Podcast: A volta ao mundo de Rosamaria pelo ouro em Paris

Por Sheila Vieira e Virgilio Franceschi Neto
7 min|
Foto de capa de podcast. Rosamaria comemora ponto na final entre Brasil e Itália pelo Grand Prix de 2017, em 6 de agosto, em Nanjing, na República Popular da China.
Foto por Zhong Zhi/Getty Images

Um dos nomes mais lembrados da seleção feminina de vôlei na campanha da medalha de prata em Tóquio 2020, Rosamaria partiu para o vôlei de clubes no Japão, após fazer história atuando no Brasil e na Itália. Experiência internacional que tem como objetivo o sonhado topo do pódio em Paris 2024. Ouça o episódio.

O desempenho, a garra e a vibração de Rosamaria marcaram a torcida brasileira na campanha da seleção feminina de vôlei pela prata em Tóquio 2020. Energia e espírito bastante lembrados pelo público em um elenco que deixou as melhores impressões.

Depois de uma consolidada carreira em clubes do Brasil, Rosamaria decidiu tomar novos rumos e partiu para a Europa em 2019. Foi destaque na Itália, o que fez o técnico José Roberto Guimarães convocá-la para os Jogos Olímpicos, em momento de renovação da equipe.

Depois da medalha na capital japonesa, a catarinense de Nova Trento continuou brilhando nas quadras italianas. Pela seleção, experimentou a atuar também como ponteira. Desafiador, porém surpreendente: ajudou muito o Brasil na conquista do vice-campeonato do Mundial 2022, nos Países Baixos.

Menos de um ano depois, foi fundamental no elenco que deu ao país uma vaga nos Jogos Paris 2024, durante o Pré-Olímpico realizado no Japão. No entanto, não voltou para a Itália. Se propôs a um novo desafio, e hoje joga na liga japonesa.

Prestes a completar 30 anos de idade, em 9 de abril, ela continua escrevendo sua rica história e trabalha para que Paris, daqui a alguns meses, seja um capítulo dourado.

Uma volta ao mundo de uma carreira em busca do ouro na capital francesa. Foi o que Rosamaria compartilhou no 23º episódio do podcast dos Jogos Olímpicos (ouça aqui no spotify), com alguns trechos abaixo que o Olympics.com separou.

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Me surpreendi muito positivamente. Já tinha vindo pra cá com uma expectativa boa, mas tem sido incrível o dia a dia e entender a escola japonesa. Tem sim muita diferença entre o voleibol europeu e o asiático. Como a gente sabe, a escola asiática em si é de muita defesa, de muita velocidade. Eu já tinha jogado contra a seleção japonesa, então eu já tinha um pouco de noção. Mas realmente ver aqui no dia a dia o estilo de jogo delas, de treino e de mentalidade, velocidade do jogo em que a bola não cai nunca e que elas lutam até o último segundo. Tem sido uma experiência transformadora.

Sobre a experiência no vôlei de clubes do Japão.

Claro que eu trago um pouco da minha experiência, porque falando do meu time principalmente, são meninas que grande maioria é a primeira vez que está jogando, acabaram de sair da universidade e já estão aqui na liga profissional. Então eu trago um pouco também de tudo o que eu vivi. Tenho o meu jeito brasileiro também. Eu sou um pouco mais explosiva dentro de quadra, tenho um pouco disso, de falar bastante, elas são bem mais quietas. Então eu trago um pouco dessa energia ali pra dentro de quadra, elas são muito positivas e isso ajuda muito. Eu tento colocar um pouco mais dessa garra ali dentro de quadra, talvez em algum momento que a gente precisa sabe, de acordar naquele momento do jogo em que a gente precisa dar uma reviravolta sim, porque elas estão um pouco mais calmas. Às vezes eu estou pilhada e eu as vejo assim, super calmas e falo ‘poxa, vamos encontrar um equilíbrio’, e aí tem essa troca. Tem sido bem interessante.

Em relação a como ela tem ajudado sua equipe na liga japonesa.

Eu sei o quanto eu batalhei para conseguir hoje ter essa posição. Então, realmente, todo esse movimento que eu fiz na minha vida, os grandes movimentos que eu fiz na minha carreira, foram pensando em poder servir de fato a seleção brasileira da melhor maneira possível. E também o Zé [o treinador José Roberto Guimarães] foi o cara que abriu os meus olhos e falou isso para mim. E eu nunca vou esquecer essas palavras dele, que foi quem me disse, quem explicou com toda a visão e experiência de vôlei que ele tem, que na minha situação, com a minha altura, no tipo de jogadora que eu era, seria muito interessante eu dar essa possibilidade de jogar em duas posições. Então fico muito feliz de ter conseguido ao longo dos anos desempenhar esse papel e por ter participado de momentos importantes com a seleção brasileira. Espero estar apta também para poder ajudar no que for preciso daqui para frente, porque acho que tem bastante coisa interessante.

Sobre o papel que hoje possui na seleção brasileira.

Um dos momentos mais importantes da minha carreira, senão o mais importante. Viver a Olimpíada já era um sonho. Estar e poder participar de momentos importantes em que a seleção precisou de mim, foi a realização de mais um sonho. Então, pessoalmente, foi a prova de que todos os esforços que eu fiz valeram a pena e de que toda a abdicação realmente valeu a pena. Pessoalmente, foi uma prova de que eu era capaz. Eu tinha um objetivo e nunca deixei de trabalhar e de me doar 100% por ele. Então acho que aquilo ali foi a recompensa de um trabalho de muito tempo*.*

Em relação ao significado que a campanha da prata em Tóquio teve para sua carreira.

A gente teve um ano de altos e baixos, o de 2023, mas na Olimpíada é um mundo mágico, onde tudo pode acontecer. Tem coisas que acontecem só na Olimpíada. Então eu acho que a gente está aí na briga. Claro que tem muitas equipes muito fortes, você vê uma Turquia que está ganhando tudo, você vê uma Sérvia que é sempre muito forte, os Estados Unidos, como sempre. Acho que o vôlei mundial está muito equilibrado. Então, de fato vai vencer quem chegar lá melhor preparado, quem tiver cabeça, porque é um campeonato muito importante. Então vai vencer quem chegar melhor fisicamente e mentalmente. Acho que tudo pode acontecer. Acho que a gente está bem aí na briga.

Sobre como vê a seleção feminina na disputa pelo ouro em Paris 2024.

Podcasts dos Jogos Olímpicos

Confira os 22 episódios do podcast dos Jogos Olímpicos, mais os seis especiais dos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023, no Spotify:

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