Vila Olímpica e Paralímpica de Paris 2024: um projeto único, ecologicamente correto e focado no futuro

Por Marion Theissen
5 min|
Paris 2024 Athlete Village
Foto por Drone Press/Sennse

Localizada entre Saint-Denis, Saint-Ouen-sur-Seine e a Île Saint-Denis, a área que abrigará os competidores dos próximos Jogos será entregue oficialmente. O Olympics.com mostra mais sobre os bastidores dessa estrutura extraordinária, que permanecerá viva por muito tempo depois do evento.  

Se pudéssemos usar apenas uma palavra para descrever adequadamente a Vila Olímpica e Paralímpica de Paris 2024, “única” talvez seja a melhor opção.

São cerca de 300 mil metros quadrados de passarelas, espaços verdes e edifícios de diferentes tamanhos e cores que receberão cerca de 15 mil atletas que competirão nos próximos Jogos na França. Após o evento, o local será transformado a fim de cumprir uma nova função.

A Solideo (sigla para Société de Livraison des Ouvrages Olympiques, ou Empresa de Entrega de Obras Olímpicas, em tradução livre para o português) foi a responsável pela entrega da Vila após trabalhar em parceria com o Comitê Organizador Paris 2024.

Tudo foi feito com diversos objetivos principais em mente: ajudar a criar uma cidade sustentável, melhorar a economia local e aumentar o crescimento da inovação e da tecnologia.

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Projeto foi pautado em reforma e reaproveitamento

A localização da Vila dos Atletas foi escolhida em função das edificações que já existiam no espaço. Por exemplo, a Cité du Cinéma (Cidade do Cinema, em tradução livre para o português), um estúdio de cinema que se encontra no coração do complexo, foi transformado em um restaurante que estará aberto 24 horas por dia.

“Nosso objetivo era usar o que já existia e adicionar todos os equipamentos e serviços que precisávamos para controlar e reduzir ao máximo nossa pegada de carbono”, disse Laurent Michaud, diretor da vila.

"É por isso que a maioria dos serviços aqui estará disponível em estruturas já existentes. No total, serão 3.200 lugares disponíveis no lobby do restaurante, acho que será o maior do mundo. Se você souber de um maior, eu adoraria saber!"

Realmente, o projeto tem sido um grande desafio.

"Logo ao lado (do lobby do restaurante), há também o estúdio dos diretores e algumas grandes estruturas vazias, então dissemos para nós mesmos: 'OK, vamos instalar salas de treinamento lá'", explicou Michaud.

Os alojamentos dos atletas Olímpicos e Paralímpicos durante os Jogos serão transformados em moradias adequadas para uso futuro.

“Assim que tivermos as chaves, haverá outra fase de transformações”, afirmou o diretor da vila. “Os futuros residentes poderão então viver lá. As cozinhas terão de ser instaladas, mas a canalização e a eletricidade já estão lá. Os apartamentos terão uma bela cozinha e uma sala de estar.”

Continuando e aprimorando um legado

Em muitos aspectos, o desenvolvimento da Vila dos Atletas girou em torno da criação e transmissão de um legado.

A primeira estrutura como essa na França foi criada para os Jogos Olímpicos de Paris 1924, sendo um símbolo forte e duradouro daquele evento.

No entanto, o novo complexo, desenvolvido com a intenção de deixar algo para a cidade e para as pessoas que nela vivem, tem um caráter único.

É uma vila adequada para os atletas que competirem em Paris 2024 e que se transformará em um verdadeiro bairro.

Até 2025, as instalações terão sido convertidas em moradias e escritórios que acolherão 6 mil residentes e outras 6 mil pessoas que terão lá o seu local de trabalho. Localizado entre Saint-Denis, Saint-Ouen-sur-Seine e Île Saint-Denis, o complexo terá apartamentos, academias, espaços verdes e até lojas e serviços locais à disposição da comunidade local.

Vila dos Atletas dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Paris 2024

Foto por Drone Press/Sennse

Um projeto ecológico e inclusivo para Paris 2024

Toda a Vila dos Atletas Paris 2024 foi projetada para ser ecologicamente correta.

"Ao construir estes edifícios, fomos cautelosos quanto à nossa pegada de carbono e utilizámos muitos materiais naturais. Todos os prédios têm menos de 20 metros de altura, possuem madeira nas fachadas e muitas vezes nas estruturas e pisos", destacou Yann Krysinski, gerente de operações da Solideo.

A vila funciona com energia 100% renovável e todos os alimentos que serão consumidos provêm de fontes sustentáveis ​​e certificadas. Painéis solares no topo dos prédios ajudarão a satisfazer as necessidades locais de eletricidade.

Também foram incluídos no projeto espaços verdes, bem como uma encosta que desce até às margens do rio Sena. É um ambiente ecológico e atraente que acrescenta cor a um bairro em crescimento. Tudo foi construído para ser adaptável às condições climáticas previstas para 2050, com elementos que ajudarão a atenuar as alterações climáticas, como a vegetação e a água nas áreas públicas.

A mobilidade também tem sido uma consideração fundamental para os Jogos Paralímpicos.

"Será instalado um sistema de transporte por causa de algumas das áreas elevadas da aldeia. Há cerca de 50 metros de diferença de altura entre as margens e a área de transporte, por isso era importante garantir que as pessoas com mobilidade reduzida pudessem circular e deslocar-se facilmente de uma parte para outra", explicou Michaud. Pelo mesmo motivo, também foram construídas rampas junto às escadas.

E ao se pensar no design dos interiores do edifício, a ecologia e a reutilização foram considerações fundamentais. Durante o passeio pelas instalações, o diretor da vila mostrou ao Olympics.com um dos apartamentos, que inclui pisos em parquet e azulejos, paredes pintadas de branco e uma pequena varanda com uma vista espetacular. O cenário é sóbrio, clássico e ideal tanto para uso durante os Jogos quanto para o futuro.

Continuando com o tema reaproveitamento de materiais, as paredes não utilizadas serão reaproveitadas pela Solideo em outras obras; as camas são de papelão e serão recicladas após os Jogos; e os colchões são feitos de redes de pesca recicladas e também serão reaproveitados.

"Você também verá que edredons estão disponíveis em cada cama. Eles foram confeccionados para Paris 2024 e os atletas poderão levá-los ao final da competição. É um presente, uma pequena lembrança."

O gesto pode parecer algo simples – porém, é mais um detalhe que faz a diferença nesse grandioso projeto.