Chumbão, Chumbo e Chumbinho. Na verdade, Chianca. Possivelmente o clã mais bem-sucedido do surfe mundial da atualidade é brasileiro. Nesta semana, a família de Saquarema, no litoral fluminense, chega ao topo do mundo com a participação de João Chianca no WSL Finals, em Lower Trestles.
Gustavo Chianca, o pai, ganhou o apelido que praticamente virou sobrenome por causa de um desenho animado. Apaixonado pelo mar, incentivou o filho Lucas a surfar deste os três anos de idade.
“Meu pai me inspira pelo homem que ele é, pela pessoa que ele é. Pela honestidade, caráter, é meu grande ídolo desde moleque e foi a pessoa que me iniciou no esporte que eu tanto amo. A gente é parecido nas nossas escolhas e sentimentos, principalmente na adrenalina. A gente é viciado em adrenalina. Acho que o amor pela adrenalina é o que mais temos em comum”, disse Lucas Chumbo à revista Quem em 2020.
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De Saquarema a Portugal
Lucas Chumbo, cinco anos mais velho que João, se tornou conhecido mundialmente com vários títulos nas ondas gigantes, principalmente as de Nazaré, em Portugal. Curiosamente, foi no mesmo país que João, o Chumbinho, despontou para o mundo, vencendo a etapa de Peniche da WSL em 2023.
“Nazaré é o lugar que eu aprendi a surfar onda grande de verdade, onde eu realmente me tornei o que eu sempre sonhei. Meu irmão também atingiu a meta dele neste país tão amado, que parece tanto com o nosso Brasil”, comentou Lucas ao GE.
“É o momento que a família Chumbo sempre sonhou, trabalhando mais de 20 anos para isso acontecer”.
Após o êxtase com a vitória em Peniche, Chumbinho precisou lidar com a expectativa de passar o primeiro corte da temporada, conquistar a classificação para o Finals e obter a vaga Olímpica em Paris 2024. Os objetivos foram alcançados, com altos e baixos.
“O ano foi, sim, uma grande batalha emocional. Tive um início excelente, muito acima da minha expectativa e eu acho que a maioria das pessoas já estava me tratando como veterano, como top 5, como atleta que deveria estar sempre presente nos pódios. Só que para mim isso não colava. A gente sabia das etapas que podia tropeçar para lidar com aquilo da melhor maneira, sem me sentir pressionado a estar no top 5 e no Finals”, contou Chumbinho ao Sportv.
Sem medo da concorrência
Enquanto a primeira metade de sua temporada foi irretocável, a segunda teve uma queda de rendimento. Chianca só conseguiu se assegurar no Finals na última etapa, no Taiti, justamente no dia que seu segundo sobrinho, Zion, filho de Lucas, nasceu.
“Não tenho dúvida que tenho muito a aprender e muito a errar. Os primeiros eventos mostraram a minha capacidade, mas nunca deixei me tomar pela euforia. A etapa mais perigosa era a piscina [Surf Ranch]. Ela foi o divisor de águas que decidiu a minha classificação, tanto para as Olimpíadas como para o Finals”, opinou.
Chumbinho tem uma concorrência experiente no Finals: o compatriota Filipe Toledo, atual campeão, as australianos Ethan Ewing e Jack Robinson e o americano Griffin Colapinto. Mas isso não intimida o surfista de Saquarema.
“Eu acho que eu mereço me apontar como um dos candidatos ao título mundial. Depois do ano que eu tive, me mantendo o tempo todo no top 5, eu acho que eu estou na briga para levar o circuito”, ressaltou.
Campanha de João Chianca ‘Chumbinho’ na WSL 2023
- Pipeline (Havaí) – 3º lugar
- Sunset Beach (Havaí) – 3º lugar
- Peniche (Portugal) – Campeão
- Bells Beach (Austrália) – 9º
- Margaret River (Austrália) – 9º
- Surf Ranch (EUA) – 5º
- Surf City (El Salvador) – 9º
- Saquarema Rio Pro (Brasil) – 9º
- J-Bay (África do Sul) – 9º
- Teahupo’o (Taiti) – 17º