Nos bastidores do Show do Intervalo do Super Bowl
Enquanto o Kansas City Chiefs encara o Philadelphia Eagles na final da temporada da NFL, no Super Bowl LVII em Glendale, Arizona, o mundo também espera por um grande espetáculo que acontece no intervalo. Mas como será que é trabalhar neste show? A diretora responsável por cada cena que você vê explica.
“5… 4… 3… 2… 1… e estamos ao vivo,” diz Hayley Collett, diretora associada de um dos shows mais assistidos do planeta. Com uma audiência global de cerca de 100 milhões de pessoas, os maiores ícones da música se apresentam ao vivo... por 15 minutos. Bem-vindos ao Show do Intervalo do Super Bowl.
Rihanna é a estrela deste ano, em seu primeiro show ao vivo em mais de cinco anos, então a expectativa é alta. No entanto, não importa a estrela escolhida para o aguardado evento anual, ela sempre será de certa forma coadjuvante dos atletas disputando a final da NFL, neste ano com Kansas City Chiefs e Philadelphia Eagles no State Farm Stadium em Glendale, Arizona, no domingo, 12 de fevereiro.
No entanto, estes 30 minutos de intervalo são muito importantes, extremamente aguardados e, acima de tudo, muito bem planejados.
Collett trabalha com o diretor premiado Hamish Hamilton desde 2010, que também dirigiu as Cerimônias de Abertura e de Encerramento dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres 2012 e Tóquio 2020.
A missão deles é transmitir espetáculos ao vivo únicos para uma televisão que usa muitas câmeras. O trabalho de Collett é decidir qual câmera será acionada em qual momento. Não é um emprego para qualquer um, como explica Hamilton em um vídeo chamado Super Bowl 50 Halftime Show Control Room, que mostra Collett em ação.
"Hayley está chamando um número de cena e um número de câmera enquanto 'canta' todos os momentos musicais para os câmeras seguirem. As descrições das tomadas e pontos de edição foram selecionados antes, durante ensaios, por mim, Coldplay, Bruno (Mars) e Beyoncé", comentou o diretor, sobre o show de 2016 que teve os artistas britânicos e americanos.
Dia de Super Bowl
Do apito inicial até o intervalo e o momento em que a TV corta para os comerciais, a equipe do Show do Intervalo está frenética.
Collett avisa a quem está no campo que eles estão fora do ar, e ela é avisada sobre quando o campo está livre e a preparação do palco do show pode começar. A contagem regressiva para o início do show começou, e o tempo é crucial.
"A contagem que eu faço é baseada no momento em que vamos entrar no ar", diz Collett. "Isso é escutado por todos que estão envolvidos na produção e também na emissora. O gerente do palco vai dar o ok para a banda na minha contagem".
"A contagem também é importante para a pirotecnia, a iluminação e os telões, para que todos os efeitos sejam acionados no momento exatamente correto".
A equipe de produção tem oito minutos para preparar o palco, enquanto o show por si só tem de 12 a 13 minutos. Rihanna confirmou que vai usar cada segundo disponível, e que os voluntários, que ensaiam loucamente dia e noite, devem fazer o mesmo.
"Eles mostram o que vão fazer no palco em um espaço de ensaio", diz Collett. "Eles gravam, colocam o palco em locais diferentes, e ensaiam, ensaiam e ensaiam".
Um grande quebra-cabeça em ação.
O brilho de Beyoncé no Super Bowl
A equipe criativa tem seis câmeras próprias, mas também usa câmeras de jogo. "Mas não sabemos até tudo estar plugado se nossas câmeras vão funcionar ou não", afirma Collett.
"Em 2013, com a Beyoncé, tínhamos uma câmera estática - que é a câmera montada na pessoa - e ela saiu de posição. Tivemos que pensar antes, porque cada tomada é pré-determinada".
"Então quando precisamos da câmera sete, nem acredito que lembro o número da câmera, tivemos que substituir com outra tomada. Eu estou cantando o roteiro e digo 'tomada 175, tomada sete em seguida', mas o Hamish estava vendo qual outra tomada poderia ser usada para que desse certo".
Beyoncé também passou por outro momento de tensão no Show do Intervalo. Em 2013, as luzes se apagaram por 34 minutos no meio do jogo. As manchetes diziam 'Beyoncé coloca Super Bowl no escuro'.
"Não tinha absolutamente nada a ver com a gente, com o show do intervalo", comentou Collett. "Estávamos com um gerador completamente separado da arena".
O clima também tem seu papel no espetáculo, como visto no show de Prince em 2007. Com uma chuva torrencial e ventos fortes previstos em Miami no dia do Super Bowl no Dolphin Stadium, Prince entrou na onda, perguntando a um produtor: "Dá para fazer a chuva ser mais forte?"
O que aconteceu depois foi uma performance icônica, que combinou com a música "Purple Rain".
Cada momento importa
Durante a preparação para o show, muitos fatores devem ser considerados, incluindo o próprio estádio. Várias arenas têm teto, outras não. Bruno Mars cantou com uma temperatura de -20 graus em Nova Jérsei em 2014, com sua equipe optando por posicionar o palco em um canto, em vez de no meio do campo, para que Mars ficasse um pouco protegido do frio.
Shows durante o dia, como o de 2016 do Coldplay, impactam a iluminação, que foi mais discreta em relação aos shows que aconteceram à noite.
Quando o show acaba, a equipe tem sete minutos para liberar o campo, sem deixar vestígios. "Só pode durar este tempo, porque os atletas precisam voltar se aquecerem. É mandatório que dure este tempo", explica Collett.
Com tanta pressão, tem como curtir o show?
"Sabe de uma coisa? É o melhor show que eu faço", contou Collett, que também já fez Oscar, VMA e shows de Taylor Swift. "Eu amo, porque todo mundo está de bom humor, a equipe é fantástica e é um dia realmente feliz. É um dia de alegria".