Podcast: Rafael Silva, o ‘Baby’, em trajetória Olímpica de paixão e gratidão ao judô

Por Sheila Vieira e Virgilio Franceschi Neto
6 min|
[Podcast Thumbnail] Rafael Silva of Brazil, at the +100kg judo during the Pan-American Games Santiago 2023.
Foto por Gaspar Nóbrega/COB

Com duas medalhas de bronze Olímpicas, em Londres 2012 e na Rio 2016, Rafael Silva, também conhecido como “Baby”, é referência no judô do Brasil e do mundo e compete na categoria acima dos 100kg - a máxima no masculino.

Carisma e simpatia são marcas registradas deste judoca que ensaiou parar a carreira após Tóquio 2020, mas não saiu disso. Não demorou para reativar o modo competitivo e partir para mais um ciclo Olímpico. Mais curto, é verdade, porém mais equilibrado, como ele mesmo definiu. Aspecto fundamental para mantê-lo entre os melhores da modalidade, aos 37 anos.

Rafael Silva é o convidado do 31º episódio do podcast dos Jogos Olímpicos – 12º da temporada 2024 -, em que falou sobre os preparativos para a que será a sua quarta participação em Jogos, comentou sobre o seu papel no esporte e o que o levou a encarar temporadas a mais no alto rendimento (ouça aqui no spotify).

Ainda tinha uma lenha pra queimar.

Em como se sentia após Tóquio 2020.

Confira abaixo mais alguns trechos deste bate-papo que o Olympics.com separou.

Eu acho que o final do ciclo de Tóquio foi bem exaustivo, pensando em tudo e para mim, assim... foi pesado e pensei muito em parar naquele momento. Mas aos poucos eu consegui voltar da Olimpíada, descansar, voltar a treinar, voltar a entender como como estavam as coisas... assim pensando 'eu ainda gosto muito dessa parada.' Voltei a competir no começo do ciclo ali em Israel. Fiz uma final num Grand Slam e falei: 'eu ainda não estou pronto pra largar esse negócio de competir. Eu acho que ainda dá, posso render de alguma maneira.'

Ainda em relação aos motivos que fizeram com que ele permanecesse no judô de competição.

Consigo enfrentar os adversários mais novos de igual para igual, então está sendo uma experiência gratificante e prazerosa ao mesmo tempo. O treino ainda é duríssimo, é difícil você todo dia ali tentar entregar o seu melhor, estar focado na Olimpíada, mas ainda vale bastante a pena e assim... eu ainda gosto muito desse negócio [a competição].

Quando perguntado sobre a preparação para Paris 2024.

Com o tempo também você vai entendendo o impacto que um atleta Olímpico tem na vida das pessoas, porque o atleta Olímpico existe, é para que você consiga trazer mais gente que o esporte. É para que mais pessoas consigam ter acesso a esses valores Olímpicos, usar os valores do Movimento Olímpico. Porque assim como o judô foi para minha vida, ali um catalizador de coisas boas, de falar 'o judô mudou a minha vida e eu enxergo a vida com o prisma dos valores que eu aprendi com o judô', eu acho que mais pessoas deveriam ter acesso a isso e é com certeza a nossa missão aí de atleta Olímpico.

Em reflexão sobre o seu papel além dos tatames.

Estou pensando na Rebeca [Andrade], na Rayssa [Leal]. Quantas pessoas começaram a andar de skate e fazer atividade física por causa da Rayssa conquistando uma final de Olimpíada? Sei lá, é um negócio mágico assim. Eu cresci vendo a galera do judô, a galera do vôlei também arrebentando. Então, de certa maneira isso, isso com certeza mexe comigo. E é um processo que eu fui aprendendo ao longo desses ciclos Olímpicos. E com certeza, Paris [2024] tem muito disso e de realmente curtir todo esse legado.

Quando fala de atuais exemplos no esporte e aqueles que teve ao longo da carreira.

Paris praticamente é a segunda casa do judô. A gente tem o Japão ali como a primeira [casa] e Paris a segunda. É um país que pratica muito judô. É um país que o judô está espalhado nas escolas. Então a torcida lá é fantástica, entende de judô. Quando você coloca golpe, mesmo quando você joga um francês, eles vão aplaudir. É assim, eu me sinto muito à vontade de lutar lá. Eu gosto muito. Lá eu sou bem reconhecido também por estar lutando sempre com o Teddy [Riner]. Eu acho que a galera já me reconhece também. Assim, encontro o pessoal na rua e acaba que me reconhecem. E Bercy que é sempre onde acontecem as competições do judô, Bercy fica lotada e é muito legal lutar lá, você sente essa energia da torcida e o lugar que montaram lá pra Olimpíada, ao lado da Torre, está bonito demais, assim. Então vai estar lotado aquilo, com certeza no meu dia vai ser o dia mais lotado do negócio por conta do Teddy [Riner]. Mas estou ansioso assim para ir, para sentir essa energia. Com certeza vai ser diferente.

Em relação à Paris, à França e o amor dos franceses pelo judô.

Podcast dos Jogos Olímpicos

Confira os 30 episódios do podcast dos Jogos Olímpicos, mais os seis especiais dos Jogos Pan-Americanos Santiago 2023, no Spotify: