O longo caminho que enfim levou Ana Cristina a Paris 2024

Por Mateus Nagime
4 min|
Ana Cristina em ação na VNL 2024

No início de 2020, Ana Cristina, então uma jovem de 15 anos, tinha planos de se mudar para a França. A pandemia de Covid-19 paz fim a esses planos, mas a vida da jogadora de vôlei mudou completamente. Cinquenta e cinco meses depois, Ana Cristina finalmente está indo para a França, mas em busca de sua segunda medalha Olímpica em Paris 2024 como parte da seleção feminina de vôlei.

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Ana Cristina nasceu em 7 de abril de 2004 no Rio de Janeiro e o esporte foi um caminho natural para ela. Ciça, sua mãe, foi atleta de vôlei, e Alex Souza, seu pai, jogador de basquete, Ela integrou a seleções brasileiras de base, sendo campeã mundial sub-20 em 2001. E Ana Cristina preferiu a bola de vôlei.

Com apenas 15 anos, ela foi um dos destaques da seleção sub-18 no Mundial 2019, quando o Brasil levou o bronze. Na disputa pela medalha contra a China, ela foi uma das maiores pontuadoras. Além da medalha, ela conquistou um prêmio individual, o de melhor ponteira da competição. No mesmo ano, ela também integrou a seleção sub-20, quando o Brasil ficou em sexto lugar.

Ela iria para o Le Canet da França, mas a ida não avançou quando chegou a pandemia da covid-19. Ela acabou acertando com o Sesc-RJ, comandado por Bernardinho, e foi um dos principais nomes da Superliga, chamando a atenção do técnico da seleção, José Roberto Guimarães.

Caminho meteórico rumo à seleção

Sua primeira convocação para a seleção principal foi em abril de 2021 e mesmo com recém-completados 17 anos já mostrou um bom serviço. Zé Roberto Guimarães resolveu testá-la na Liga das Nações em maio de 2021 e ela se tornou na ocasião a terceira jogadora mais jovem da VNL. O Brasil foi vice-campeão da VNL 2021. Seu desempenho agradou tanto o técnico que a escolheu como quarta ponteira da seleção dos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 e lá subiu ao pódio, com apenas 17 anos.

No segundo semestre, ela foi para o voleibol turco, assinando com o Fenerbahçe, clube no qual ela está até hoje. Pelo clube, ela foi medalhista de bronze no Mundial de Clubes em 2021. No início deste ciclo Olímpico, ela permaneceu na seleção de vôlei e participou da campanha no Campeonato Mundial, em que o Brasil foi vice-campeão.

Porém, em 2023, Ana Cristina teve um grande susto na Liga das Nações 2023. Durante uma sessão de treinos em Brasília-DF, ela lesionou o menisco durante um treino e precisou passar por uma artroscopia. Após ficar muitos meses parada, ela voltou aos poucos pelo Fenerbahçe, mas sem perder o brilho.

Ana Cristina voltou como se nunca tivesse parado

Ela ajudou seu clube a conquistar o bicampeonato da liga turca e foi escolhida melhor ponteira do torneio em abril. Além disso, o time foi vencedor da Copa da Turquia e a ponteira foi chave na campanha de Ana Cristina em ter alcançado a semifinal da Champions League de vôlei feminino.

Além disso, nesta temporada o time venceu a Copa da Turquia e caiu na semifinal. Também no país, ela pode encontrar bastante Zé Roberto Guimarães, já que o técnico da seleção brasileira também treina o THY e seguir no radar do comandante da seleção

Em maio deste ano, ela retornou à seleção deste a primeira semana da Liga das Nações e foi um dos destaques da campanha do Brasil durante a primeira fase, na qual terminou invicta.

Logo no primeiro jogo contra o Canadá, ela marcou 20 pontos e foi muito celebrada pela torcida do Maracanãzinho. Após o jogo, Zé Roberto Guimarães deu muitas declarações em apoio à jogadora, falando que "a gente precisa de uma jogadora como ela, que é um desafogo nas bolas altas". Durante as três semanas perfeitas do Brasil, ela foi fundamental em vitórias apertadas contra o Japão, os Países Baixos ou ainda contra a Itália, por exemplo.

Um desconforto na panturrilha a deixou de fora contra a Polônia, mas ela voltou logo contra a Bulgária e afastou qualquer susto entre os fãs de vôlei. Mesmo com o quarto lugar, o Brasil se mostrou como um dos principais candidatos ao ouro em Paris 2024.

Ana Cristina, nome de confiança de Zé Roberto, é uma das candidatas a ser um dos destaques do time, e quem sabe fechar com chave de ouro esta trajetória que a levou para a França com quatro anos de atraso.