A praia de Tsurigasaki ficará para a história dos Jogos Olímpicos como palco da estreia do surfe no programa. Também ficará associada à história Olímpica do Brasil, que lá conquistou sua primeira medalha de ouro em Tóquio 2020.
Italo Ferreira entrou na final com um susto. Primeira onda e prancha partida! O potiguar teve que remar de volta na praia, pegar nova prancha e voltar para o mar. Minutos perdidos em uma final que tem apenas 35 de duração.
A atitude de tudo ou nada do campeão mundial foi um show! Italo Ferreira trabalhou, pegou mais ondas que IGARASHI Kanoa, se levantou, remou e surfou a um nível tremendo. Trouxe para as águas do Pacífico o seu surfe total, físico e espetacular que valeu o título mundial em 2019 e disputar com Gabriel Medina o estatuto de número um do planeta surfe.
O ouro viaja da praia Tsurigasaki para a **Baía Formosa (**por 15.14 a 6.60), onde começou a história do novo campeão Olímpico, um dos membros da histórica Brazilian Storm, movimento nascido nas águas de Guarujá e que permitiu ao Brasil ser a potência número um do mundo! Do primeiro campeão vive seu apogeu.
"Eu vim com uma frase para o Japão: diz amém que o ouro vem. Eu treinei muito nos últimos meses, mas só tenho que agradecer a Deus por tudo isso. Meu intuito é ajudar as pessoas e as famílias. Eu queria que a minha avó estivesse viva para ver isso. Sou muito feliz pelo que me tornei, pelo que fiz pelos meus pais. Sempre pedi para que esse sonho fosse realizado e ele aconteceu."
- Italo Ferreira à TV Globo na zona mista.
Igarashi não teve a mesma capacidade de leitura do mar que demonstrou na semifinal. Esteve mais conservador e acabou por nunca estar confortável na final. O japonês, que vive parte do ano em Portugal e até se expressou em português na zona mista, fica com a medalha de prata.
Antes de avançar à disputa pelo ouro, Italo Ferreira despachou o australiano Owen Wright na semifinal, onde trabalhou muito e acertou pouco, tentando vários aéreos que terminaram incompletos. Valeu a experiência do brasileiro que controlou o final da bateria vencendo por 13.17 a 12.47.
Dia difícil para Gabriel Medina
Não foi um dia para mais tarde recordar para Gabriel Medina.
Começamos pelo final da história, a perda da medalha de bronze para o australiano Owen Wright, surfista que em Tóquio 2020 fez a primeira semifinal da temporada e que foi eliminado por Italo Ferreira na ronda anterior. Wright venceu com 11.97 sobre os 11.77 Gabriel Medina, líder da temporada 2021 e líder do ranking mundial.
O dia difícil para Gabriel Medina tinha começado horas antes na praia Tsugiraki, onde entrou muito agressivo e com dois aéreos beirando a perfeição, liderando toda semifinal contra Igarashi, até que a oito minutos do final da bateria o japonês pegou uma onda mediana e a transformou em 9.33! Igarashi virou o placar para 17.00 a 16.76, deixando Medina sem tempo para reagir.
Brasil e Portugal caem nas quartas da prova feminina
Podia ter havido festa da lusofonia na briga pelas medalhas em Tóquio 2020, mas o sonho não se concretizou com as eliminações de Silvana Lima e Yolanda Sequeira.
A cearense Lima foi eliminada pela norte-americana Carissa Moore por 14.26 a 8.30 e acabou fora das medalhas.
“O mais difícil foi que eu não encontrei boas ondas e a Clarissa conseguiu. Eu foquei tudo nessa medalha, mas ela não veio. A Silvana não parou não. Espero disputar outra Olimpíada."
- disse Silvana Lima após a eliminação
Também o surfe português sai de Tóquio 2020 com 9º lugar de Teresa Bonvalot e o 5º de Yolanda Sequeira, que ficou pelas quartas de final eliminada por Bianca Buitendag.
"Queria ter ido mais para a frente. Eu gosto destas condições, mas não consegui fazer mais do que uma manobra. A Biana conseguiu uma onda com mais manobras do que eu e recebeu maior 'score'. Recebi um diploma, nos primeiros Jogos Olímpicos de sempre, quero agradecer a Portugal inteiro pelo apoio. Senti mesmo no meu coração.”
- Yolanda Sequeira em declaração à RTP portuguesa
Após as pratas de Kelvin Hoefler e Rayssa Leal, os bronzes de Daniel Cargnin e Fernando Scheffer, finalmente chegou o ouro para o Brasil em Tóquio 2020.