Podcast: Rodrigo Pessoa e a jornada de volta para casa em Paris 2024

Eu nasci em Paris, então tem muita, muita coisa a ver essa Olimpíada para mim.

Acho que esse período foi para mim, esportivamente, o período mais difícil da minha, da minha vida, a da minha carreira. Esse cavalo vinha tendo resultados realmente incríveis nos últimos anos, ganhando três Copas do Mundo seguidas. O cavalo era super favorito. Aquele negócio do sonho Olímpico, tudo estava batendo. Eu não sei até hoje o que aconteceu realmente, foi um excesso de confiança, que a gente estava realmente faltava só aquele percurso para conseguir o nosso sonho. E depois aconteceu aquele desastre que não é nenhuma contra-performance, é mais que uma contra-performance. A maneira que aconteceu foi tão brutal que foi muito difícil, psicologicamente foi difícil. Para mim, depois de todas as noites que eu não consegui dormir, um ponto que me endureceu, me endureceu e tudo acontece por uma razão. Foi duro, mas valeu a pena.

Eu tive a oportunidade de encontrar apoio de familiares e de amigos e continuar minha carreira, continuar tendo bons desempenhos e grandes vitórias para poder apagar um pouco essa ferida, que nunca se fecha. Ela pode diminuir, tive uma medalha quatro anos depois, que agradecemos e talvez um dia vamos ter uma outra, mas essa ferida ela nunca se fecha. Ela hoje está bem mínima, mas ela sempre existe.

Mas virou um ouro, virou um ouro. Isso também ajuda a fechar a ferida. A medalha que a gente conquistou em Atenas, a medalha de prata, já foi super festejada e foi um momento fantástico realmente, porque na parte da manhã eu tinha feito um percurso com duas faltas, não muito bom, e a prova da noite estava muito difícil, não tinham nenhum zero e eu consegui fazer zero e subir 15 posições, de volta para um desempate para a medalha de prata e bronze, que conquistamos a prata. Então foi muito emocionante, e depois o capítulo todo do doping do irlandês [Cian O'Connor], etcetera, que nos levou a ganhar a medalha de ouro. Atenas foi onde realmente eu consegui encontrar calma e, mentalmente, encontrar força de fechar o capítulo de Sydney. Demorou todo esse tempo, foram quatro anos difíceis de lidar. Mas, assim é a vida, né?

O fato mais importante que ele me ensinou foi ter paciência com os cavalos. É porque ele tem convicção de que, com paciência, eles [os cavalos] sempre acabam chegando onde a gente quer. Essa é a filosofia dele, às vezes tem cavalo que você espera, espera, espera, mas nunca chega. No entanto ele [Nelson Pessoa] sempre quer dar a chance ao cavalo de, através do tempo, poder chegar.

Então tudo se profissionalizou muito, e tudo está ficando ainda mais profissional. O que antigamente era normal, hoje não se faz mais. Todo mundo está realmente super focado em ir, se preparar, em estar fisicamente melhor, em preparação física, preparação mental, tudo isso realmente mudou, mudou muito através do tempo. Então acho que a geração que está vindo aí, a gente sempre tem esperança de que ela vai ser melhor e fazer melhor do que a precedente.

Alguns anos atrás, o proprietário [do centro onde treina], que é americano, me perguntou se eu não queria tentar mais uma vez uma Olimpíada bem montada, etcetera. Falei 'Eu topo, vamos, vamos lá.' E aí para a gente pode participar de uma Olimpíada e participar em boas condições, você precisa de um cavalo realmente especial. Então a gente foi atrás de um cavalo e tivemos a felicidade de encontrar o Major Tom, então com sete anos. Mas foi três anos atrás, visando justamente essa Olimpíada de Paris. Então foi. Foi graças a isso isso que a gente está nesse momento agora.

Paris é Paris. Acho que a gente está muito ansioso para viver uma Olimpíada muito bonita.