Adriano luta para estar nos Jogos Olímpicos ao lado de suas referências no vôlei
A Liga das Nações de Vôlei 2024 é uma oportunidade de medalha ao Brasil, mas apresenta um horizonte mais amplo aos jogadores que integram a seleção masculina: a competição oferece a chance de confirmar seu lugar no elenco em busca de Paris 2024. As observações de Bernardinho serão importantes para definir a equipe. Dentre os mais jovens do grupo na VNL 2024, Adriano Xavier pode concretizar seu sonho de disputar pela primeira vez os Jogos Olímpicos.
Aos 22 anos, Adriano se firmou no atual ciclo. Esteve presente nos principais momentos da seleção, com o bronze no Campeonato Mundial 2022 e o ouro nos Jogos Pan-Americanos 2023. Também se estabeleceu como uma das estrelas da Superliga. O ponteiro tem concorrência dura pelo time titular, especialmente diante de referências como Leal e Lucarelli. Contudo, tenta provar seu valor para se tornar alternativa aos seus ídolos, enquanto disputa espaço com outros jovens como Honorato e Lukas Bergmann.
"Olimpíada é o sonho de qualquer atleta. É o topo do topo”, comentou Adriano, ao Web Vôlei, em janeiro. “Eu era muito novo em 2012, então não lembro muito da Olimpíada, mas hoje em dia sei bastante sobre. Na Rio 2016, eu acompanhei tudo. Foi no ano seguinte, 2017, que decidi sair de casa para me dedicar ao vôlei. Eu nem fico pensando muito em como será, eu só quero estar lá, me dedicando, aproveitando, vivenciando cada momento. E para isso, preciso focar no presente e continuar trabalhando."
Adriano teve chances pontuais nesta VNL 2024, mas se destacou quando conseguiu mais tempo em quadra. O ponteiro cravou 15 pontos na vitória sobre a Argentina e contribuiu com 21 pontos contra a Eslovênia, apesar da derrota. Até por sua idade, o mineiro ainda é um jogador em construção. Mas que corresponde com trabalho, em busca de seu lugar.
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O menino que venceu até com o braço quebrado
Nascido na cidade mineira de Ituiutaba, Adriano gostava de praticar vários esportes, mas foi no vôlei que se encontrou. E nada era empecilho para o garoto mostrar seu talento. Os primeiros passos do ponteiro na modalidade aconteceram na escola pública onde estudava. As condições não eram melhores, com uma quadra torta e com diferença de altura entre os limites da rede. Nada que atrapalhasse o prodígio.
Já um episódio marcante de Adriano aconteceu aos 14 anos, durante os jogos estudantis em Ituiutaba. O adolescente estava com o braço esquerdo quebrado e, por isso, ocupava o banco de reservas. Insistiu para entrar e, apesar da recusa inicial do árbitro, acabou participando da partida. O braço direito já foi suficiente para auxiliar seu time numa vitória inesquecível.
“Um menino com o braço esquerdo quebrado dentro da quadra e a gente ganha o jogo, a maior vitória. Todo mundo alegre, criança, gritando e comemorando. Nunca vou esquecer esse dia”, relembrou Adriano, em entrevista ao ge.globo, em abril de 2021.
O destaque de Adriano em competições no Triângulo Mineiro logo passou a atrair atenção de outros cantos. Em 2017, aos 15 anos, o garoto participou de uma peneira da Confederação Brasileira de Voleibol (CBV). Pouco depois, foi atuar pelo Canoas nas categorias de base, enquanto também integrava as seleções inferiores. Já a eclosão do ponteiro aconteceu no Itapetininga, na Superliga 2020/21. O garoto de 19 anos liderou uma surpreendente classificação contra o Cruzeiro e fez seu nome.
As primeiras experiências com a seleção
O bom momento com o Itapetininga na Superliga abriu portas para Adriano. Em abril de 2021, o ponteiro foi convidado pelo técnico Renan Dal Zotto para participar dos treinos da seleção brasileira. Logo depois, o jovem se transferiu para o Vôlei Renata. Em Campinas, passou a mirar grandes títulos no voleibol nacional. Conquistou logo de cara o Campeonato Paulista, enquanto fez final da Copa Brasil e levou o bronze no Campeonato Sul-Americano.
Se a explosão de Adriano aconteceu muito em cima para estar em Tóquio 2020, o jovem se tornou parte dos planos da seleção a partir do segundo semestre de 2021. As convocações do ponteiro viraram costumeiras. Ele conquistou o Campeonato Sul-Americano em setembro de 2021 e, três meses depois, foi o grande destaque do Brasil que levou o ouro no Pan-Americano Júnior.
Adriano integrou as principais competições com a seleção adulta principalmente a partir de 2022. Foi quando teve um papel de coadjuvante na VNL e disputou seu primeiro Campeonato Mundial. Embora reserva, o ponteiro aproveitou a experiência e conquistou a medalha de bronze com o Brasil.
“Tudo ainda é novo para mim. Tem momentos em que olho ao redor e me dou conta que estou entre alguns dos melhores atletas do mundo. Vejo ao meu lado grandes jogadores, como o Leal, que é uma referência para mim”, afirmou ao Correio Brasiliense, na época. “Quero aproveitar esta temporada para evoluir. Trocar o máximo possível com os que estão aqui, como Bruninho, Lucão e Lucarelli, campeões olímpicos. Aproveitar este tempo para alicerçar minha carreira, que está apenas no início.”
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O ouro no Pan e o sucesso na Superliga
O último ano seria ainda mais importante para Adriano nas quadras. Pôde ganhar mais cancha na VNL 2023 e disputou os Jogos Pan-Americanos. Santiago 2023 garantiu mais um momento especial para o ponteiro, que faturou o ouro como um nome relevante da jovem equipe. Adriano dava um passo essencial rumo aos Jogos Olímpicos Paris 2024, após também figurar no elenco que assegurou a vaga através do Pré-Olímpico.
Já por clubes, Adriano manteve o ritmo forte com o Vôlei Renata. O ponteiro foi um dos protagonistas da equipe de Campinas na Superliga 2023/24. Alcançou a final numa campanha de recuperação do time e, apesar do vice-campeonato, acabou eleito um dos melhores jogadores da competição. "A cada temporada que passa, eu me sinto mais confiante, sempre aprendendo, sempre evoluindo e buscando mais e mais", comentou Adriano ao ge.globo, em maio. "Sou muito feliz em Campinas, amo o time, amo o projeto, amo fazer parte de tudo isso."
Com moral ao se juntar à seleção brasileira para a VNL 2024, Adriano tem a oportunidade de trabalhar pela primeira vez com Bernardinho. O torneio também é importante para se entrosar cada vez melhor com Bruninho, recém-contratado pelo Vôlei Renata para a próxima temporada. O objetivo do ponteiro, de qualquer forma, é outro: Paris 2024. A Liga das Nações permite a Adriano provar que, mais do que o futuro, é o presente do vôlei brasileiro e pode contribuir ao sonho de mais um pódio.
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