Novak Djokovic conquista o aguardado ouro Olímpico e Errani/Paolini dão inédito ouro à Itália nas duplas femininas
O momento tão esperado por Novak Djokovic chegou: o tenista conquistou sua medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. O sérvio está em sua quinta participação Olímpica, até então limitado a um bronze, com seguidas frustrações em semifinais. A consagração no torneio masculino de simples do tênis em Paris 2024 aconteceu no saibro de Roland Garros, neste domingo, 4 de agosto. Na final contra Carlos Alcaraz, Djokovic venceu por 2 sets a 0 – parciais de 7-6(3) e 7-6(2), em 2h50min de partida.
A emoção de Novak Djokovic ao confirmar a vitória foi contagiante. O sérvio não segurou as lágrimas e suas mãos tremiam, em contato com o saibro de Roland Garros. Após pegar a bandeira da Sérvia, o tenista subiu às arquibancadas e celebrou com sua família. A torcida, que em momentos pareceu pender a Alcaraz, se rendeu à lenda. O espanhol também chorou com a derrota, mas levou a prata em sua estreia Olímpica, aos 21 anos.
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Foi uma partida bastante equilibrada, sem uma quebra de serviço sequer. Porém, Djokovic oscilou menos que Alcaraz e se mostrou mais centrado nos momentos decisivos, em especial nos dois tie-breaks. O sérvio salvou oito break points, todos no primeiro set, antes de se tornar mais efetivo a partir do saque no segundo set. Djokovic estava mais preparado para o grande momento e sua vibração ao final da partida não escondeu o sentimento.
O ouro dos Jogos Olímpicos era o grande título que faltava à carreira de Novak Djokovic. Com a conquista, o sérvio se torna o terceiro tenista a vencer o torneio masculino de simples dos Jogos e os quatro Grand Slams, no chamado “Career Golden Slam”, ao lado de Rafael Nadal e André Agassi. Entre as mulheres, Steffi Graf e Serena Williams também conseguiram o Career Golden Slam no simples feminino -- a americana ainda tem o feito nas duplas femininas, enquanto a alemã conseguiu numa mesma temporada.
Tênis em Paris 2024
Djokovic e Alcaraz se enfrentaram pela sétima vez na carreira. Até então, o retrospecto dava três vitórias para cada. O sérvio tinha uma vitória anterior em Roland Garros, na semifinal do Aberto da França 2023. Porém, nas duas finais de Grand Slam, o espanhol se deu melhor com o bicampeonato em Wimbledon. Paris 2024 deu vantagem a Djokovic.
Djokovic vinha sob reticências a Paris 2024. Embora tenha chegado à final de Wimbledon, o sérvio passou por uma cirurgia no menisco pouco antes, em lesão que o tirou do Aberto da França 2024. Nestes Jogos Olímpicos, Djokovic teve uma vitória marcante na segunda fase, ao eliminar Rafael Nadal com uma atuação dominante. Também superou Matthew Ebden, Dominik Koepfer, Stefanos Tsitsipas e Lorenzo Musetti.
Djokovic estreou nos Jogos Olímpicos Beijing 2008, derrotado por Rafael Nadal nas semifinais. Conquistou o bronze. Desde então, não repetira o pódio. Perdeu na semifinal de Londres 2012 para Andy Murray e na decisão do bronze para Juan Martin del Potro. O argentino também foi seu algoz na primeira fase da Rio 2016. Já em Tóquio 2020, após perder a semifinal para Alexander Zverev, o vencedor do bronze foi Pablo Carreno Busta. Nas duplas mistas, teve um quarto lugar em Tóquio 2020, ao desistir do bronze por lesão.
A medalha de Djokovic é apenas a segunda da Sérvia no tênis dos Jogos Olímpicos, depois justamente do bronze da lenda em Beijing 2008. Já a Espanha totaliza 15 medalhas. O tenista mais bem sucedido do país é Rafael Nadal, com o ouro de simples em Beijing 2008 e de duplas masculinas na Rio 2016, com Marc López.
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"É provavelmente o maior sucesso esportivo que tive na minha carreira"
Depois da partida, Novak Djokovic falou sobre o sentimento incomparável de ganhar o ouro Olímpico: "Pensava que a Cerimônia de Abertura em Londres 2012, carregando a bandeira do meu país, era o melhor sentimento que um atleta pode ter. Pensava isso até hoje. O que aconteceu supera tudo o que eu imaginava."
"Representar meu país sempre foi minha maior prioridade e uma honra para mim -- seja nos Jogos Olímpicos ou em qualquer lugar que eu possa carregar com orgulho a bandeira Sérvia, é algo que realmente me motiva mais que tudo. Quando levo tudo isso em consideração, esse é provavelmente o maior sucesso esportivo que tive na minha carreira."
Perguntado se a sua carreira está completa, Djokovic falou sobre seu amor ao tênis: "Sim, está completa porque consegui todas as conquistas com essa medalha de ouro. Mas, não, porque amo esse esporte. Não jogo apenas para vencer. Jogo porque realmente amo competir. Amo a motivação, cada dia de treino, aperfeiçoar meu jogo, melhorar ainda nesta idade."
"Sou muito abençoado por ganhar praticamente tudo o que há no meu esporte, mas isso é algo diferente. Isso supera tudo o que já senti na quadra depois de ganhar grandes troféus. É uma alegria inacreditável."
Questionado se os Jogos Olímpicos são mais difíceis que um Grand Slam, Djokovic opinou: "No meu caso, foi o obstáculo mais difícil de superar e vencer. É difícil dizer se um torneio Olímpico é mais duro de vencer que um Grand Slam. O fato de acontecer a cada quatro anos é que torna raro. A pressão enorme que você sente por representar seu país, as expectativas de todas as pessoas sobre você, independentemente do que conquistou na sua carreira. Os Jogos Olímpicos são diferentes."
Por fim, falou sobre suas cinco tentativas até o topo do pódio: "Depois de Pequim, foram três Jogos Olímpicos em que eu era, senão o principal candidato, um dos favoritos ao ouro, mas não fui capaz de chegar à decisão. Perdi três semifinais, então havia muita pressão. Quando venci as semifinais, realmente senti um grande alívio e acho que isso me ajudou a vir para essa partida um pouco mais confiante. Não sentia que tinha algo a perder."
Como foi a vitória de Djokovic sobre Alcaraz
O primeiro set já entregou a emoção esperada na final de simples masculino. Djokovic e Alcaraz duelaram por mais de 1h30min, numa partida em que nenhum deles conseguia se impor totalmente. A tensão era evidente, inclusive com alguns erros inesperados. Ainda assim, os rallies longos confirmavam as expectativas e mantinham o suspense.
Ninguém conseguiu quebrar o serviço durante o primeiro set. Alcaraz foi o mais próximo, com oito break points, cinco deles no nono game, todos salvos por Djokovic. O espanhol também salvou cinco break points, três deles num 40-0 no quarto game, além de um set point no 12° game. Por fim, no tie-break, Djokovic demonstrou mais força no jogo mental e abriu boa vantagem para fechar em 7-6(3).
No segundo set, a conquista de Djokovic ganhou contornos mais claros. O sérvio tinha mais facilidade para confirmar o seu serviço, com apenas um ponto de Alcaraz nos três primeiros games em que o oponente sacou. O espanhol tinha mais trabalho para confirmar e salvou um break point no terceiro game. Apesar disso, o empate no set persistia.
Alcaraz cresceu na metade do segundo set, à medida que apresentava sua capacidade física. Ainda assim, Djokovic conseguiu impor seu ritmo e vencer a desgastante batalha. Novamente, a definição ficou para o tie-break. Djokovic não ficou um momento sequer em desvantagem e, com quatro match points pela frente, fechou a partida logo no primeiro, em 7-6(2). Após quase três horas de final, o campeão Olímpico pôde extravasar sua alegria.
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Sara Errani e Jasmine Paolini ganham ouro inédito para a Itália
O tênis da Itália viveu uma edição histórica dos Jogos Olímpicos. Há 100 anos o país não subia ao pódio, desde o bronze de Uberto De Morpurgo no simples masculino em Paris 1924. Lorenzo Musetti repetiu o feito no sábado, também com o bronze de simples masculino. O melhor, porém, estava por vir: o ouro inédito nas duplas femininas, em feito protagonizado por Sara Errani e Jasmine Paolini.
Na final, Errani/Paolini enfrentaram a dupla Andreeva/Shnaider (AIN) e venceram por 2 sets a 1, em 1h24 minutos de partida. Mirra Andreeva e Diana Shnaider venceram o primeiro set por 6-2. A reação de Sara Errani e Jasmine Paolini começou na segunda parcial, com 6-1 e três quebras de serviço. Já no terceiro set, as italianas se impuseram também no match tie-break com 10-7 e garantiram a virada.
A conquista do ouro Olímpico é uma volta por cima para Sara Errani e Jasmine Paolini, que foram finalistas do Aberto da França 2024 no torneio de duplas, mas perderam a decisão para Coco Gauff e Katerina Siniakova. No mesmo saibro, as italianas obtêm uma conquista para a eternidade.
Número 5 do mundo, Jasmine Paolini ainda foi finalista de simples de Roland Garros e Wimbledon em 2024, perdendo ambos os títulos. Já Sara Errani consegue o Career Golden Slam nas duplas femininas. Seus títulos de Grand Slam foram conquistados há mais de uma década, com Roberta Vinci. No simples, seu melhor resultado tinha sido exatamente em Roland Garros, derrotada na final de 2012 por Maria Sharapova.
O último dia de tênis nos Jogos Olímpicos Paris 2024 também ofereceu as medalhas de bronze nas duplas femininas. As espanholas Sara Sorribes Tormo e Cristina Bucsa terminaram na terceira colocação, ao vencerem as tchecas Karolina Muchova e Linda Noskova. A dupla da Espanha anotou 2 sets a 0 (duplo 6-2), em 1h13 min. É a quinta medalha da Espanha nas duplas femininas, a primeira desde Beijing 2008.