Jogos Paralímpicos: Gabriel Araújo leva baile brasileiro às piscinas de Paris
Gabriel Geraldo dos Santos Araújo já mostra a que veio: abriu o baile e conquistou a primeira medalha brasileira nos Jogos Paralímpicos 2024, o ouro na natação logo no dia inaugural das competições em Paris, nesta quinta-feira, 29 de agosto, nos 100m costas da classe S2 (limitações físico-motoras) com o tempo de 1min53s67.
A vitória abriu caminho não somente para o que pode ser uma nova marca histórica do país em Jogos Paralímpicos, mas também para colocar definitivamente seu nome no hall de atletas mais impressionantes e vencedores do mundo.
O baile de Gabrielzinho na piscina casa bem com sua personalidade: sempre com um sorriso no rosto, entrega força e foco em suas perfomances, antecipando as tão aguardadas vitórias - que devem continuar. Ele ainda tem mais duas disputas de medalha pela frente, e vai chegar como gosta: favorito e cheio de confiança.
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Em Paris, foi escolhido para liderar a delegação brasileira na Cerimônia de Abertura dos Jogos Paralímpicos ao lado de Beth Gomes, do atletismo, e ainda disputará as provas dos 50m costas no sábado, dia 31 de agosto, e os 200m livre no dia 2 de setembro.
Chega como franco favorito, liderando o ranking mundial nas duas provas, nas quais também se sagrou campeão em Tóquio 2020. Naquela edição, levou a prata nos 100m costas, marca superada em Paris.
“Estou muito feliz, não sei nem como agradecer. Não tenho nem dimensão do que é tudo isso. Meu sorriso está sendo levado para todos os cantos do mundo. Eu me senti em casa. A prova foi perfeita, perfeita, perfeita. As noites de sono que eu e meu treinador perdemos neste ciclo compensaram demais. Tudo o que trabalhei psicologicamente deu certo”, afirmou Gabrielzinho ao Comitê Paralímpico Brasiliero (CPB).
Em sua segunda participação em Jogos Paralímpicos, Gabrielzinho tem agora quatro medalhas, sendo três ouros (50m livre, 200m livre, 100m costas) e uma prata (100m costas, em Tóquio 2020).
Do início na escola a uma impressionante coleção de títulos
Gabrielzinho nasceu em Santa Luzia, cidade com pouco mais de 220 mil habitantes em Minas Gerais, na região metropolitana de Belo Horizonte. Portador de focomelia, uma doença congênita que impede a formação normal de braços e pernas, conheceu a natação por intermédio de um professor de educação física na escola em que estudava, na pequena cidade de Corinto, com cerca de 23 mil habitantes, onde cresceu.
Começou a competir pelos Jogos Escolares de Minas Gerais e, aos 17 anos, já brilhava nas piscinas: em sua primeira grande competição da carreira conquistou quatro medalhas nos Jogos Parapan-Americanos de Lima 2019: ouro nos 50 e 100m livre e bronze nos 50m costas e nos 50m borboleta.
E os títulos não pararam mais: Gabrielzinho coleciona o ouro nos 50m livre, 50m costas, 100m livre, 100m costas e 200m livre nos Jogos Parapan-Americanos de Santiago 2023; ouro nos 50m costas, 100m costas e nos 200m livre no Mundial de Manchester 2023. Foi também ouro nos 100m costas, 50m costas e 200m livre no Mundial da Ilha da Madeira 2022; ouro nos 200m livre e nos 50m costas e prata nos 100m costas nos Jogos Paralímpicos de Tóquio.
Dando um baile e "amassando" as provas
Nos Jogos Paralímpicos Paris 2024, Gabrielzinho aumenta a lista de triunfos com o ouro nos 100m costas da classe S2, e com sabor especial.
“É uma prova muito difícil, é uma prova que mexe comigo, por ter sido prata (em Tóquio 2020) e porque é a prova mais difícil pra mim. Eu trabalhei muito pra isso. Eu e meu treinador, a gente trabalhou pra caramba e a gente fez de tudo pra que essa medalha de prata virasse ouro", afirmou em entrevista ao CPB.
Na conquista do primeiro ouro brasieliro em Paris, Gabrielzinho sabia o que entregou: num nível absolutamente superior ao dos adversários, pôde tranquilamente deixar a modéstia de lado, abrir ainda mais o sorriso que já lhe é marca registrada, e extravasar.
"Eu ficaria muito feliz com ouro, mas do jeito que foi a prova, sem igual; porque eu não nadei, eu amassei a prova, eu acabei com a prova. Então eu tô feliz demais, é um sonho realizado e posso gritar que eu sou campeão dos 100 metros costas”, disse, confiante e pronto para mais.
Brasil nos Jogos Paralímpicos Paris 2024: Onde assistir
Os Jogos Paralímpicos Paris 2024 têm transmissão no Brasil no Sportv2.
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