Yago Mateus de olho em Paris 2024 e com um compromisso: 'Quero ajudar a colocar a seleção no topo'

O Olympics.com conversou com o armador de 23 anos, que tem a participação Olímpica como seu maior objetivo. De partida para o basquete europeu, realiza o sonho de vestir a camisa da seleção brasileira diante da torcida na AmeriCup, que começa nesta sexta-feira, em Recife.

7 minPor Virgílio Franceschi Neto
Yago Mateus em ação contra o Uruguai durante o classificatório da AmeriCup 2021, em 2020.
(Inovafoto/CBB)

A seleção brasileira masculina de basquete tem uma rica história em Jogos. Três vezes medalhista de bronze (Londres 1948, Roma 1960 e Tóquio 1964), dois brasileiros estão entre os 10 maiores cestinhas dos torneios Olímpicos: Oscar Schmidt e Wlamir Marques.

Depois de Sydney 2000, o Brasil só participou de duas edições de Jogos Olímpicos. Para não ficar de fora de Paris 2024, conta no plantel com a energia, talento e determinação de Yago Mateus, a cara de uma nova geração de jogadores brasileiros:

“Meu maior sonho é disputar os Jogos (Olímpicos)”, disse.

Leia | Rumo a Paris 2024: entenda o sistema de classificação Olímpico do basquete

Até lá, um longo caminho pela frente, com um calendário repleto de torneios.

O próximo na agenda é a AmeriCup, que começa nesta sexta-feira, dia 2 de setembro, em Recife.

Yago está entre os convocados para a seleção e conversou com o Olympics.com sobre a expectativa para a competição. Mas não só isso. Várias vezes na conversa ele mencionou a participação em Jogos, um sonho.

Entretanto, sabe que antes é preciso mais, quer seja para o seu basquete, quer seja para a seleção brasileira.

Confira.

(Inovafoto/CBB)

Uma linha do tempo da carreira

O interior de São Paulo é uma região importante para o basquete do Brasil. Não apenas por ser lugar de equipes referências na modalidade, como Franca, Bauru e, mais antigamente, o XV de Piracicaba, mas também por revelar craques.

Yago Mateus é um deles. Nascido em Tupã, conheceu o esporte aos cinco anos de idade. Aos 12, saiu de casa para poder jogar. Somou títulos nas categorias de base pelo Palmeiras. Com 18 anos, a primeira oportunidade pela seleção brasileira principal.

“Sou muito grato ao (Aleksandar) Petrovic...no meu primeiro jogo ele me colocou de titular”, relembrou.

Meses depois, com o Paulistano, a conquista do primeiro campeonato brasileiro adulto.

Negociado com o Flamengo, foi novamente campeão do Brasil e ajudou com o título da Copa Intercontinental de Basquete, em fevereiro passado.

(FIBA)

Novo rumo: o basquete europeu

Na vida é preciso seguir. Yago recentemente deixou o Flamengo e assinou com o time alemão do Ratiopharm Ulm. “Eu quero chegar na Alemanha e me adaptar o mais rápido. Não foi fácil deixar o Flamengo, mas eu queria ir para fora e mostrar o meu basquete”, disse.

Sobre atuar diante da “nação” rubro-negra, declarou para as redes da Confederação Brasileira de Basquete (CBB): “Foram duas temporadas muito intensas, de muitas alegrias...me diverti e fui feliz.”

O sonho Olímpico

Mudança de país sugere um recomeço. Adaptar-se a ele, ao clima, aos colegas, à rotina e ao jogo. Demanda esforço dentro e fora das quadras.

No entanto tudo isso tem um porquê e deixou claro: "Eu tenho sonhos. Vou realizar um deles que é o de jogar na Europa. Quero ir e aproveitar, aprender e evoluir e se Deus quiser realizar os maiores sonhos, o maior deles é estar nos Jogos Olímpicos.”

Imagina-se que o de todo jogador de basquete é estar na liga norte-americana (NBA), com os dedos cheios de anéis, concedidos aos seus campeões. Ele quer jogar lá, sim. Mas quando perguntado onde e como se vê no futuro, ele não hesitou: “Paris 2024 é a minha única certeza. Com a seleção em Paris 2024.”

Uma participação Olímpica que alimenta desde pequeno, quando dava os primeiros arremessos em Tupã. Em recente entrevista à BandNews, declarou: “Viver os Jogos é o que me faz acordar todos os dias e trabalhar ainda mais, muito mais do que já trabalhei.”

“Estar nos Jogos não é para todo mundo. É a maior realização que um atleta pode ter”, acrescentou.

(Confederação Brasileira de Basquete (CBB))

Seleção brasileira: a realização de outro sonho

Com as seleções de base, Yago já ajudou com muitos troféus, o mais recente sendo o título do “Global Jam” no Canadá, com o time sub-23, ocasião em que foi escolhido o melhor jogador do torneio.

Ele sabe bem da situação atual e do papel que possui no basquete do Brasil, assim como na seleção masculina. Mas não apenas isso. Conhece a si próprio e onde é capaz de chegar. Ademais, sabe a história que a seleção tem e de quem já vestiu sua camisa.

“Quero ajudar a colocar a seleção no topo. Estar nos Jogos Olímpicos e dar títulos para o meu país. Estou realizando um sonho (de vestir a camisa do Brasil) e quero com os meus companheiros levá-la mais longe e que a respeitem ainda mais", falou.

Foco e espírito de trabalho que chamaram a atenção de Oscar Schmidt. Em declaração recente para o ‘globoesporte.com’, o “Mão Santa” citou o jovem armador: “É o melhor jogador do Brasil.”

Um reconhecimento importante de uma referência do esporte.

Sobre referências Yago acrescentou dois nomes: Leandrinho e Marcelinho Huertas. “Sempre admirei muito o Marcelinho Huertas, graças a Deus ele ainda está com a gente. Sinto muita falta do Leandrinho, que me ensinou muito. Sou muito fã. Tive a oportunidade de jogar e conviver com ele", lembrou.

A AmeriCup 2022

Marcelinho Huertas, aos 39 anos, estará ao lado de Yago pela seleção para a disputa de mais uma AmeriCup.

Experiência de um, juventude de outro, em um Brasil que vai em busca do quinto título, o último deles conquistado em 2009. Depois de 38 anos o torneio volta a ser organizado no país. Desta vez, em Recife.

A seleção masculina vem de duas duras partidas válidas pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 2023. Fora de casa, derrota para Porto Rico por 75 a 72, em 25 de agosto. Dias depois, em Jaraguá do Sul (Santa Catarina), outra derrota, para o México, por 82 a 72. Yago foi o cestinha do Brasil com 15 pontos contra os mexicanos. “É difícil perder em casa. Vamos erguer a cabeça e reverter a situação. Precisamos ver o que erramos, temos um plantel bastante competente, competitivo e vamos superar”, falou em entrevista para os canais ESPN após a partida.

Jogar em casa, aliás, é algo que mexe com Yago: “A AmeriCup tem me motivado...jogar um campeonato no Brasil é especial, ainda mais com a seleção brasileira”, disse.

"Todos querem ver a seleção de perto, é Brasil...a gente devia ter muito mais disso aqui (ter jogos em casa), todos iriam gostar. Confesso que estou bem ansioso para a AmeriCup para ver a reação do público, das pessoas, do ginásio”, completou.

Em relação a como o time deve se comportar, Yago foi breve: "A gente tem que estar muito atento e fazer o jogo da nossa forma para sair com a vitória." Acostumado aos desafios, concluiu: “Sempre precisei mostrar o contrário. Não importa peso, estrutura, força...você é capaz de fazer o que quiser”, concluiu.

(2019 Getty Images)

A seleção brasileira para a AmeriCup 2022

Armadores

  • Yago Mateus - Ratio Ulm (Alemanha)
  • Marcelo Huertas – Tenerife (Espanha)
  • Rafael Luz – BC Andorra (Andorra)

Alas/armadores

  • Georginho - SESI Franca
  • Vitor Benite - Gran Canaria (Espanha)

Alas

  • Didi Louzada – Portland TrailBlazers (Estados Unidos)
  • Leonardo Meindl - Urban Transylvania (Romênia)

Alas/pivôs

  • Rafael Mineiro – CR Flamengo
  • Lucas Dias - SESI Franca

Pivôs

  • Lucas Mariano - SESI Franca
  • Augusto Lima – Unicaja (Espanha)
  • Cristiano Felício - CB Granada (Espanha)

Treinador: Gustavo de Conti.

Os grupos da AmeriCup 2022

A 19ª edição da AmeriCup terá 12 equipes distribuídas em três grupos com quatro times.

  • Grupo A: Brasil, Uruguai, Colômbia e Canadá;
  • Grupo B: Argentina, Ilhas Virgens Americanas, Porto Rico e República Dominicana;
  • Grupo C: Estados Unidos, México, Panamá e Venezuela.

Os dois melhores de cada grupo, mais os dois melhores terceiros avançam para a próxima fase, de quartas de final, em 8 de setembro. Sábado, dia 10, acontecerão as semifinais. 

A grande final está agendada para domingo, 11 de setembro.

Os Jogos do Brasil

Todos os jogos serão disputados na Arena Geraldão (Ginásio de Esportes Geraldo Magalhães).

O Brasil estreia nesta sexta-feira, dia 2 de setembro, contra o Canadá, às 20:10 (horário de Brasília). Os outros dois jogos da fase de grupos são:

  • Brasil x Uruguai, dia 3 de setembro (sábado), às 20:10 (horário de Brasília);
  • Brasil x Colômbia, dia 5 de setembro (segunda-feira), às 20:10 (horário de Brasília);

Onde assistir à AmeriCup 2022

A AmeriCup terá a transmissão ao vivo do Sportv2.

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