso é computado", acrescentou.
Mais confiante, distante do rapaz tímido que cresceu em São Joaquim da Barra, no interior de São Paulo, Alison precisou lidar desde pequeno com as cicatrizes do acidente que sofreu aos 10 meses de idade.
Na casa de sua avó, o bebê Alison derrubou uma panela com óleo quente que acabou espirrando nele.
Sua avó também sofreu queimaduras graves e ambos foram hospitalizados por cinco meses. Ele sofreu queimaduras de terceiro grau no rosto, no peito e no braço esquerdo. Alison costuma usar boné para proteger a cabeça do sol.
Hoje, Alison é um dos maiores atletas do Brasil.
"Saí de uma cidade pequena, algo muito necessário de muitas maneiras. As crianças podem treinar melhorar, é algo mágico. Fui criado em um projeto em que não se formam só grandes atletas, mas também grandes cidadãos", disse.
Assim se formou uma estrela que hoje é um dos maiores barreiristas do mundo.