Tóquio 2020: saiba que brasileiros podem se destacar nos Jogos Paralímpicos

Brasil envia a maior delegação da história aos Jogos Paraolímpicos com 260 atletas – 164 homens e 96 mulheres. Confira as curiosidades dos esportes e dos atletas que o Brasil quer ver brilhar em Tóquio 2020.

7 minPor Gonçalo Moreira
Brasil celebrando a medalha de ouro em Beijing 2008
(Feng Li/Getty Images)

Os Jogos Paralímpicos de Tóquio 2020 estão chegando. Entre 24 de agosto e 5 de setembro de 2021 a 16ª edição dos Jogos Paralímpicos de verão regressa à capital japonesa, onde o movimento realizou os segundos Jogos para atletas com deficiência, em 1964, e onde se cunhou o termo "Paralímpico", que passou a ser utilizado desde então.

Competindo em casa, na Rio 2016, os atletas brasileiros se superaram e colocaram a nação anfitriã no 8º lugar no ranking de medalhas com 14 títulos Olímpicos, 29 medalhas de prata e 29 de bronze, num total de 72 medalhas.

Como será em Tóquio 2020? Conseguirá o Brasil se manter no top 10 das melhores nações nos Jogos Paraolímpicos? Confira a lista dos atletas e esportes em que o país deve ser destaque.

Futebol de cinco é verde e amarelo

Dificilmente alguma seleção ou atleta brasileiro chegará a Tóquio 2020 com o estatuto do time de futebol de cinco. A superioridade perante os rivais tem sido tanta que podemos afirmar que o futebol de cinco é verde e amarelo!

Desde que o esporte foi incluído no programa dos Jogos Paralímpicos, em Atenas 2004, o Brasil já tem quatro medalhas de ouro, domínio que estendeu à Copa do Mundo onde é pentacampeão (1998, 2000, 2010, 2014 e 2018).

A seleção é treinada pelo paraibano Fábio Vasconcelos (ex-goleiro campeão Olímpico) e está no grupo A ao lado da anfitriã Japão, da China (que o Brasil derrotou na semifinal na Rio 2016 com dois gols de Jefinho) e da França (finalista derrotada em Londres 2012).

Em Jogos Olímpicos o Brasil nunca perdeu e tem como campanha mais goleadora Atenas 2004, com 14 gols em seis jogos, enquanto na Rio 2016 o ouro chegou graças a nove gols em cinco jogos. O mineiro João Batista – bicampeão Paralímpico (Atenas 2004 e Beijing 2008) – é o artilheiro histórico da canarinha com 11 gols em Jogos, mas o líder histórico é o argentino Silvio Velo com 14 gols, ele que é conhecido como o "Maradona cego".

Ao contrário de todos os outros esportes presentes no programa de Tóquio 2020, o futebol de cinco só tem prova masculina, particularidade à qual devemos somar que esta é uma modalidade exclusiva para pessoas com deficiência visual, com exceção dos goleiros.

(Richard Heathcote/Getty Images)

Experiente Daniel Dias lidera seleção de natação

Com 32 medalhas de ouro, 34 de prata e 36 de bronze, a natação ocupa o segundo posto no ranking de esportes Paralímpicos que mais medalhas renderam ao Brasil.

A referência tem sido Daniel Dias, com 14 títulos Paralímpicos e um total de 24 medalhas conquistadas, um medalheiro que se estende a Jogos Parapan-Americanos (33 medalhas de ouro) e Campeonatos do Mundo (40 medalhas, sendo 31 de ouro). Em Tóquio 2020 estará competindo pela quarta vez na carreira nos Jogos, tendo iniciado sua trajetória em Beijing 2008.

O nadador de 33 anos é o atleta mais medalhado do Brasil em Jogos Paralímpicos e no Japão deve se apresentar nas provas de 50m, 100m, 200m livre S5, 50m costas S5 e 50m borboleta S5. Nesse caso, o “S” é de “swimming” (natação em inglês), enquanto o número “5” tem que ver com o grau de deficiência física do atleta (em uma escala que vai de 1 a 10, o número aumenta quanto maior a deficiência, menor o número.

O experiente Daniel Dias lidera seleção de natação que em Tóquio 2020 contará com 36 atletas em competição, a maior delegação do esporte em Jogos Paralímpicos, superando até os 34 atletas que competiram na Rio 2016.

Após os Jogos, Daniel Dias coloca um ponto final em sua carreira, como anunciou em suas redes sociais. “Esta decisão já está tomada há um tempo, eu já venho traçando objetivos e o plano de anunciar a aposentadoria. Sou muito grato pela natação. Eu jamais imaginei que eu chegaria aonde cheguei. Se eu fosse escrever, lá quando eu comecei há 16 anos atrás, tudo que eu conquistei, eu jamais eu iria conseguir escrever isso, colocar nas palavras se eu fosse ler esta carta hoje, não seria tão perfeito como foi.”

Tal como nos Jogos Olímpicos – onde Michael Phelps é o atleta da história com mais medalhas conquistadas – também nos Paralímpicos é na natação que encontramos a recordista: a norte-americana Trischa Zorn venceu 55 medalhas, 41 de ouro!

(Buda Mendes/Getty Images)

Ciclismo conta com o craque Lauro César Chaman

Paulista de Araraquara é estrela mundial das duas rodas, competindo na classe C5 em provas de ciclismo de estrada e de pista. Em um Brasil sem grande tradição na modalidade, Lauro César Chaman elevou o perfil do ciclismo conquistando duas medalhas na Rio 2016 – prata na prova de resistência e bronze no contrarrelógio – que foram as duas primeiras do Brasil em Jogos Paralímpicos no ciclismo.

A Tóquio 2020 chega como campeão mundial de estrada após bater ao sprint o campeão Paralímpico de contrarrelógio, Yehor Dementyev (Ucrânia), no autódromo do Estoril (Portugal). Ao longo do ciclo Olímpico fez pódio em todos os Mundiais e Copas do Mundo, vencendo três títulos mundiais: dois na estrada (2017 e 2021) e um na pista (2018).

A seleção brasileira de paraciclismo preparou os Jogos Olímpico treinando no Rio de Janeiro e acompanhando Lauro Chaman estarão Carlos Soares, André Grizante, Ana Raquel e Jady Malavazzi.

(Mike Hewitt/Getty Images)

Petrúcio Ferreira dos Santos promete voar em Tóquio 2020

Em Tóquio 2020 o atletismo será o esporte-rei, atribuindo mais medalhas do que qualquer outra modalidade. A particularidade se deve ao facto de vários atletas competirem no mesmo evento, mas serem classificados de acordo com o seu tipo de deficiência, o que vai permitir ter mais do que um campeão na mesma distância.

Na pista, o Brasil tem uma clara referência: o sprinter Petrúcio Ferreira dos Santos promete voar em Tóquio 2020. O atleta da classe T47 (amputados de braço) será porta-bandeira na Cerimônia de Abertura – ao lado de Evelyn de Oliveira que no bocha foi medalha de ouro na Rio 2016 em equipes mistas – e espera poder subir no lugar mais alto do pódio nas várias distâncias em que vai competir. Correndo em casa, Petrúcio Ferreira dos Santos saiu da Rio 2016 com ouro e recorde mundial nos 100m, além de prata tanto nos 400m como no revezamento 4x100m.

Atualmente é o atleta paralímpico mais rápido do mundo após fazer 10,42s na semifinal dos 100m no Campeonato do Mundo disputado em Dubai, há dois anos.

Com 40 medalhas de ouro, 61 de prata e 41 de bronze, o atletismo tem sido ao longo dos Jogos Paralímpicos o principal responsável pelas medalhas conquistadas pelo Brasil.

(Dennis Grombkowski/Getty Images)

Tradição Olímpica será testada no vôlei sentado

Se em termos Olímpicos o Brasil é uma potência no vôlei de quadra e de praia, nos Jogos Paralímpicos ainda não conseguiu obter o mesmo domínio. A tradição Olímpica será testada no vôlei sentado, onde a seleção feminina foi bronze na Rio 2016 (3-0 vs Ucrânia) e a masculina chega como tetracampeã do Parapan-Americano.

No caso das vice-campeãs continentais, que em Lima perderam o Parapan para os EUA, o torneio se inicia no dia 27 (às 6:30 horário de Brasília) contra o Canadá; no dia 29 (às 8:30 horário de Brasília) jogam contra o Japão; a primeira fase termina no dia 31 (às 22:00 horário de Brasília) contra a Itália.

A seleção masculina, número dois do ranking mundial, se estreia no dia 28 (às 6:30 horário de Brasília) contra a China; no dia 30 (às 8:30 horário de Brasília) pega o Irã, campeões paralímpicos; fechando a fase de grupos no dia 31 (às 2:00 horário de Brasília) contra a Alemanha. O objetivo é tentar chegar pela primeira vez nas medalhas.

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