O que nós aprendemos: resumo do Ciclismo de Estrada nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020

Desde a vitória incrível de Anna Kiesenhofer na corrida de estrada até à demonstração de poder de "La Locomotora de Carchi", dê uma olhada nos momentos memoráveis do Ciclismo de Estrada em Tóquio 2020, recapitule os medalhistas e o que esperar em Paris 2024.  

Sem contrato com uma equipe profissional, Anna Kiesenhofer surpreendeu o pelotão feminino em Tóquio 2020
(Michael Steele/Getty Images)

A competição de ciclismo de estrada em Tóquio 2020 foi cheia de animação e drama, vitórias chocantes e remontadas épicas - resumindo, tudo o que se espera nos Jogos Olímpicos!

Abaixo, nós damos uma olhada nos momentos mais memoráveis, fazemos uma recapitulação de quem levou as medalhas e antecipamos em quem ficar de olho nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 que acontecerá em apenas três anos.

Top 5 momentos do ciclismo em Tóquio 2020

Aqui estão alguns dos destaques dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, que aconteceram em 2021.

1 - A vitória "surpresa" de Anna Kiesenhofer na corrida de estrada

Onde mais começar do que com a vitória "surpresa" de Anna Kiesenhofer na corrida de estrada feminina?

A austríaca é especialista em contrarrelógio, mas era sobretudo um nome pouco badalado entre as profissionais e presença pouco ou nada habitual nas melhores provas do mundo. O motivo da sua ausência de um projeto profissional de topo é simples. A atleta de 30 anos é candidata a pós-doutorado em matemática na École Polytechnique Fédérale de Lausanne, na Suíça, e é a todos os efeitos considerada uma ciclista amadora e autodidata, já que nem sequer tem treinador.

No entanto, isso não importou, já que a austríaca produziu o desempenho de uma vida ao longo da exaustiva corrida de 147km, atacando dentro da fuga do dia que partiu em aventura logo nos primeiros metros da prova, apenas para se lançar a solo nos 40km finais, conseguindo levar o seu esforço épico até ao fim no tempo de 3:52:45.

(Michael Steele/Getty Images)

Era tão grande a sua vantagem sobre o resto do grupo que a holandesa Annemiek van Vleuten - que terminou quase dois minutos depois de Kiesenhofer - começou a chorar de alegria, pensando erroneamente que havia ganho o ouro antes de perceber que, de fato, era medalha de prata.

“É uma sensação incrível”, disse Kiesenhofer. “Não pude acreditar. Mesmo quando cruzei a linha, foi como, 'Acabou? Eu tenho que continuar andando?' Incrível."

Anna Kiesenhofer cometeu a proeza de conquistar a medalha de ouro e ao mesmo tempo derrotar o poderoso bloco dos Países Baixos, que vinha de dominar em em Londres 2012 com Marianne Vos e na Rio 2016 com Anna van der Breggen. Foi também a primeira medalha para a Áustria em qualquer disciplina do ciclismo em 125 anos e a primeira austríaca a ganhar uma medalha de ouro nos Jogos Olímpicos (de verão) desde Atenas 2004.

2 - Richard Carapaz colocou o Equador no mapa Olímpico

Embora a vitória de Carapaz na prova de fundo masculina não tenha sido um choque tão grande quanto a corrida pela medalha de ouro de Kiesenhofer no evento feminino, seu desempenho não foi menos espetacular.

Carapaz - o vencedor do Giro d'Itália de 2019, vice-campeão da Vuelta a España em 2020 e terceiro colocado no Tour de France de 2021 - teria se preparado para o evento treinando no Vulcão Cotopaxi, nos Andes. Ele que nasceu e cresceu em Carchi, quase aos 3000m de altitude, bem perto da fronteira do Equador com a Colômbia.

Essa foi a decisão certa tomada pelo equatoriano, considerando que o percurso da corrida em Tóquio foi descrito como um dos mais difíceis da história Olímpica com quase 5000m de desnível positivo acumulado.

(2021 Getty Images)

Com 25 quilômetros pela frente, Carapaz - cujo apelido é La Locomotora (A Locomotiva) - correu na frente junto com o americano Brandon McNulty, com os dois líderes colocando mais de 30 segundos entre eles e o primeiro grupo de perseguição. No entanto, nos seis quilômetros restantes, Carapaz agarrou sua chance, escapando de um cansado McNulty em uma subida íngreme antes de se tornar o segundo medalhista de ouro do Equador na história Olímpica.

Depois da corrida, Carapaz falou com orgulho sobre a conquista da medalha de ouro: “A verdade é que é um momento incrível que as palavras não podem descrever. Para o meu país, a verdade é que você tem que acreditar, não? Trabalhei muito para chegar aqui. Estou aqui, estou gostando - é algo tão grande para mim. E simplesmente obrigado pelo apoio que realmente me ajudou a chegar aqui."

3 - Primož Roglič venceu o contrarrelógio masculino

O esloveno Primož Roglič chegou a Tóquio ainda lidando com as sequelas de uma queda feia que o forçou a se retirar do Tour de France de 2021 - competição que ele havia terminado em segundo no ano anterior, perdendo apenas no último dia para o compatriota Tadej Pogacar.

"Em primeiro lugar, digamos ... quando tomei a decisão de vir para cá, fiz um bom treino e estava pronto para ir, mas imediatamente com a corrida de estrada voltei a encontrar grandes problemas porque estava quase fora da corrida, depois uma hora, por causa de alguns dias de câimbras nas costas", disse Roglic, que terminou em 28º na corrida de fundo.

(Michael Steele/Getty Images)

Felizmente para Roglic, quando o dia da competição de contrarrelógio chegou, ele não estava mais sentindo nenhuma dor, o que lhe permitiu marcar um tempo devastador em 55:04.19 para levar o ouro com folga de um minuto sobre seu concorrente mais próximo, Tom Dumoulin, dos Países Baixos.

Quando menos provável parecia pela prestação na corrida anterior e a queda no Tour, Primoz Roglic venceu o contrarrelógio Olímpico.

4 - Atletas neerlandeses superaram uma série de azares

A equipe neerlandesa de ciclismo deve ter se sentido como se tivesse feito algo para ofender os deuses de Tóquio 2020 após os primeiros dias de competição (e treinamento) no Japão.

Em primeiro lugar, o incidente com Van Vleuten que celebrou o ouro sem perceber que afinal era medalha de prata na corrida feminina de fundo devido à falta de comunicação por rádio dentro do time em momentos cruciais da prova.

O azar continuou no evento de mountain bike. Mathieu van der Poel caiu fora da competição depois de não perceber que uma rampa no percurso de treino seria removida da corrida de verdade. A grande esperança de medalha dos Países Baixos nem completou a prova devido às lesões nas costas.

E houve outro incidente após o eventual campeão de BMX, Niek Kimmann, colidir com um oficial que entrou na pista durante um treino.

A sequência de incidentes terminou quando Van Vleuten finalmente chegou à medalha de ouro no contrarrelógio feminino e a sua compatriota Anna van der Breggen levou o bronze. Houve sucesso do lado dos homens também, com Dumoulin garantindo uma prata no contrarrelógio. Após um início atribulado, os atletas neerlandeses superaram uma série de azares.

5 - Fãs torcendo!

Devido à pandemia COVID-19, os fãs não foram autorizados a entrar na maioria dos locais de competição dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020.

No entanto, os atletas nas corridas de estrada tiveram a sorte de sentir o carinho da torcida japonesa, já que a maior parte do percurso para as corridas masculinas e femininas aconteceram fora da região de Tóquio, onde protocolos COVID-19 mais relaxados permitiram espectadores durante as competições.

Os espectadores japoneses aproveitaram ao máximo a oportunidade, torcendo pelos ciclistas com os tradicionais tambores Taiko, apitos e grandes placas, dando um impulso muito necessário aos atletas que participavam da exaustiva corrida. Ver os fãs torcendo foi um dos grandes momentos do ciclismo nos Jogos Olímpicos.

(Tim de Waele/Getty Images)

Van Vleuten riu por último em Tóquio 2020

Se inicialmente choveram críticas sobre a prestação da seleção neerlandesa feminina na prova de fundo, Van Vleuten e companhia encontraram a redenção ganhando o ouro e o bronze no contrarrelógio.

A bicampeã mundial de contrarrelógio mostrou sua habilidade conquistando o evento com um tempo ultrarrápido de 30:13.49 - quase um minuto mais rápida do que Marlen Reusser (SUI), que foi medalha de prata.

Foi uma grande história de reconciliação com os fãs de uma das pátrias do ciclismo para a atleta neerlandesa, que sofreu um acidente assustador enquanto liderava a corrida de estrada na Rio 2016 que a levou a ser hospitalizada com três fraturas na coluna e uma concussão grave.

Mas não houve como parar a mulher de 38 anos no Fuji International Speedway enquanto ela merecidamente ganhou o ouro.

Olá Paris 2024

Um dos aspectos emocionantes das competições de corrida de rua e contrarrelógio é o fato de que você nunca sabe quem vai ganhar! Na história Olímpica de ambos os gêneros, houve apenas três atletas que defenderam com sucesso sua medalha de ouro: Viatcheslav Ekimov, que ganhou o ouro em 2004 e 2008 no contrarrelógio masculino, Leontien van Moorsel no contrarrelógio feminino em 2000 e 2004, e Kristin Armstrong, que ganhou três medalhas de ouro sucessivas de 2008 a 2016.

Portanto, é uma aposta segura que veremos novos atletas no topo do pódio em Paris em três anos; só esperamos que as competições para ganhar o ouro sejam tão emocionantes quanto as que tivemos em Tóquio!

Quando e onde assistir os replays de ciclismo de estrada em Olympics.com

A resposta está aqui: Olympics.com/tokyo2020-replays

Quando irão os melhores ciclistas competir em seguida?

O Campeonato Europeu de Estrada UEC está programado para acontecer de 8 a 12 de setembro e o Campeonato Mundial de Estrada UCI na Bélgica de 19 a 26 de setembro.

Lista Completa de medalhas do ciclismo de estrada em Tóquio 2020, em 2021

Eventos Femininos

Corrida de Estrada

Ouro: Anna Kiesenhofer (AUT)

Prata: Annemiek van Vleuten (NED)

Bronze: Elisa Longo Borghini (ITA)

Contrarrelógio

Ouro: Annemiek van Vleuten (NED)

Prata: Marlen Reusser (SUI)

Bronze: Anna van der Breggen (NED)

Evento Masculino

Corrida de estrada

Ouro: Richard Carapaz (ECU)

Prata: Wout Van Aert (BEL)

Bronze: Tadej Pogačar (SLO)

Contrarrelógio

Ouro: Primož Roglič (SLO)

Prata: Tom Dumoulin (NED)

Bronze: Rohan Dennis (AUS)

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