Com reviravoltas no fim, Diogo Soares e Flávia Saraiva ganham a prata no individual geral do Pan 2023
Na final masculina do individual geral nos Jogos Pan-Americanos 2023, Diogo Soares conquista a medalha de prata nesta segunda-feira, 23 de outubro. Flávia Saraiva foi segunda colocada entre as mulheres; Jade Barbosa é quarta e Arthur Nory é nono.
Depois do bronze na disputa masculina por equipes e da prata entre as mulheres, o Brasil repetiu as cores das medalhas nas finais do individual geral dos Jogos Pan-Americanos 2023 em Santiago, Chile. Nesta segunda-feira, Diogo Soares foi prata entre os homens e Flávia Saraiva repetiu a cor da medalha entre as mulheres.
Diogo, que havia surpreendido ao conquistar o top 10 no Mundial de Ginástica Artística 2023, obteve 81.865 pontos na somatória dos seis aparelhos. O canadense Felix Dolci ficou com a medalha de ouro, com 82.531. Donnell Whittenburg, dos EUA, foi bronze com 81.764. A prata só foi garantida no último aparelho. É a segunda medalha dele no Pan 2023. No sábado, conquistou o bronze na final por equipes.
Flávia, que foi bronze no solo no Mundial desta temporada, conseguiu 54.565 pontos no total dos quatro aparelhos. A norte-americana Kayla Dicello ficou com o ouro ao marcar 54.699 pontos. A também norte-americana Jordan Chiles foi bronze com 53.999. Jade Barbosa, outra brasileira na disputa, foi a quarta com 53.333.
Arthur Nory, outro brasileiro na decisão masculina, terminou em nono com 77.932 pontos e não obteve a vaga Olímpica em jogo na competição. Ele terá mais uma chance de obter a vaga em Paris 2024 nas etapas da Copa do Mundo de aparelhos no primeiro semestre de 2024. O Brasil já tem duas cotas asseguradas: uma do país pela 13ª posição na disputa por equipes do Mundial e outra de Diogo Soares no individual geral.
A ginástica artística prossegue nos Jogos Pan-Americanos 2023 em Santiago, Chile, nesta terça-feira, 24 de outubro. É o primeiro dia das finais de aparelhos. As mulheres competirão no salto e nas barras assimétricas. Os homens disputarão medalhas nas argolas, cavalo com alças e solo.
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Diogo cresce nos dois últimos aparelhos para ‘manter’ pódio da classificatória
Diogo, inclusive, mostrou que vive grande fase realmente. A prata nos Jogos Pan-Americanos 2023 só foi alcançada após ele buscar uma reviravolta nos dois últimos aparelhos. Na quarta rotação, por exemplo, ele era o quarto colocado, atrás dos dois norte-americanos e do canadense Felix Dolci, que já liderava o evento.
A partir daí, ele começou a subir. Após as barras paralelas, pulou para a terceira posição, ultrapassando Cameron Bock, dos EUA, por apenas 0.033 pontos. Por fim, na barra fixa, última série, conseguiu deixar o também norte-americano Donnell Whittenburg para trás e garantir a segunda posição – tinha sido terceiro na classificatória.
"Eu estou muito feliz. Eu me classifiquei em terceiro e é tenso você saber que está no pódio e ter que manter, sem cometer muitas falhas, porque é difícil continuar lá. Busquei o primeiro lugar, não aconteceu ainda. Mas estou feliz com minha primeira medalha nos Jogos Pan-Americanos", comentou Diogo ao Olympics.com.
Diogo também falou sobre a lesão no pé com que conviveu durante todo o ano e revelou que chegou a pensar em não competir nos principais eventos da temporada.
"Foi uma lesão mais séria e foi um período que estava muito perto do Mundial, que classificava para os Jogos Olímpicos. Foi muito difícil eu aceitar que tinha machucado, eu não acreditava que ia dar tempo. Teve momentos em que acabei quase desistindo psicologicamente, a esperança tinha acabado porque estava muito perto [do Mundial]. Mas a equipe do Flamengo e da seleção não me abandonaram, trabalharam muito duro para que eu pudesse competir. Ainda sinto muito o pé, mas eles conseguiram fazer eu competir em Paris, Mundial e aqui."
Ginástica artística no Pan 2023: como foi a final masculina do individual geral
Cada um com seus próprios objetivos, Diogo Soares e Arthur Nory começaram a rotação da final do individual geral nos Jogos Pan-Americanos 2023 no solo. Os dois brasileiros fizeram apresentações seguras, com Nory, bronze no aparelho nos Jogos Olímpicos Rio 2016, alcançando 13.833 pontos e Diogo Soares com 13.400.
Depois, vieram os dois piores aparelhos para Arthur Nory: cavalo com alças e argolas. Com apresentações simples, mas sem quedas, ele conseguiu 11.933 e 12.500 pontos, respectivamente, ‘sobrevivendo’ na metade da prova com a 15ª posição e 38.266 pontos. Diogo Soares foi muito bem no cavalo, com 13.766, e teve 13.233 nas argolas, ficando momentaneamente na quinta posição com 40.399.
No salto, Diogo Soares subiu uma posição com 14.033 pontos, ficando em quarto com 54.432 pontos. Arthur Nory teve uma boa nota (14.333), mas subiu apenas uma colocação, com 52.599 pontos. Nas barras paralelas, contudo, Nory teve duas quedas do aparelho e erros de execução, conquistando apenas 10.833 pontos e praticamente saindo da luta pela cota Olímpica.
Diogo, mesmo com erros na apresentação e desequilíbrio na saída, conseguiu 13.833 pontos, pulando para a terceira posição, apenas 0.033 à frente do norte-americano Cameron Bock. A definição da medalha ficou mesmo para a barra fixa, último aparelho da rotação para os líderes.
Nory conseguiu 14.500, reforçando porque é seu aparelho preferido e terminou na nona posição. Diogo Soares também fez uma apresentação limpa e conseguiu 13.600. Ele contou com erros dos atletas norte-americanos e quase alcançou o ouro com a queda do canadense Felix Dolci, mas não foi suficiente para tirar a diferença na classificação, terminando com a prata.
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Como foi a disputa do individual geral feminino no Pan 2023
Em séries diferentes na rotação, as brasileiras Flávia Saraiva e Jade Barbosa começaram com boas notas. No salto, Flávia obteve 13.966, posicionando-se na terceira posição atrás das duas norte-americanas. Jade competiu nas barras assimétricas e passou sem quedas, alcançando 13.100, superando a queda que ela teve na classificatória.
Na segunda rotação, Jade foi para outro aparelho perigoso na ginástica artística: a trave. Ela conseguiu uma apresentação limpa, sem queda, e obteve 12.900 pontos, terminando a rotação na sexta posição, com 26.000. Nas barras assimétricas, Flávia conseguiu 13.533 pontos e assumiu a segunda posição, com 27.499 pontos.
Na segunda metade da prova, as brasileiras foram para seus melhores aparelhos. No solo, Jade conseguiu 13.433 pontos e pulou para a quinta colocação na classificação geral com 39.433. Na trave, Flávia fez uma apresentação bem segura, com poucos erros, e conseguiu 13.866 no início, mas depois de um recurso do time brasileiro, pulou para 14.166, assumindo a primeira posição por 0.699 com 41.665 no total.
Por fim, na última rotação, Jade Barbosa conseguiu 13.900 no salto e terminou na quarta colocação com 53.333 pontos, a 0.666 do bronze. Já Flávia Saraiva competiu no solo. Com alguns erros, conseguiu 12.900 e obteve 54.565 no total, ficando com a prata por 0.134 pontos.
Flávia exalta Jade e ressalta superação em ano pós-cirurgia
Perto do ouro durante toda a competição, especialmente após a rotação em que passou pela trave, Flávia não tirou uma nota tão alta no solo, em que uma passada acabou sendo mais simples do que costuma ser. Ela falou ao Olympics.com sobre a pressão de sempre se apresentar no seu grau máximo de dificuldade.
"Vi gente comentando na internet 'ah ela está fazendo séries mais fáceis'. Foi um ano muito cansativo. Depois de um Mundial, com apenas cinco dias no Brasil, não tem como manter as séries mais difíceis o tempo todo. Também vim de uma cirurgia. Estou voltando com os elementos, na trave ainda não consegui voltar todos", disse.
Apesar da dureza da competição, a medalha no peito é a recompensa perfeita para Flávia. "Não tem outra coisa melhor. Estou cansada, mas não tem nada melhor que isso, essa felicidade."
Medalhista pela terceira vez consecutiva do individual geral no Pan, Flávia também comemorou o quarto lugar de Jade Barbosa, sua grande amiga.
"É incrível porque eu acompanhei a Jade no meu começo de carreira todo. No Pan de 2007, eu nem fazia ginástica ainda. Poder competir uma final de individual geral com ela é muito bom", comentou Flávia. "A Jade tem 32 anos e está entre as melhores do mundo."
Também em uma temporada de 'fênix', Jade vê o quarto lugar como a coroação de sua resiliência.
"Estou muito realizada. Dois dias seguidos de competição. Tem muito tempo que eu não fazia esta carga. É muito importante mentalmente, porque sinto que fisicamente estou pronta. Mas vieram muitas lesões, um período extenso sem competir, principalmente em quatro aparelhos, então foi importante para afirmar que eu posso de novo, sabe?", ela contou ao Olympics.com.
"Pude me sentir pertencente ao ambiente ginástico, que é minha segunda casa. Há 16 anos [Pan 2007], eu fiquei em quarto no individual geral. 16 anos depois, o mesmo lugar por equipe e no individual geral. Não tenho como agradecer, é inesquecível", emocionou-se Jade.